sábado, 9 de novembro de 2019

Lembranças - Capítulo 1


Nossa querida Faculdade, na FFLCH-USP.

Me lembro que o colega do banco, meu amigo Sérgio, havia me convidado para ir com ele algum dia a uma de suas aulas na Universidade de São Paulo. Ele fazia Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, conhecida como FFLCH (Fefeleche). Um dia, acabei indo. Nossa! Consigo me lembrar da sensação de algo incrível. Não me recordo bem se foi com o Pasta ou com o Wisnik a primeira vez que assisti a uma aula de literatura na USP, mas aquela experiência mudou minha vida naquele momento porque inventei que queria entrar naquela Faculdade e fazer Letras. Anos depois, lá estava eu, no alto de minha madureza pós trinta anos, entrando por aqueles corredores da Letras como aluno... tantas dificuldades viriam pela frente para que eu pudesse estar nos bancos daquela Faculdade maravilhosa, mas entrar na USP, na FFLCH, na Letras, foi algo inesquecível.

INTRODUÇÃO

Uma década depois de deixar de frequentar a nossa querida Faculdade de Letras, acabei voltando neste ano para fazer algumas disciplinas e completar os créditos necessários para colar grau nas duas habilitações que fiz: Português e Espanhol. 

Quando fui solicitar meu diploma em 2014, soube através da Seção de Alunos que só poderia colar grau em Espanhol e não em Português, porque havia faltado o cumprimento de uma disciplina, uma matéria que, segundo ela, era obrigatória na grade de minha época; por outro lado, eu tinha certeza que aquela disciplina era optativa: é evidente que fui ticando uma a uma até completar a grade e os créditos. 

Que fazer, então? Via de regra, a razão está com a estrutura de poder... Foi daí que fiz o pedido de retorno e aceitaram, exigindo-se que eu cumprisse a grade atual das duas habilitações e a diferença de matérias e créditos em relação àquelas que já havia cumprido. É isso que me fez estudante aos 50 anos!

A experiência tem sido inovadora, em vários sentidos. É novo para mim o fato de voltar a estudar aos cinquenta anos e isso tem pontos positivos e pontos negativos. Nossa bagagem cultural ajuda no cumprimento das coisas que se tem que fazer e normalmente não estamos estudando por "obrigação"; no entanto, nosso corpo está gasto, nossa saúde não é mais a mesma e nosso envolvimento com os problemas do mundo é muito maior e, estando o mundo doente, nos vemos deprimidos, com raiva às vezes e isso tudo nos afeta e atrapalha o desenvolvimento intelectual.

Já fiz duas matérias no primeiro semestre e agora estou fazendo mais quatro. Com exceção de uma, todas as outras me colocaram em contato com a língua e a literatura espanhola novamente. Que legal! Então, é reativar e ativar o cérebro para as linguagens humanas. (Suponho que seria bem difícil sair de uma rotina de vida com aceleração total, como era a minha vida de dirigente nacional da classe trabalhadora, com adrenalina a mil ininterruptamente, para cair no nada sem nada de obrigações e objetivos a perseguir)

Acasos ou coincidências, ou definições outras que nós humanos inventamos para nominar as coisas da vida, não sei bem, mas o fato concreto é que todas as matérias que fiz até agora se interligam, me tocam, abordam temáticas que me põem a pensar a minha vida, o meu percurso, a vida no meu entorno, a vida em suas mais variadas dimensões.

Neste semestre, estou lendo Roberto Bolaño, lendo Margo Glantz, lendo nossos poetas modernistas: Bandeira, Drummond, João Cabral e Cecília Meireles; lendo sobre as vanguardas latino-americanas e seus principais escritores. Neles todos, podemos captar as biografias e as autobiografias; com licença poética, poderia até dizer que percebemos as biografias de uma geração, de alguns países, de um tempo.

Nos textos de Margo Glantz, num dos quais me inspiro para começar a registrar minhas lembranças - Yo tambiém me acuerdo -, estamos refletindo a respeito dos gêneros literários e das diversas formas de tecitura fragmentária que compõem as chamadas literaturas não específicas, sem gênero tradicional definido. 

Interessante essa questão das literaturas compostas por textos fragmentários porque a fase atual do capitalismo mundial transformou tudo e todos justamente em fragmentos, quase tudo é nada, mesmo sendo muita coisa cada um de nós, únicos em importância, independente se nos consideram ou não. Somos! Estamos!

Enfim, Glantz compôs um livro, Yo también me acuerdo (2014), baseado numa obra de George Perec, Je me souviens (Me acuerdo), de 1978, que por sua vez se inspirou também na obra de Joe Brainard, que havia escrito Remember uns anos antes. Essas obras inspiraram outros artistas e diversas pessoas comuns como nós a escreverem suas lembranças, suas recordações. 

