Quarta parte
Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)
XX. Gestação da economia cafeeira
O impasse naquela primeira metade do século poderia ser resumido nesse excerto do capítulo:
"O problema brasileiro consistia em encontrar produtos de exportação em cuja produção entrasse como fator básico a terra. Com efeito, a terra era o único fator de produção abundante no país." (p. 117)
O açúcar brasileiro já era em relação ao preço e comércio internacional, havia muita concorrência. O algodão idem. Fumo, couros, arroz e cacau eram mercados menores. Só o café poderia salvar as exportações do país.
O Brasil tinha dois milhões de escravos africanos ociosos ou em usos domésticos e de subsistência no período, nos conta Furtado. Na região central do país, a ociosidade da mão de obra escrava era pelo declínio da mineração.
Diferença entre produção de cana de açúcar e café: "Se bem que seu capital também esteja imobilizado - o cafezal é uma cultura permanente - suas necessidades monetárias de reposição são muito menores, pois o equipamento é mais simples e quase sempre de fabricação local." (p. 119)
A partir do terceiro quartel do século XIX o café passa a dominar a economia. O Rio de Janeiro e regiões ao redor são os principais consumidores da produção dos núcleos de população rural.
Furtado aponta diferenças entre as classes dominantes do setor de produção de açúcar e café. Os ruralistas do açúcar tinham o comando de fora, de Portugal e da Holanda. Os do café, não. Ali formaram-se as classes dirigentes que tinham interesses próprios:
"Em toda a etapa da gestação os interesses da produção e do comércio estiveram entrelaçados. A nova classe dirigente formou-se numa luta que se estende em uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento de mão-de-obra, organização nos portos, contatos oficiais, interferência na política financeira e econômica." (p. 120)
Furtado termina o capítulo dizendo que agora faltava às classes dirigentes do setor do café resolver a questão da mão de obra.
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COMENTÁRIO
Ver a história econômica do Brasil contada por Celso Furtado faz a gente entender de forma clara porque as coisas são como são no Brasil do agro "pop" no século XXI, no pós golpe de 2016 que nos levou para o passado, a tal "ponte para o futuro" do golpista traidor da pátria Temer e corruptos agregados.
Que canseira! Por mim, esses caras da casa-grande iriam tudo pra forca em praça pública.
William
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Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.
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