sexta-feira, 8 de novembro de 2019
081119 - Diário e reflexões (Fluxo de pensamento)
Refeição Cultural
Quanta coisa em movimento! Quantos acontecimentos "decisivos" por esses dias! Quanta desilusão sinto em relação aos acontecimentos em movimento! Cassi. Lula. STF. Brasil. Famiglia Bolsonaro. Pré-sal. Tapa na cara do Greenwald. FFLCH-USP. Fragmentos. Outros eventos mais, tudo evento decisivo, do provável fim de algo e início de algo no instante seguinte. Ando sem ânimo sequer para pensar nisso tudo, que dirá registrar palavras: em vão. Os tempos são de desfazimento de tudo, e de preferência sem direito à história, pois os tempos são de desfazimento da história. Temas como Lula STF Brasil bolsonarismo pré-sal iludem, iludem muito os nossos coraçõeszinhos (existe isso?). A casa grande deu novo golpe no Brasil em 2016, tirando a presidenta honesta eleita com 54,5 milhões de votos e colocando no lugar os representantes do inferno, ladrões traficantes milicianos estupradores manipuladores vendilhões da pátria. Não há democracia desde então, e os do meu lado fingem processos democráticos... tão chato! (tá bom, podem não fingir, mas se enganam). É isso que dá nunca termos feito rupturas de fato nessa terra de exploração; só foram feitos aqui arranjos, fica tudo para os de cima, e fodam-se os de baixo, como sempre e eternamente (enquanto dure). E a Cassi? Perdemos a Cassi. Fico pensando se devo me manifestar publicamente ou não. Porque eu fui pessoa influente (no meio do caminho tinha uma pedra) fui alguém que interferia nos processos porque era representante, porque tinha base, porque tinha mandato, porque tinha apoio de entidades, de lideranças, de gente. Eu pertencia a algo, aos movimentos, aos acontecimentos. Passou. Tenho conhecimento. Tenho muito conhecimento sobre algumas coisas. Tudo isso não vale nada. Os tempos são de desfazimento de tudo, e de preferência sem direito à história, pois os tempos são de desfazimento da história. Mas sou associado da entidade num mundo sem democracia. Sem democracia tudo é ilusão. Nos últimos meses de existência, fiquei pensando tipo bem-me-quer mal-me-quer se participava de qualquer "processo democrático" dali adiante... se participo ou não da ilusão ou do engano de achar que há algum processo democrático em andamento numa terra de exploração totalmente dominada pelos representantes do inferno; e sem democracia instituída. Difícil. Tá difícil pensar. Tá difícil decidir. Tá difícil respirar. Pensava ontem nos jovens e o quanto eles devem estar sofrendo muito mais que eu quando fui jovem; talvez tenha pensado nisso depois do tapa na cara do jornalista Glenn Greenwald por um dos fascistas que habitam a Jovem Pan, um lixo chamado Augusto Nunes (lixo convidado certa vez pela diretoria da entidade que congrega autogestões em saúde, Unidas, para mediar - "merdear" - um evento de saúde no qual a Cassi participou... na época, fiquei indignado!). Na minha dor de saber que perdemos a Cassi tem tortura psicológica imposta a nós pelo patrão-patrocinador, hoje a voz do imperador (duce? fuhrer? clown?). Perdemos a Cassi com o "sim". Perdemos a Cassi com o "não". A cada texto que leio das propagandas de uns e de outros, mais pontadas no meu fatal lado esquerdo do peito. Conheço dezenas de lideranças há décadas, sabemos as características de várias delas (podemos nos expor até a humilhação, igual amor que vira ódio em separação de casal): todos nos conhecemos, as fraquezas e as fortalezas... bora expor o adversário até o assassinato da reputação. Que degradação fizeram conosco! Como pode os donos de tudo (donos do inferno) terem conseguido nos transformar em bichos-feras cheios de ódios mágoas ressentimentos invejas uns dos outros? O debate da Cassi é uma arena onde os romanos assistem aos gladiadores se dilacerando e os leões estripando ganhadores e perdedores das lutas sangrentas. Que cena dantesca ver essa arena do desespero Cassi. Difícil minha opção pelo "sim", pelo "não", por não participar de nenhum processo que disfarce a realidade que não há mais democracia pós-golpe de 2016. Não pertenço mais a nada disso. (As coisas às quais pertenci não existem mais). A decisão que devo tomar é de pura consciência, é de mim pra mim, se é que eu ainda existo, pois os tempos são de desfazimento de tudo, inclusive de nós mesmos... (e ainda tenho duas monografias de conclusão de disciplinas de faculdade para fazer em duas semanas... difícil isso. E eu fico me perguntando a essa altura da minha vida, da vida do país, fico me perguntando: pra quê?)
William
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