domingo, 6 de fevereiro de 2022

Decamerão - 1º clássico sob a pandemia de Covid



Refeição Cultural


Noite de domingo, 6 de fevereiro de 2022. Osasco, SP.

A pandemia mundial de Covid-19 já está em seu terceiro ano. 

O início de 2020 foi marcado pelo aparecimento de um vírus que se espalhava rapidamente e uma porcentagem das vítimas tinha complicações e necessidades de internação e por debilitar muita gente isso causava colapso dos sistemas de saúde no mundo. No Brasil, as primeiras pessoas infectadas pelo novo coronavírus foram entre fevereiro e março de 2020.

Pela primeira vez em décadas o mundo parou literalmente. Talvez algo parecido tenha ocorrido durante a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, e durante a 2ª Guerra Mundial.

Me lembro que nós passamos a cumprir a quarentena de evitar sair de casa a partir do dia 18 de março de 2020. Minha esposa e meu filho não colocaram o pé para fora de casa por longos meses, praticamente até outubro daquele ano. Eu era o único que saía para as necessidades vitais de manutenção da família.

De lá para cá, a humanidade lidou com a pandemia. O mundo capitalista lidou com a pandemia à sua maneira, de forma capitalista, é claro. Os países ricos produziram vacinas e vacinaram seus cidadãos (uma parte deles não quis se vacinar); venderam a vacina para os países que pudessem comprar a mercadoria. E o resultado de tudo isso foi a pandemia se desenvolvendo em ondas, que contagiam e matam mais e depois menos. Temos países e continentes com quase 100% de vacinados e outros com porcentagens pequenas de vacinados.

Segundo o site da Johns Hopkins University, até este domingo já morreram no mundo 5,7 milhões de pessoas; 394,5 milhões foram infectadas (as sequelas pós-Covid chegam a um quarto das vítimas); já foram administrados 10 bilhões de doses de vacinas (mas no continente africano...). 

O Brasil... ahh, o Brasil! O Brasil tem Bolsonaro! Aqui a vacina chegou tarde. Enquanto o governo genocida negava a vacina, os bolsonaristas negociavam propinas para termos vacinas no país (CPI investigou a questão). Nossos amigos, familiares e conhecidos morreram por causa disso. Até hoje são 632.095 mortes e 26 milhões de contaminados. Mas o governo segue atuando contra a vacina e o vírus tem no bolsonarismo o maior aliado para nos contaminar e nos matar.

Enfim, eu li o Decameron nos primeiros meses da pandemia no Brasil. Li durante 100 dias. Foi uma novela por dia. Sobrevivi ao período e sobrevivi até hoje. Sou um privilegiado. Muitas pessoas queridas se foram entre nós.

Durante a leitura diária das narrativas de Boccaccio, eu postava em rede social algum comentário rápido sobre a leitura e às vezes falava algo sobre a política e o país daqueles dias. 

Abaixo, seguem alguns comentários que postei dos primeiros dias de leitura. Ao reler os comentários, achei eles interessantes. O comentário sobre a obra, após o término da leitura, pode ser lido aqui.

Abraços aos amig@s leitores. Se fosse para dizer algo, eu diria para lerem os clássicos. Mas os tempos são esquisitos. Não se dá sugestão de nada para ninguém. Mesmo vivendo sob o modismo dos "influenciadores". Registro no blog de cultura uma modesta impressão de instantes do tempo que corre no mundo.

William

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19/04/20

De 100, já foram 18 novelas em 18 dias... só faltam 82 dias e histórias do Decameron

Enquanto isso no país jabuticaba em tempos de quarentena pela peste Covid-19, o ditador demente alçado a rei nu após uma facada fake, esfrega remela do nariz na mão, dá ela a súditos a beijá-la, tosse tosse e junto aos seus loucos súditos loucos conspiram pelo fechamento do regime... isso aqui é mais ficção que qualquer ficção possível...

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18/04/20

17 dias, 17 novelas do Decameron (e pra de hoje, fica meu protesto pelo tanto que ela é machista e sexista. Dou uma banana pro narrador da história, o jovem Pânfilo)

A novela contada por Pânfilo narra os descaminhos da jovem Alatiel, filha do sultão da Babilônia, o senhor Beminedab. Ela passou 4 anos de infortúnios e sequestros e a vida a levou a ficar com 9 homens diferentes, e, segundo o conto, a culpa seria praticamente dela, por ser a mulher mais linda do mundo.

Na vida real, eu vivo no mundo da pandemia do Covid-19 e no Brasil da psicopatia bolsonarista, onde nascer mulher é fruto de "uma fraquejada", elas devem vestir rosa e serem boas donas do lar - e milhões de mulheres apoiam o psicopata, a ministra e os "pastores" que afirmam isso...

ACABA LOGO, MUNDÃO! Que dia cai o meteoro que vai acabar com essa forma de vida que não deu certo na Terra?

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17/04/20

16 dias, 16 estórias do Decameron

Hoje, li a estória da senhora Berítola Caracciolo, que depois de tantas desventuras, chegou até a viver com cabras em uma ilha. Por fim, a Fortuna lhe sorriu e ela recuperou toda a família e ainda ganhou duas noras.