Na Língua Portuguesa há nuanças que separam os dois termos - lembrar e recordar -, mas não vou me apegar demais a isso não, afinal de contas estou no grupo dos comuns e não dos especialistas em conceitos e que tais. Deixo ao final deste texto as duas acepções e as definições delas. Ao comentar a diferença em sala de aula, a professora nos disse que essa diferença não existe na Língua Espanhola.

Para concluir essa introdução, apresento a seguir o primeiro exercício de lembranças - "me lembro que/de" - que vou fazer. Ele é motivado pelo pedido de nossa Professora Adriana Kanzepolsky para realizarmos um exercício sobre o tema. Estamos tendo a oportunidade de estudar com ela a disciplina "Poéticas de Autor na Literatura Hispano-Americana".

Esse convite para registrarmos as lembranças pode ser o início de algo maior, a faísca que faltava para inflamar toda a folhagem ressequida e os arbustos que compõem as diversas veredas que atravessamos nessas décadas de vivência. Movimento sindical bancário, percurso na secretaria de formação da confederação dos bancários (Contraf-CUT), mandato eletivo na autogestão em saúde dos trabalhadores do Banco do Brasil (Cassi), mais de uma década à frente da organização dos bancários, as greves e as negociações coletivas da categoria, dentre outras jornadas de vida que possam valer registros e lembranças.

Se, por um lado, a metáfora da faísca que nos inflama possa parecer politicamente incorreta, haja vista o governo fascista no Brasil incentivar queimadas e destruição em massa do meio ambiente, por outro, nossa metáfora também é oportuna porque o ser humano é movido pelas chamas das paixões, pelo fogo que arde em nossos corações e nos aquece e nos ilumina pelos caminhos das lutas e das descobertas de soluções para os males que nos afligem.

William

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LEMBRANÇAS DA FFLCH-USP

ME LEMBRO que me sentava na praça de alimentação do Shopping Continental para estudar para o vestibular da Fuvest. Saía tão cansado do trabalho... Eu tomava guaraná em pó para conseguir ficar acordado e repassar as matérias que iriam cair no vestibular. Fazia muito tempo que eu havia estudado aquilo durante o antigo colegial, atual ensino médio: Biologia, Física, Química, Geografia etc. Comprei apostilas do Telecurso 2000 e comecei a estudar por elas. Minha estratégia foi retomar os conceitos básicos de todas as matérias (as pessoas não sabem direito sequer as noções das coisas). Além das apostilas, colocava para gravar em casa nas fitas de vídeo VHS as aulas do Telecurso na televisão e assistia a elas depois. As de História e Geografia eram muito legais!

ME LEMBRO de um dia em que uma colega de sala de aula me disse que ficou impressionada com a forma como eu olhava e me compenetrava nas explicações que o professor dava (ou professora, não me recordo). Ela disse que meu olho brilhava... Me recordo que a impressão que ela me passou foi que eu assistia às aulas fascinado por aquilo. É verdade! Era fascinante ver alguns professores ministrando aulas na Letras.

ME LEMBRO de sair o mais rápido que podia da agência do Banco do Brasil na Vila Iara, em Osasco, para poder chegar à sala de aula em condições de entrar para assistir a aula. Cara, era impossível! A gente não conseguia acompanhar as matérias mais concorridas, ou por não ter professores suficientes, ou porque eram as poucas matérias disponíveis e os alunos tinham grades curriculares a cumprir e créditos a preencher para se graduarem no prazo definido pela Faculdade. Quantas e quantas vezes os alunos passavam mal por causa do calor em sala de aula! Os professores não podiam se mexer, pois os alunos entupiam a sala sentando-se no chão ou até mesmo ficando em pé ao redor da mesa do(a) professor(a). A gente ficava em pé no corredor com a porta da sala aberta. Se a sala era do piso térreo, as janelas que davam para fora estavam lotadas de alunos vendo a aula (exemplo: sala 102). Era nessas condições que estávamos realizando o sonho de estudar na FFLCH, quando decidimos chamar uma greve em 2002 que marcaria a história da USP. Seriam mais de 100 dias de lutas e conquistas.

ME LEMBRO de uma aula do Professor Medina (1940-2013), sobre Literatura Grega e os mitos e que tais. Ele nos contava sobre um episódio de traição entre os deuses - que apesar de deuses traziam todas as características humanas como, por exemplo, trair (o Olimpo era quase uma zona!) -, enfim, o que soubemos aquele dia foi a respeito da origem das espumas das ondas do mar. Um dos deuses estava traindo seu colega ao ir para a cama com a deusa comprometida com o tal do colega, e ao serem descobertos no ato de traição, o traído cortou o bilau do traidor. Pra quê, meu! Foi só o bilau do deus cair nas águas do mar, com sêmen e tudo, que desde então, os humanos passaram a conviver com as espumas do mar, formadas pelo sêmen do deus traidor. O professor ministrava a aula gesticulando e sua voz foi aumentando na interpretação da cena à medida que chegávamos ao clímax da descoberta da traição "deusiana"... eu olhava para os lados e algumas meninas estavam evidentemente ruborizadas com aquelas cenas trágicas e cômicas ao mesmo tempo (do mito e do professor gesticulando...). Foi muito da hora aquela aula do Medina!

