sábado, 8 de maio de 2021

À la Benjamin Button... (15)



Refeição Cultural

Olhar para trás...


Noite de sábado, 8 de maio de 2021. Noite fria em Osasco, São Paulo. 

Estou olhando para trás em minhas postagens em redes sociais. Não podemos voltar no tempo como o personagem Benjamin Button. Pelo menos não voltamos o relógio biológico para trás. Envelhecemos a cada instante.

O passado e o futuro não existem, o que existe é o instante, o presente. Mas o passado existe à medida que trazemos para o presente eventos passados e os ressignificamos. O futuro será o presente no instante seguinte, a partir do ponto de vista do observador da realidade, porque nela ele está, nela ele é. O real só existe sob a ótica do observador, porque o mundo exterior é interpretado por cada cérebro humano existente no planeta Terra.

PANDEMIA - O "NORMAL" PASSOU DE MIL PARA MAIS DE DUAS MIL MORTES/DIA 

Escrevi no dia 16 de agosto do ano passado que já haviam falecido 107 mil pessoas no Brasil, vítimas da Covid-19. Estava indignado pelo fato de se ter normalizado nos meios de comunicação e manipulação de massa cerca de mil mortes por dia (a imprensa golpista nunca quis tirar o genocida do poder porque apoia a agenda de privatizar tudo). Não era nada demais as mil mortes diárias. A estatística das mortes era noticiada como acidente entre dois carros com uma vítima fatal. Hoje, são mais de duas mil mortes por dia e é mais normal ainda... (e a imprensa golpista segue sem querer tirar o genocida do poder, só quer domá-lo, mas quer manter a agenda dele). 420 mil pessoas morreram de Covid-19 no país.

PAÍS MILICIANO

Mensagens de celulares de milicianos para o "homem da casa de vidro" não despertaram interesse da grande imprensa (PIG). Milicianos mataram a vereadora e líder negra Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes em 14/3/18 e nunca quiseram divulgar os mandantes do crime. Em qualquer lugar sério do planeta, os indícios de crimes graves envolvendo autoridades no poder já teriam mudado a situação política do país, mas aqui é o país jabuticaba, o país da casa-grande e senzala. Nesta semana a polícia chacinou 29 pessoas na favela do Jacarezinho (RJ): um banho de sangue! Esse é o país das milícias, do crime organizado. Caminhamos para ser a Colômbia gigante do continente sul-americano.

Vamos olhar para trás, momentos iniciais da pandemia mundial de Covid-19 no mundo. O novo coronavírus chegou ao Brasil entre fevereiro e março de 2020 e as primeiras vítimas começaram a morrer logo depois. Nós entramos em quarentena a partir do dia 18 de março, quando nosso filho voltou da cidade onde fazia faculdade e passamos a sair de casa só para as coisas mais essenciais, na verdade eu saía. Minha esposa e filho ficaram meses sem pôr os pés para fora de casa em 2020.

Comecei a ler mais a partir daquele momento. Um dos primeiros livros que li durante a pandemia foi o Decameron, de Giovanni Boccaccio, um livro clássico cujo pano de fundo da estória é o isolamento de dez jovens da bela Florença para narrarem novelas durante os 10 dias em que estiveram juntos. Eles fugiam da pandemia de peste negra que assolava a Europa e a Itália no século XIV.

Vamos olhar para trás. Eu li uma narrativa por dia, foram 100 dias de Decameron. Durante a leitura diária eu torcia para sobreviver e chegar ao fim das 100 narrativas. 

Ainda estou por aqui.

------------



30/4/20

Decameron, 29 dias, 29 novelas

Uma mulher enfrenta todo tipo de humilhação por parte daquele que a toma por esposa. A novela evidencia o tempo todo o quanto é absurda a condição das mulheres ao longo da história das sociedades machistas e misóginas.

Poderia ser diferente séculos depois... poderia. No entanto, num país jabuticaba, lá no século 21, dezenas de mulheres brancas, pretas, pardas, amarelas, votaram num monstro a favor do estupro, da tortura, que entende que mulher deve ter menos direitos e que seres humanos do sexo feminino são frutos de fraquejadas.

Que dizer sobre essa decisão de milhões de mulheres do país jabuticaba?

O monstro eleito diria: E DAÍ?


29/4/20

28ª novela do Decameron

Eu cheguei a rabiscar no canto da página que a estória não tinha verossimilhança... mas no parágrafo seguinte, me lembrei do Brasil dos bolsonaristas, dos pastores evangélicos mancomunados com o bolsonarismo, das bestas chamadas de "gado" que acreditam em qualquer absurdo e pensei... se eu lesse no futuro sobre esse momento do Brasil e dos brasileiros, eu acharia que a história não teria verossimilhança.

