Capa do filme - fonte: Wikipedia. |
Assisti ao filme A liberdade é azul (1993), do polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996). Primeiro filme da trilogia das cores.
A ESTÓRIA
Muito já se escreveu sobre o filme. Então, também comentarei aqui o meu sentimento de hoje.
O filme conta a estória de Julie (Juliette Binoche), que perde em um acidente de carro a filha de 5 anos e o esposo - um compositor famoso.
Após um primeiro momento de desespero por ter que viver após a perda de sua família, ela decide desfazer todos os vínculos com o passado e tentar sobreviver. A partir daí, acompanhamos a belíssima interpretação da bela Juliette Binoche em conduzir sua personagem a buscar se libertar de tão grande tragédia e seguir a vida.
Duas coisas ela carrega consigo daquela vida interrompida: um móbile de pedras azuis de sua filha e algo imaterial - a música que vinha sendo composta por seu marido (ou ela?) para um evento de unificação da Europa. A música está em sua cabeça e a domina em determinados momentos.
O filme transmite muita dor... isso é marcante nas expressões de Julie.
Também conta com algo forte nos filmes de Kieslowski: O ACASO que está em tudo na existência e muda o rumo constantemente das coisas.
INFORMAÇÕES EXTRAS
Ganhei a caixa com a trilogia (versão 2006, a mais completa) de meu amigo e companheiro de formação sindical - o mineiríssimo Carlindo de Oliveira, formador do Dieese. A versão tem mais de uma hora de extras. Partilho com vocês algumas informações que me surpreenderam como, por exemplo, a fala do Kieslowski pouco antes de morrer. Ele me deixou cismando.
- uma das cenas que nos doem as pernas durante o filme é aquela em que Julie sai raspando sua mão pelo muro e relva com muita raiva de tudo. A mão dela fica toda ferida. A CENA FOI VERDADEIRA!
Como eles precisavam gravar e não tinha proteção para a cena, Juliette Binoche fez aquilo de verdade e ficou com marcas na mão por quase um ano.
- Tem uma entrevista com Kieslowski feita após a gravação do terceiro filme da trilogia e pouco antes dele morrer. Ele me pareceu o técnico de futebol Muricy Ramalho dando entrevista. Seco, direto e reto na resposta.
O diretor Kieslowski afirmava ao entrevistador que havia se aposentado e que não iria fazer mais nada além de viver. O entrevistador ficou insistindo sobre o que ele ia fazer e ele disse: NADA! vou respirar, comer, dormir... viver como vocês brasileiros que gostam da vida!
QUEDEI CISMANDO na fala dele ao dizer que só fazia filme porque era a profissão dele. Sem essa de que era feliz com isso, ou que fazia o que gostava. Direto e simples assim!
COMENTÁRIOS E REFLEXÃO FINAL
A questão da LIBERDADE, do ACASO e do FAZER O QUE TEM QUE SER FEITO ficou na minha cabeça.
NÃO ACREDITO QUE SOMOS LIVRES. Como ser livres se nos apegamos a algo ou se algo se apega a nós e então criamos o vínculo e depois do vínculo o compromisso e por fim aquele negócio de ser responsável por aquilo que você cativou (vinculou)? Já vimos isso em Sartre.
O ACASO FEZ TODA A MINHA EXISTÊNCIA. Estou sindicalista, casado e com filho (que está me destratando com ingratidão) porque as coisas foram acontecendo e me tirando de coisas que eu buscava. Entrei no sindicato quando estudava para sair do bb e havia acabado de entrar na Usp. Virei pai, me esforcei para contribuir na formação daquele garotinho que agora se acha no direito de me desrespeitar.
Sobre FAZER O QUE TEM QUE SER FEITO digo somente que estou fazendo TUDO o que posso para ser um dirigente sindical, representante da classe trabalhadora. Não amo, não sou feliz com nada na minha vida, MAS ACORDO PARA FAZER BEM FEITO TUDO O QUE FAÇO, COM ÉTICA E CARÁTER. Só isso!
Quem acompanha meu blog sabe que eu sempre quis ser intelectual, ler e viver em função de estudar e ser um erudito. Não deu certo e não tenho tempo sequer de dormir ou praticar algum esporte hoje em dia.
Foda-se!
Amanhã vou ser um bom sindicalista. A vida vai me levar as pessoas que amo (como leva de todo mundo) e vou respirando, lutando e andando por aí. Ser assim a vida inteira nunca me atrapalhou fazer bem feito o que tem que ser feito.
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