ME LEMBRO de uma sensação de orgulho, de me sentir bem, ao passar pelo Professor Pasta em um dos corredores da Letras no primeiro ano de faculdade e ele me cumprimentar. Me pareceu que ele se lembrou de mim, de quando era ouvinte nas aulas dele. Nos cumprimentamos e eu contei pra ele que antes era ouvinte quando assistia a suas aulas e que agora estava na FFLCH como aluno, e que as aulas que tive com ele foram importantes para que eu tivesse inventado de fazer novamente vestibular e voltar a estudar. Os professores são seres muito importantes na vida da gente.

ME LEMBRO de muita ignorância sendo superada dia após dia depois da descoberta do mundo das letras da Faculdade de Letras da USP. No entanto, não tem como esquecer das deficiências que trazemos do ensino incompleto e mal feito que acumulamos ao longo de nossas vidas miseráveis de proletários e subproletários. Ao passar a ter contato com poesias, percebi que eu nunca havia tido a oportunidade de lidar com poemas e poetas. Nossa! Descobri que não sabia absolutamente nada daquela forma tão fantástica de linguagem, a linguagem poética. Saber que não sabemos é bom, até para exercitarmos a humildade e corrermos atrás do prejuízo, como dizem por aí.

ME LEMBRO que antes de entrar na USP, eu quis aprender espanhol e comecei a ver um programa que passava na TV Cultura sobre aulas de espanhol. O programa se chamava Viaje al Español, uma produção da RTVE, de 1989. O curso que passava na TV tinha a participação de uma professora argentina muito simpática, a Maite. E não é que quando eu entrei na Universidade e me defini pela habilitação em Espanhol, no segundo ano de graduação, lá estava ela, a professora Maite! Foi muito legal esta surpresa! Me senti em casa nas aulas com ela, por já estar habituado a vê-la no curso Viaje al Español. Coincidências da vida, como dizem. Até hoje eu tenho guardadas em casa as fitas de VHS que gravei do programa da TV.

ME LEMBRO que a revolta e a sensação de injustiça foram muito grandes quando percebi que não havia adiantado passar na Fuvest e entrar em uma universidade pública para poder fazer uma nova graduação que me permitisse mudar de vida, saindo do Banco do Brasil do desgoverno de Fernando Henrique Cardoso. Eu vinha do trauma de ter interrompido uma graduação em Educação Física por não conseguir pagar as mensalidades. Foi uma das maiores frustrações de minha vida. Era um dos alunos mais dedicados do Náutico, em Mogi das Cruzes, e poderia ter sido um excelente profissional da área, saindo do massacre que vivíamos como bancários atacados por um governo que vinha privatizando tudo, assediando trabalhadores de empresas públicas e implantando programas de demissão voluntária e o terror das transferências compulsórias, processos truculentos que estavam causando dezenas de suicídios de nossos colegas. Eu estava no limite de continuar naquilo. Daí veio a ideia de pôr em prática a invenção de ser aluno da USP, para tentar novamente ser professor e sair do Banco. Mas eis que chego à Letras da FFLCH-USP e simplesmente era impossível estudar por falta de condições humanas e materiais; não tinha professores suficientes, não tinha salas de aula... era como dizia a canção: "Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada, ninguém podia entrar nela não, porque na casa não tinha chão...".

ME LEMBRO que na graduação de Ciências Contábeis, o Professor PC (Paulo César) nos dizia que estudar com ele era "molezinha", porque lá na FEAO/ITO em Osasco o professor desmembrava aquelas equações gigantes na lousa, as derivadas, as inequações, as matrizes e outras barbaridades da Matemática. Dizia que se estivéssemos estudando na USP a coisa seria diferente. Que lá os professores nos davam listas de obras e bibliografias para serem lidas e estudadas e a gente tinha que chegar à sala de aula com a matéria lida para, então, finalizar o conteúdo com o professor. Entrei na USP anos depois e entendo que as coisas são e não são como o PC nos dizia. De fato, as listas de bibliografias e textos a serem lidos são enormes, o aluno da USP ganha a oportunidade de receber "roteiros" de leituras e estudos, que podem abrir novos roteiros e perspectivas para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de linguagem, literaturas e outras dimensões das Letras. Porém, muitas aulas e professores são oportunidades à parte numa universidade pública. Tudo que a gente quer como aluno é um dia ser um professor(a) como eles foram para nós. (a propósito, eu gostava das aulas do PC, tomamos até umas cervejas juntos e eu só tirava nove e alguma coisa em Matemática, porque ele brincava comigo dizendo que não me daria dez)

