quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

090222 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 9 de fevereiro de 2022. Quarta-feira.


Após ler 4 livros em janeiro, decidi dar um tempo com leituras de romances e clássicos da literatura mundial. Tenho coisas a resolver que vêm sendo adiadas por uma certa comodidade e por opção de focar algo que dê prazer pessoal como a leitura. Acho que vou ter saudades de uma boa leitura por prazer.

Estou trabalhando a revisão e impressão de meus textos produzidos neste blog ano passado. São 275 postagens. A releitura me permite fazer uma retrospectiva cultural e uma avaliação pessoal. A revisão está dando muito trabalho, boa parte das postagens são reflexões e comentários sobre a leitura de mais de 50 livros e sobre a vida. Faltam ainda ler e imprimir umas 70 postagens, os últimos 3 meses e meio do ano de 2021.

Outra empreitada que precisa ser feita definitivamente neste momento de minha vida é a avaliação de milhares de papéis, documentos, revistas, livros etc, acumulados ao longo de décadas como adulto que adquiria materiais com a intenção de estudar e melhorar os conhecimentos gerais sobre o mundo e a existência. 

São coisas muito interessantes, mesmo as mais antigas. No entanto, eu sou outro, o momento é outro, o mundo é outro. Até para jogar fora ou doar alguma coisa é necessário o escrutínio de tudo aquilo. Foda! Eu quis ser poliglota, quis ser erudito, quis ser professor. Acabei sendo o que fui, um bancário, um sindicalista, um representante da classe trabalhadora. Um eterno estudante. E agora estou fora daquele mundo e boa parte daqueles materiais perderam o sentido para mim. 

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Singer e a tese do lulismo.

LULISMO EM 2010... LULISMO EM 2022. BINGO!!!

Li uma entrevista da BBC Brasil com o jornalista e cientista político André Singer, de 19/2/2010, muito interessante.

Na época, eu tinha interesse no tema como uma liderança da categoria bancária. Cheguei a ler o longo artigo de Singer sobre sua tese do lulismo. Vi muito sentido na teoria. Ainda hoje vejo sentido.

Os eleitores de Lula mudaram entre a eleição de 2002 e 2006. Os eleitores de Dilma e do PT em 2010 também já tinham características diferentes. 

Ao ler o artigo hoje, 12 anos depois, pude ver muita coerência com o Brasil que temos. Uma parte dos eleitores de Lula não é nem de esquerda, nem de direita. São pobres e remediados conservadores nos costumes, não gostam de "baderna" nem agitação, não são militantes de lutas sociais. Só querem as coisas que todos deveriam ter e um Estado que ajude as pessoas a terem esses bens de consumo.

Dá uma dó danada jogar o texto fora. Mas eu tenho zilhões de textos assim, papéis, papéis. E agora já é uma leitura só para mim, não sou representante de nada, não sou influenciador de ninguém. Nem as pessoas próximas a mim querem opinião de alguma coisa. A opinião da gente não serve mais, nem nas merdas de bolhas nas quais vivíamos na última década de algoritmos.

Mas valeu a leitura. Singer demonstra muita perspicácia em suas teorias e leituras de mundo.

No verso do texto encontrei um rascunho meu de uma palestra para bancári@s falando sobre o papel dos delegados sindicais. Contei a origem da organização da categoria bancária desde os anos oitenta etc e tal. Eu fazia muito isso. 

Feito o registro.

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BRASIL DE NAZISTAS, RACISTAS, MILICIANOS E TORTURADORES

Opinião

Sei que é inútil comentar alguma coisa sobre os fatos diários dos absurdos que passamos a viver desde o golpe de Estado em 2016. Bolsonaro está no poder porque ele foi colocado lá pela casa-grande brasileira. Ele foi colocado lá pela imprensa golpista e seus empresários. 

O golpe contra a democracia, contra o povo, contra o Brasil foi um conluio que envolveu os donos do poder: os caras que usam talheres à mesa (não são bolsonários na etiqueta) e estão nas instituições do Estado nacional. Temer e o clã Bolsonaro e toda a alcateia eleita em 2018 são frutos desse processo conduzido pela casa-grande.

O rapaz YouTuber e o deputado que fizeram apologia ao nazismo e defenderam o direito de haver um partido nazista no Brasil (Monark e o Kataguiri) são produtos do processo de destruição da política conduzido pela casa-grande brasileira. Dois anos atrás, um apresentador do SBT (Marcão do povo, em 8/4/20) defendeu que o presidente fizesse campos de concentração para os doentes por Covid-19. Falou isso no ar.

Mas o marco, o divisor de águas, da mudança do Brasil mais justo que vínhamos construindo para essa desgraça na qual estamos, ocorreu no dia da votação no Congresso Nacional do afastamento da presidenta Dilma Rousseff (17 de abril de 2016), afastada sem crime algum, mesmo tendo sido eleita com 54,5 milhões de votos. 

Dilma, mulher, mãe, cidadã brasileira, foi torturada na ditadura brasileira de 1964-85. Os depoimentos na Comissão da Verdade revelaram horrores vividos pelas vítimas de tortura. Pancadas, afogamentos, choques, estupros, atos inimagináveis feitos algumas vezes com os filhos das vítimas vendo aquilo. Ratos colocados nos órgãos genitais das mulheres. Os torturadores eram "o pavor" das vítimas. Dilma sobreviveu às torturas.

Naquele dia da votação do afastamento de Dilma, o então deputado Jair Bolsonaro pegou o microfone da Câmara Federal, em rede nacional, e disse estar votando em homenagem ao torturador Ustra, "o pavor de Dilma Rousseff". Apesar de ser inacreditável, aquele homem fez isso.

Esse criminoso não saiu preso, não foi processado, não foi excluído da vida política e pública do país. Pelo contrário, seguiu cometendo crimes como esse e por conluio de todas as instituições do Estado chegou à presidência em 2018, num processo político viciado e cheio de fraudes e ilegalidades como as fake news

Aqui estamos em fevereiro de 2022. Brasil destruído pelo golpe de 2016, depois daquela excrescência lesa-pátria da Lava Jato, depois das "eleições" de 2018; 633 mil mortos por Covid depois, cá estamos nesta situação que estamos...

Chega por hoje.

(só pra lembrar: são "ficha limpa" os bolsonaros, o Queiroz, o Moro e mais dezenas de gente dessa laia)

William


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