Meu azedume não me permite alimentar grandes esperanças e desfechos miraculosos da Fortuna para mudar a realidade mundial.

Ou os 99% acabam com a merda do capitalismo ou ele acaba conosco e o planeta.

#PeloFimDoCapitalismo

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16/04/20

15 dias, 15 narrativas em Decameron, de Giovanni Boccaccio

Hoje li a estória de Andreuccio di Pietro. Ele foi enganado por uma jovem mulher que lhe roubou 500 florins, caiu num fosso de merda, depois foi enganado por dois ladrões de caixões e ficou preso com um defunto... por fim, a Fortuna lhe sorriu e ele ainda voltou pra casa com recursos maiores do que antes de sair.

Hoje estou meio azedo. Fui à feira pegar algumas frutas, comprar pastéis e garapa. Depois de quase meia hora numa fila gigante (novidades de tempos de Covid-19), o pastel acabou na minha vez de pedir (todos os sabores)...

Passei o dia fazendo um texto e, ao final, senti de novo aquela sensação de coisa pouco útil e proveitosa. Qual o sentido de fazer isso agora que não pertenço a mais nada?

Estou azedo. O 1% segue vencendo tudo e o povo segue se f...

A Fortuna está por aí, é fato! Cada um faça a sua leitura da sorte.

Eu sei que apesar da fila inútil do pastel, sou privilegiado pela Fortuna...

Mas tô azedo!

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15/05/20

14a novela do Decameron, lida nessa quarentena da nova Peste (Covid-19) que assola o mundo no século XXI.

A 2a jornada das 7 moças e 3 rapazes reunidos nos arredores de Florença, fugindo da Peste de 1350, tem como temática o efeito da Sorte ou Fortuna sobre os personagens das novelas contadas.

Na que li hoje, o mercador Landolfo Ruffollo, depois de ficar muito pobre, faz-se corsário. Como tal, fez fortuna novamente. Preso e emboscado pelos genoveses, perde tudo. O barco genovês onde ia preso naufraga. Ele é salvo por uma moça pobre que o recolhe da praia. Termina rico de novo por ter se salvado em cima de um baú de joias.

No Brasil da pandemia do bolsonarismo (talvez pior que a do Covid-19) a Fortuna continua a favor dos banqueiros e empresários, dos lesas-pátrias, da gente da casa-grande mais tosca do Planeta.

- Ó deuses! Ó deuses! Por que ao menos os povos não bolsonaristas não são salvos por vossas benevolências?

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14/04/20

13º dia de novelas do Decameron (faltam 87 histórias, 87 dias)

Li hoje a história narrada pela jovem Pampineia. Esta 2a jornada tem como temática das novelas o efeito da Sorte ou da Fortuna na vida dos personagens. Agora, conhecemos a história de três irmãos de uma tradicional família de Florença que herdam grande fortuna do pai, gastam tudo de forma desregrada e ao final da história são resgatados por um sobrinho de nome Alexandre, que por obra da Fortuna se casa com a filha do rei da Inglaterra.

Gostaria que a Fortuna se lembrasse um pouco do povo brasileiro... mas talvez os deuses estejam só assistindo de camarote toda a desgraça que assola nosso país. Vai ver eles se encheram de ver pobre de direita, o povo preto que é racista, os funcionários públicos que são contra o Estado, os religiosos que pregam ódio e morte e arminha ao invés de amor e solidariedade etc... Essa terra é uma verdadeira jabuticaba planetária... até a Fortuna deve ter nos esquecido...

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13/04/20

Decameron, 12a novela, 12° dia

O mundo enfrenta duas novas pestes, a pandemia do vírus Covid-19 e a pandemia da ignorância que derrete cérebros humanos nos países atacados. No Brasil a peste é conhecida como Bolsonarismo.

Hoje li a história do mercador Rinaldo d'Asti, devoto de São Juliano, invocado na região (de Bolonha) como protetor dos viajantes.

A história tem final feliz, os maus são enforcados e o bem prevalece.

E no Brasil? Os maus serão desmascarados? Encontrarão punições?

Eu não morro de jeito nenhum! Quero ver cair esses desgraçados do mal!

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12/04/20

11a novela, 11° dia do Decameron

Ufa! O dia quase acabou sem eu cumprir minha meta de ler as 100 novelas do Decameron em 100 dias.

Acabei de ler a 1a novela da 2a jornada, agora sobre a liderança da jovem Filomena.

As coincidências entre ficção e vida real: na novela, "Martellino, fingindo-se aleijado, age como pessoa que se cura pela graça de Santo Arrigo" e quase morre enforcado por descobrirem sua farsa, No Brasil...

No país jabuticaba, o picareta na presidência (fraude) insinuou que a facada (?!*$&) e sua recuperação foram como uma ressurreição... (quando a farsa vai ter fim?)

Difícil, viu!

