Refeição Cultural
"Caixão agora. Chegou aqui antes de nós, mesmo morto. Cavalo olhando em torno pra ele com o penacho de fianco. Olho baço: a cernelha apertada no pescoço, comprimindo um vaso sanguíneo ou algo assim. Será que eles sabem o que carregam pra cá todo dia? Devem ser vinte ou trinta enterros por dia. E aí Mount Jerome pros protestantes. Enterros no mundo todo em toda parte a toda hora. Cobertos com pás de terra às carradas rapidinho. Milhares a cada hora. Sobrando no mundo." (JOYCE, 2012, p. 226)
Avancei bem na leitura de Ulysses, de James Joyce. Neste domingo, foram 40 páginas de leitura. Li concentrado e a leitura fluiu bem. A maior parte do trecho foi uma mescla de monólogo interior de Leopold Bloom e diálogos entre o grupo de homens que acompanharam o enterro de Paddy Dignam.
Entre ontem e hoje avancei tão bem na leitura que, ao olhar o quadro esquemático de Joyce, vi que já venci 6 capítulos dos 18 da epopeia joyceana. Terei até que rever a postagem anterior porque marquei "Nestor" nela, mas já tinha avançado bem mais quando parei ontem.
TÍTULO CENA HORA
1. Telêmaco A Torre 8h
2. Nestor A Escola 10h
3. Proteu A Praia 11h
4. Calipso A Casa 8h
5. Lotófagos O Banho 10h
6. Hades O Cemitério 11h
A leitura de hoje foi bem diferente da leitura feita na primeira vez, quando meu entendimento deve ter sido bem menor. Ao ir lendo fui interligando as informações desconexas do fluxo de pensamento de Bloom entre uma página e duas ou três páginas depois. Foi uma leitura muito prazerosa e com boa compreensão da técnica que Joyce utilizou.
Bloom sai da casa de banho e junto com outros conhecidos vai para o enterro de Dignam. Ele ocupa uma das carruagens com mais três pessoas - Martin Cunninghan, Simon Dedalus (pai de Stephen) e o senhor Power.
Ao longo do percurso e do enterro, os leitores vão conhecendo diversas informações do cotidiano dos dublinenses, de seus conhecidos e dos personagens principais.
A leitura atenta e devagar - respeito às paradas indicadas na tradução através da pontuação - nos permite compreender as coisas todas intercaladas. Soube que o pai de Bloom se suicidou, soube que Bloom também troca correspondência com uma mulher, Martha, e não só ele é vítima de um caso extraconjugal por parte de Molly Bloom. São diversas coisas.
Seus conhecidos, todos eles, têm relações adulteras ou complicadas em casa. Joyce denuncia a hipocrisia das sociedades irlandesa e inglesa, católica e protestante, burguesa.
Os monólogos de Bloom nesta parte que li hoje são impressionantes. Ele se pergunta o que Molly viu no amante, pensa em visitar a filha de 15 anos, Milly, e muda de ideia porque não quer que a surpresa traga alguma merda na relação com ela. Uns falam ou pensam mal uns dos outros na carruagem. Bloom, por exemplo, pensa na mulher bêbada do Cunninghan.
Amig@s leitores, é muito bom ler os clássicos da literatura mundial.
William
Bibliografia:
JOYCE, James. Ulysses. Tradução de Caetano W. Galindo. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2012.
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