Charuto: Imagem da Wikipedia. |
Estou relendo este conto de Machado e cito aqui uma passagem sobre o ato de fumar. Eu já achei até hoje três obras literárias com referência ao tabaco. Um conto de Roberto Bolaño específico sobre o tema, este conto machadiano e a famosa descrição do prazer de fumar do personagem Hans Castorp, na Montanha Mágica de Mann ... sobre o ato de fumar.
“Depois, voltando-se para as senhoras:
-Não as incomoda o charuto?
-Não senhor, disse Emília.
-Então, posso continuar a fumar?
-Pode, disse Adelaide.
-É um mau vício, mas é o meu único vício. Quando fumo parece que aspiro a eternidade. Enlevo-me todo e mudo de ser. Divina invenção!
-Dizem que é excelente para os desgostos amorosos, disse Emília com intenção.
-Isso não sei. Mas não é só isto. Depois da invenção do fumo não há solidão possível. É a melhor companhia deste mundo. Demais, o charuto é um verdadeiro Memento homo: convertendo-se pouco a pouco em cinzas, vai lembrando ao homem o fim real e infalível de todas as cousas: é o aviso filosófico, é a sentença fúnebre que nos acompanha em toda a parte. Já é um progresso... Mas estou eu a aborrecer com uma dissertação tão pesada. Hão de desculpar... que foi descuito.”
Bibliografia
ASSIS, Machado de. Contos Fluminenses. Obras completas. Editora Globo, 1997.
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