Refeição Cultural - Cem clássicos
INTRODUÇÃO
Algo sobre o Dia das Mães e o viver sob pandemias
Domingo, 9 de maio de 2021, Dia das Mães. Estou longe de minha mãe, estamos separados pela pandemia mundial de Covid-19. Não dou um abraço nela faz tempo. Estando no Brasil da morte, da bandidagem da casa-grande e da demência coletiva, nem sei se podemos nos dar ao luxo de falar "feliz dia das mães" para as mulheres mães.
- Mãe, te amo! Mães, muita força pra vocês, gratidão a vocês!
Estar vivo tem sido algo de privilégio. Chega a constranger estarmos aqui. Vivo sou uma espécie de privilegiado, como aqueles que não morrem em campos de batalha em meio a bombas que caem e como aqueles prisioneiros que foram ficando na fila da morte e algo aconteceu antes de sua vez chegar.
Hoje, mais de 420 mil famílias brasileiras têm ausências por causa do regime da morte, regime responsável pela maior parte das mortes causadas pelo vírus Sars-Cov-2, o vírus da pandemia de Covid-19. No século XIV, uma peste dizimou parte da população da Europa. Naquela época era difícil responsabilizar alguém porque não havia conhecimento científico suficiente para se conhecer causas e formas de se evitar a morte das pessoas. Hoje, se morre de Covid-19 no Brasil por opção dos humanos no poder. Seria um genocídio? Narrativas...
Acordei cedo e com palpitações e logo medi minha pressão arterial. Estava um pouco alta, mesmo tomando o comprimidinho antes de dormir. Com o passar do tempo, cada pessoa acaba conhecendo melhor a si mesma, pelo menos parte das pessoas. Leio muita coisa em mim... deitei de novo e tentei dormir mais uma hora - não deu certo. Vi meu filho por uns instantes antes dele dormir. Não falei nada, só lhe dei um leve afago com a mão.
DECAMERÃO
Contando meus cem clássicos da literatura mundial, o Decamerão ou Decameron, de Giovanni Boccaccio, foi um dos primeiros livros que li durante a pandemia mundial do novo coronavírus. Fiz a leitura em cem dias, lendo uma novela ou narrativa por dia. Foi legal!
Reli a biografia do autor disponível no início de minha edição e fiquei pensando - que vida! - esses caras tinham séculos atrás. É impressionante como alguém conseguia escrever livros séculos atrás!
Quando lemos sobre a vida de Miguel de Cervantes, por exemplo, ficamos estupefatos em imaginar como, de uma vida como aquela, nos chegaram obras, séculos depois, como Dom Quixote de La Mancha. É incrível!
Boccaccio viveu e sobreviveu à Peste Negra que assolou a Europa. Escreveu Decameron entre 1348 e 1353. A introdução da obra é impressionante, ela descreve motivações para reunir as narrativas e conta sobre a Peste e a forma como as pessoas morriam e como aquilo alterou os costumes da sociedade em relação a tudo, exatamente como aconteceu com o mundo após a pandemia de Covid-19 no século XXI.
No livro, no volumoso livro, sete moças e três rapazes se afastam de Florença e buscam lugares nas imediações, tipo casarões abandonados após a morte de seus proprietários, para ficarem juntos e deleitarem o que a vida tem de melhor. São pessoas de posses, têm alguns serviçais à disposição e a vida deles durante os dez dias reunidos é comer, dormir, narrar estórias, apreciar a natureza, e satisfazer seus desejos.
É isso. Foi um grande feito para mim ler o Decameron, de Boccaccio.
William
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