3. Os altos e baixos da vida. À tarde, ao falar com minha mãe, soube que minha irmã querida está internada desde ontem. Ainda não nos informaram o diagnóstico. Preocupação! As últimas semanas não foram fáceis para nosso núcleo familiar. Quase todos em Uberlândia tiveram seus dias difíceis.
Na última vez em que estive em Uberlândia, dormi na casa da Telma. Ao passarmos horas conversando, disse a ela algo que tenho percebido neste momento do viver e do mundo no qual estamos enfiados. Disse que nós não nos conhecíamos. Que acho que as pessoas quase não se conhecem mais ou nunca se conheceram, mesmo quando acham que conheciam as pessoas de suas relações.
Em poucas horas, contamos um ao outro coisas de nossas vidas passadas que não tínhamos a menor ideia de que aquilo poderia ter acontecido com um e com o outro. Onde estávamos que nunca soubemos o que aconteceu com uma pessoa tão próxima a nós? Estávamos mergulhados em nossos dramas pessoais tentando sobreviver, eu acho.
Vamos torcer para que minha irmã esteja melhor amanhã.
Como disse, a vida é de altos e baixos.
Voltei agora há pouco de um encontro com amigas e amigos do trabalho. Isso é uma coisa boa se considerar que já saí do banco faz cinco anos. Fomos a uma pizzaria aqui do bairro, uma pizzaria que é ponto de encontro há muito tempo dos colegas da Agência Vila Iara do Banco do Brasil.
Noite fria. Corações quentes. Durante nossas conversas fraternas o dia a dia do banco, os filhos e família, os cotidianos de cada um, as dificuldades e as esperanças num amanhã melhor. Adorei ver as amigas do banco falando orgulhosas de seus filhos e filhas. Sempre admirei e respeitei profundamente as mulheres pelo papel organizador do mundo, independente dos papéis que estejam desempenhando. Sem elas, a sociedade humana não teria a menor chance.
Falei o quanto acho injusto o Estado no qual a coletividade vive não ter sido desenvolvido para cuidar de nossas crianças e de nossos idosos e pessoas adoecidas para dar melhor oportunidade às mulheres e homens em idade produtiva de se dedicarem às suas áreas profissionais sem ter que abrir mão delas por não terem quem cuide de seus familiares tanto na infância quanto nas fases maduras da vida.
O Brasil terá cada vez mais pessoas nas faixas etárias maiores e é uma injustiça deixar a ampla maioria do povo por sua conta e risco em relação aos seus familiares idosos ou adoecidos. O Estado nacional deveria ser organizado para estabelecer justiça social e justiça social é igualar as condições de mulheres e homens em relação às oportunidades de trabalho e vida. Em nosso país, as maiorias das mulheres cuidam sozinhas de toda a família, descendentes e ascendentes.
Fica registrada a minha admiração e o meu respeito às mulheres.
Hoje escrevi dois textos com opiniões políticas e culturais em meu blog. Espero que as leitoras e leitores gostem ou que reflitam de alguma forma a partir do que argumentei nos textos.
É o que fiz nesse terceiro dia da centena de dias que espero viver até dois de setembro. Espero ter vivido o dia dignamente e sem ter piorado o mundo, se não tiver conseguido contribuir com nada que o melhore.
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Ah, ia me esquecendo. Recebi no final do dia, a amostra digitalizada do livro coletivo que participei sobre as mães. Ficou muito legal. Fiz lá minha contribuição, um texto para a minha mãe querida. Nossa editora, a Cleusa Slaviero, é muito boa naquilo que faz. Já imagino como vai ficar legal a edição de minhas memórias sindicais, que ela está editando. Não vejo a hora de levar o livro das mães para a minha mãe.
Essa vida humana é um instante. Estava pensando comigo mesmo. Do mesmo jeito que estamos vivos, num instante não estamos mais. Se desaparecer qualquer hora dessas, espero que só falem de mim quem me considerou de verdade.
William
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