segunda-feira, 25 de julho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XVII)

Quarta parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XVII. Passivo colonial, crise financeira e instabilidade política

Ler este livro de Celso Furtado em 2022 é como ver um documentário denunciando o que o Brasil se transformou após o golpe de Estado em 2016 e a ascensão do crime organizado ao poder central após as eleições fraudulentas de 2018. A "grande agricultura de exportação" como diz Furtado (o agro "pop") e o "Centrão" assumiram o poder junto com as milícias e máfias do Rio de Janeiro, antiga Corte portuguesa.

O Brasil do bolsonarismo hoje é o que Furtado nos descreve do Brasil da primeira metade do século XIX, dos coronéis da grande agricultura...

"Por último cabe referir a eliminação do poder pessoal de Dom Pedro I, em 1831, e a consequente ascensão definitiva ao poder da classe colonial dominante formada pelos senhores da grande agricultura de exportação." (p. 99)

Furtado nos explica como esse arranjo dos senhores do agro "pop" facilitou as conversações com a potência Inglaterra para organizar de forma tranquila a "independência" do Brasil em 1822, assumindo um pagamento gigante de indenização a Portugal e virando o Brasil um pasto dos ingleses durante muito tempo, abrindo mão do desenvolvimento econômico do país.

O capítulo é muito interessante. Não vou resumi-lo aqui.

Em poucas palavras, diria assim:

Na virada do século, as commodities da colônia - açúcar e ouro - estavam em baixa no mercado internacional. Com isso, internamente, as coisas iam mal para o povão, inclusive para a parcela que dependia da indústria do gado e couro. Os filhos da puta da casa-grande se viravam porque lá se produzia de tudo, eram autossustentáveis por causa dos escravos. O governo tinha que cobrar impostos pra sobreviver, e a inflação trouxe uma miséria absurda pro povão, que passava fome. Esse caos gerou diversas revoltas de Norte a Sul do país.

(Uai, essa descrição poderia se parecer com o momento atual... não fosse a passividade do povão na miséria sem se revoltar... mas naquela época não havia tanta ferramenta de manipulação e lavagem cerebral como hoje... na época os revoltosos sequestraram e mataram os caras das casas-grandes como diz a nota 82...)

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Enfim, repito, a leitura deste livro de pouco em pouco se parece com uma série de documentário sobre a desgraceira que somos por causa desses caras da casa-grande, do agro "pop" etc.

Seguimos vendo o Brasil em capítulos, ontem e hoje, as merdas de ontem se parecem tanto com as de hoje que dá até enjoo...

William


Clique aqui para ler os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


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