ME LEMBRO de um dia da Greve da FFLCH, em 2002, quando fizemos uma passeata linda até a Avenida Paulista. Tínhamos o apoio massivo dos alunos, dos funcionários da USP e dos professores. Aquela greve foi diferente! Nossa organização funcionou. Mas voltando à lembrança da Paulista, nós paramos em frente às escadarias do prédio da Gazeta, e inventamos de ler poesias, declamar poesias, gritar poesias modernas. Dias antes da greve, tivemos uma aula com o Wisnik sobre o Modernismo, Mário de Andrade e a Pauliceia Desvairada. Na sala de aula, o professor havia dito que os poemas da Pauliceia eram feitos para serem mais que lidos, gritados. Era o ritmo do momento nos anos vinte. Tínhamos aulas que incomodavam as salas ao redor, sem dúvida. Dezenas de alunos se intercalavam gritando poemas em sala de aula. Era da hora! Enfim, guardo com emoção aquele dia em que no alto das escadarias da Gazeta, eu gritava cada verso de "Ode ao Burguês" e os estudantes abaixo repetiam, verso a verso... Arrepiei só de me lembrar ao escrever essas recordações... "Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,/o burguês-burguês!..."

ME LEMBRO que fiquei muito sem graça e deslocado ao me pegar de novo assistindo às aulas da Letras sem ter conseguido ler os textos previamente à aula. Que chato, isso! Cinquenta anos e dificuldades em ler dos tempos de jovem... Boa parte dos alunos não lê por não conseguir ler e não por má vontade. Eu não consegui ler os textos de Margo Glantz para as primeiras aulas do semestre, em agosto, porque estava de novo envolvido com as questões da entidade de saúde na qual atuei por quatro anos. No início do semestre, fui para Brasília uma vez em dias de aulas, por compromisso com lideranças do movimento sindical. Por me ausentar das aulas e por saber o quanto eu mesmo perdi ao não ter lido os textos previamente para as aulas das professoras Adriana e Laura (das aulas sobre o Bolaño), peço desculpas a elas e a mim mesmo. Vida que segue! Ainda estou correndo atrás para ler os textos sugeridos, até porque são fantásticos e estão me colocando para pensar como nunca. Olha o exemplo aqui no meu exercício de Lembranças em que "Me lembro que/de..."

William

(Redação atualizado em 17/1/20)

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DEFINIÇÕES DE "RECORDAR" E "LEMBRAR"

Deixo abaixo o significado das palavras "recordar" e "lembrar" para reflexão a respeito dos sentidos e usos possíveis para elas. As definições são do dicionário virtual do Michaelis.

Re·cor·dar:

Vtd, vtdi e vpr:
1. Trazer de volta à memória experiências vividas; lembrar (-se), rever, reviver: “[…] nunca conseguiu contar ou mesmo recordar direito o que aconteceu” (JU). As fotos recordaram-no de sua viagem ao Oriente. Ao encontrar as velhas amizades, recordou-se de sua infância no interior.

Lem·brar:

Vtd e vtdi:
1. Trazer algo à memória; fazer recordar; relembrar: Passaram horas juntos, lembrando todas as travessuras que fizeram na infância, na pequena cidade onde moravam. O rapaz lembrou ao pai o trato que haviam feito.


Vtd e vpr:
2. Guardar algo ou alguém na lembrança; recordar (-se): Lembrou o tempo em que vivia no Rio e teve saudade. “– Como vai a senhora, dona Alice? Lembra-se de mim? No corpo magro a cara gorducha, pisada de sono, olheira doentia. Pela fresta, a voz rouca, que a fisionomia era familiar, do nome não se recordava” (DT).

Vtd e vtdi:
3. Fazer ocorrer ao espírito; sugerir: “Não tinha conseguido formar um juízo claro sobre aquele cidadão. No físico, na maneira de portar-se e nas ideias ele não lembrava nenhum dos políticos que ele, Tibério, tinha catalogado na galeria da memória” (EV). Sua maneira autoritária de falar lembrava-me meu pai.

Vtdi:
4. Avisar ou informar alguém a respeito de algo; prevenir: “Eulália, porém, apressava mais o passo quando o camarada lembrava-lhe a grande distância que a separava do ponto povoado” (JP).

Vtdi:
5. Enviar lembranças ou recordações; recomendar: Lembre-me a seus pais, por favor.



BIBLIOGRAFIA

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2019: on line no UOL.

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