domingo, 24 de julho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XVI)

Quarta parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XVI. O Maranhão e a falsa euforia da época colonial

Sobre os últimos 25 anos do século XVIII:

Celso Furtado inicia a 4ª parte de seu "esboço" explicando que havia 3 centros econômicos relevantes na colônia, um no Nordeste, outro na região Centro-Sul do país e o Maranhão:

"Os três principais centros econômicos - a faixa açucareira, a região mineira e o Maranhão - se interligavam, se bem que de maneira fluida e imprecisa, através do extenso hinterland pecuário." (p. 96)

ALGODÃO E ARROZ DO MARANHÃO

Furtado nos conta que esse período foi bom para a região porque Pombal investiu nos colonos locais, e como as guerras de independência das colônias inglesas na América do Norte interromperam o fluxo comercial de arroz e algodão no mercado internacional, o Maranhão viveu um boom de exportação desses produtos tropicais.

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DECADÊNCIA INTERNA DA COLÔNIA COMPENSADA PELA VINDA DA COROA

O final do século XVIII e início do XIX foi de depressão nos sistemas econômicos de açúcar e minerais. A vinda da coroa portuguesa foi um fator político que alterou a situação de alguma forma.

"O último quartel do século XVIII e os primeiros dois decênios do seguinte estão marcados por uma série de acontecimentos políticos que tiveram grandes repercussões nos mercados mundiais de produtos tropicais. O primeiro desses acontecimentos foi a guerra de independência dos EUA, a cujos reflexos indiretos na região maranhense já nos referimos. O segundo foi a Revolução Francesa e os subsequentes transtornos nas suas colônias produtoras de artigos tropicais. Por último vieram as guerras napoleônicas, o bloqueio e o contrabloqueio da Europa, e a desarticulação do vasto império espanhol da América." (p. 97)

HAITI

A revolução do meio milhão de escravos africanos que libertou o Haiti dos franceses foi um marco na época e acabou beneficiando a indústria do açúcar da colônia portuguesa.

Outros fatores que influenciaram os produtos tropicais brasileiros foram os processos de independências das colônias espanholas na América.

Essas benesses provisórias do mercado mundial só durariam um certo tempo e o Brasil se veria em dificuldades já nas primeiras décadas do século XIX.

"Entretanto, essa prosperidade era precária, fundando-se nas condições de anormalidade que prevaleciam no mercado mundial de produtos tropicais. Superada essa etapa, o Brasil encontraria sérias dificuldades nos primeiros decênios de vida como nação politicamente independente, para defender sua posição nos mercados dos produtos que tradicionalmente exportava."  (p. 97)

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COMENTÁRIO

Pois é, o que mudou de lá pra cá?

Após algumas tentativas de industrializar o país nos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e no período recente de Lula e Dilma, o golpe de Estado em 2016 fez o país regredir aos primeiros séculos de colônia de exploração de produtos primários. Tudo igualzinho... mineração destruidora na região amazônica, assassinato dos povos originários, monoculturas devastadoras (hoje mecanizadas) em benefício de alguns filhos da puta do agro "pop" e em prejuízo de 200 milhões de pessoas brasileiras.

Que merda tudo isso!

Mas a luta segue porque enquanto há seres humanos, há história a ser feita no dia a dia. Amig@s leitores, vamos nos libertar de vez dessa porcaria de casa-grande brasileira e seguir construindo um futuro melhor para nós tod@s?

William


Leiam aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


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