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10/04/20

9º dia, 9ª novela do Decameron (no 10º dia fiz postagem no blog)

Nesta sexta-feira santa de 10 de abril, coincidiu da história narrada pela jovem Elisa ser referente a uma nobre dama da Gasconha que foi até o Santo Sepulcro, na Terra Santa, prestar seus agradecimentos e na volta, ao passar pela Ilha de Chipre, sofreu ofensas de homens maus. Mesmo sabendo que o rei local faria pouco caso das reclamações dela buscando justiça foi até ele e deu-lhe uma lição de moral que o cara mudou seu comportamento a partir de então, punindo os agressores e não permitindo mais abusos e injustiças em seu reino.

Enquanto isso, aqui na vida real, nosso rei nu aproveitou sua posição ímpar para fazer tudo ao contrário do que se recomenda no planeta Terra, que enfrenta uma pandemia mortal causada por um vírus, o Covid-19, que se transmite através do contato e de secreções. Autoridades sanitárias e de saúde recomendam isolamento social e quarentena. O imbecil, que deveria ser o exemplo por ser o rei nu da nação brasilis, mais uma vez saiu pelas ruas de Brasília abraçando miseráveis apoiadores miseráveis, esfregando as mãos no nariz e boca e se esfregando com loucos apoiadores loucos...

Boccaccio, me ajuda! O que fazemos com essa peste do século XXI?

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09/04/20

8° dia, 8a novela

O tema avareza continua em pauta, mas agora Guilherme Borsiere enfrenta a avareza do senhor Ermino dos Grimaldi através da CORTESIA.
Enquanto isso, parte dos brasileiros aderiram ao bolsonarismo, uma doença mental e comportamental nada cortês com as pessoas não infectadas por tal vírus.

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08/04/20

7° dia, 7a novela do Decameron.

A história narrada nos fala da AVAREZA dos homens. O jovem Filóstrato conta a lição de moral que o senhor Bergamino deu no avaro senhor Cane della Scala, através da novela de Primasso e do Abade de Cligni.

Avareza! Que tema propício em tempos de falência total do modo de produção capitalista e concentração de toda a riqueza humana nas mãos de uns abastados desumanos.

Passados séculos de desigualdades, é hora de reinventarmos o mundo... como tá não dá mais!!! (Não é mesmo, Boccaccio?)

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07/04/20

6ª novela, 6º dia

A jovem Emília nos conta a história de um "santo" inquisidor, devoto de São João Barba de Ouro, uma ironia de Boccaccio para indicar que o servo de Deus em questão era um picareta que só queria extorquir as pessoas a partir da fé e inocência delas.

Nossa! Será que essa história nos faz lembrar de alguma coisa do cenário atual?

Pois é... Idade Média (ou dos medianos, ou dos medíocres... Idade das Trevas... a que estamos vivendo agora).

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06/04/20

Decameron (Boccaccio) - 5º dia, 5ª novela

Hoje li a quinta estória da primeira jornada do Decameron, contada pela jovem Fiammeta. Ela nos conta da artimanha da marquesa de Monferrato para não permitir nenhum abuso do rei da França, querendo se aproveitar dela enquanto seu marido, o marquês, estava em viagem.

Sinceramente, ao ver o cenário real da pandemia de cá (a do bolsonarismo, não a do vírus Covid-19), e a pandemia de lá, da ficção de Boccaccio, inspirada pela pandemia real da peste do século XIV, é tão estarrecedor o comportamento das pessoas que vejo ao meu redor, que pareço viver num mundo mais ficcional que a própria ficção.

O bolsonarismo supera qualquer ficção inventada pelos grandes clássicos... como foi que aconteceu dos apoiadores e seguidores desses caras perderem qualquer senso de racionalidade que os faziam humanos até dias atrás? Eles se parecem muito com aqueles corpos de zumbis dos filmes e seriados... é inacreditável!

Bolsonaro, se não for imortal, ainda pode ter o final de vida que teve o senhor Ciappelletto, ou melhor, São Ciappelletto, intercessor de todos nós junto a Deus!

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05/04/20

4º dia, 4ª novela... (1353 é agora, domingo de "jejum" do Bolsonaro e alguns "pastores" enganadores do povo)

Ao ler a história de hoje, que envolve um abade e um monge safados abusando de uma jovem moça do campo, lembrei-me de um professor da USP que nos dizia que ler os clássicos é melhor e mais atual que ler as notícias de nosso cotidiano. É verdade!

Se os canalhas manipuladores de gente, abusando da miséria, inocência e ignorância das pessoas, estão fazendo neste domingo o que o clássico de Boccaccio já abordava em seus contos e novelas 670 anos atrás como crítica social em forma de arte, é sinal que alguma coisa precisa mudar...

Não estamos melhores enquanto sociedade humana séculos depois da idade média...

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04/04/20

100 novelas em 100 dias...

"Faltam 97 novelas ou histórias. Serão 97 dias. Não tenho pressa, estou em quarentena mesmo. Vamos ver se chegamos ao fim das dez jornadas com as dez narrativas em cada uma delas, o que equivale às 100 histórias, que no meu caso serão narradas (lidas) em 100 dias..."

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Bibliografia:

BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. Imortais da Literatura Universal, Nova Cultural, São Paulo, 1996.

Informações sobre a pandemia do Covid-19 do site da Johns Hopkins University.


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