segunda-feira, 3 de maio de 2021

Ulysses - Introdução de Declan Kiberd (III)



Refeição Cultural

"Daí a severa ironia de Joyce sobre todos os modelos de heroísmo antigo, seja gaélico ou grego. Para aqueles que diziam 'Infeliz da pátria que não tem heróis', ele responderia com o Galileu de Brecht: 'Não! Infeliz da pátria que precisa de um herói!' - uma pátria sonhando eternamente com modelos passados de grandeza e aparentemente incapaz de conceber a si mesma." (p. 79)


Ufa! Vencidas as primeiras cem páginas de minha edição de Ulysses, de James Joyce (presente do amigo Sérgio Gouveia). As informações que obtive com Declan Kiberd vão influenciar a minha releitura do clássico de Joyce, sem dúvida alguma. 

Alguns conceitos explorados pelo professor e intelectual irlandês Kiberd foram de muita relevância para mim e me fizeram olhar para trás e relembrar a leitura de Ulysses duas décadas antes. Li Joyce na tradução do professor Houaiss, na bela edição que tenho até hoje.

Com a "Introdução" de Kiberd foi possível até compreender melhor os contos de Dublinenses, de 1914, que já li e reli algumas vezes. Evidente que agora preciso ler O retrato do artista quando jovem (1916), que também tenho na estante e que me espera há um tempão. Só não sei se ainda terei a oportunidade de encarar o Finnegans Wake. Acho que aí já seria audácia demais de minha parte, com tanta coisa a ler antes de deixar de existir.

Cito algumas questões apresentadas pelo professor Declan Kiberd que me fizeram pensar muito a respeito de Leopold Bloom, James Joyce, a Irlanda e os irlandeses, Molly Bloom e Stephen Dedalus:

- As questões relativas à história colonial do país, seu passado e presente com a Inglaterra, Reino Unido e ou Grã-Bretanha;

- A questão dos nacionalistas irlandeses atrelados a um passado de heróis e ou heroísmo;

- A eterna tensão em relação à linguagem entre colônia e colonizados;

- A questão do homem feminino na figura de Leopold Bloom. 

Olha, o texto foi muito bom para mim enquanto leitor que vai embarcar agora na viagem da releitura de Ulysses em um contexto completamente diferente daquele no qual li a obra na primeira vez.

É isso! Leiam clássicos, amigos e amigas de leituras e estudos. É melhor ler do que não ler os clássicos, como já dizia Italo Calvino.

William


Bibliografia:

JOYCE, James. Ulysses. Tradução de Caetano W. Galindo. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2012.


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