A NOVELA - Um marido é enganado por um abade, que faz ele achar que morreu e foi para o Purgatório por ser ciumento, o abade fica com a mulher dele por 10 meses, engravida ela, tira o trouxa do quarto escuro que se fazia de limbo, e o bolsonarista (ops!) acredita que foi ressuscitado e fica de bem com a vida, com o abade, com o filho do outro, com a santa esposa...

Post Scriptum:

Qual seria ficção, o Brasil ou o Decameron?

Ao ler Sapiens de Yuval Harari, imagino que ele responderia na lata: - os dois!


28/4/20

27ª decamerada (faltam só 73 agora...)

Tebaldo, amante de uma jovem esposa, é repelido por ela por causa de uma sessão de confidência a um frade. Anos depois, Tebaldo volta, salva o marido dela, desvenda um crime, e faz todo mundo viver feliz pra sempre, inclusive com os amantes voltando a se encontrarem. Foi uma das novelas com melhor estrutura romanesca até agora.

Instantes... li cansado, pois foi dia de limpeza em casa (segue amanhã).

A estória foi longa, mas o enredo ajudou.

O jovem amante, Tebaldo, faz um longo discurso falando da safadeza dos frades daquela época, que não eram mais santos como antes. Que agora só queriam saber de roupas de luxo, arrancar dinheiro de pobres, mulheres e homens (ele disse "uns bestas").

Caraca! O personagem nos descreveu os canalhas dos tais "bispos" e "pastores" de hoje, que ajudaram a f... o Brasil, transformando pessoas simples e honestas em bestas... (Decameron é tão atual...)


(ainda 28/4/20)

Instantes...

Li um conto pela manhã. Vários interesses na fila de leitura. Mesmo sendo um à toa hoje, o tempo não tá prestando pra nada, quando vê é tarde, quando vê é noite, quando vê não fizemos o que queríamos. O tempo psicológico é muito mais cruel que o tempo da física do universo. É porque estamos caminhando pro fim desde que nascemos. Uns tão mais adiante, outros mais atrás. E ainda me vem essa merda de Covid-19. A vida não tem graça sem sair à rua; pior ainda ter que usar aquelas merdas na cara. E lavar tudo que entra em casa, então? Que saco, que merda! E ainda tem o mundo destruído pelos golpistas; tem a miséria geral do povo no mundo; uns desgraçados no bem bom f... o povo. Que preguiça desgraçada de lavar o banheiro e limpar a casa, mas a gente tem que fazer o que tem que ser feito. E eu fico me perguntando pra que isso, pra que aquilo, se ao final é tudo uma solidão só do existir, mesmo acompanhado, mesmo na multidão. E ainda tem a pressão alta, e o cuidar-se pro corpo não explodir ou falhar... casa pra limpar, isolamento social por fazer, coisas pra ler sem ler. E as memórias que poderiam ser escritas pra ninguém ler... quanta inutilidade, nem sabemos que mundo vai ter. Saco, saco com tudo isso! Que se fodam ao menos os desgraçados que causaram o mal generalizado, porque do lado de cá, do povão, o sofrimento é cotidiano mesmo, com ou sem pandemia, com ou sem bico sem direitos trabalhistas (trabalho intermitente, precário).

Post Scriptum:

O sofrimento é sério, mesmo com direitos sociais de "classe média", mas sem direito à felicidade, sem ser feliz, ou por não ter direito ou por não saber mesmo como abstrair de tudo que infelicita. Como ser feliz em meio a tanta miséria alheia, ao redor, tendo consciência que isso é projeto, é proposital, planejado por uns desgraçados?


27/4/20

26ª decamerada

A jovem Catella é enganada por um homem ao aproveitar-se do ciúme dela em relação ao marido. Achei o final da estória absurdo e sem verossimilhança. Nenhuma pessoa traída (e que ama de verdade) se comportaria - a personagem - passando a ser amante do fdp que a sacaneou.

A não ser, é claro, que todo o enredo se passasse no país jabuticaba, mais irreal que qualquer terra do nunca, onde preto é racista, funcionário público é contra empresa pública, religioso é o diabo e defende o ódio... onde elegem aquilo que elegeram... mas numa boa ficção há que se ter verossimilhança... SÓ O BRASIL É INVEROSSÍMIL!


26/4/20

Decameron, 25 novelas lidas

25° dia de decamerendas... marido avarento deixa um jovem falar a sós com sua mulher em troca de um belo cavalo... mulher ficou p. da vida com isso e marido encontrou o que procurou...

Faltam 75 dias para terminar as 100 novelas decamerônicas. A pandemia avança fazendo vítimas, o vírus procura corpos em todo canto... além do risco virótico de morrer, ainda temos o risco de morrer de tristeza tendo um treco fatal no corpo sofrido... 75 dias parecem uma eternidade... mas hoje estive vivo.


25/4/20

24 estórias do Decameron

A jovem Isabetta trai o marido, frade Puccio, com o monge dom Félix. O tom provocativo e irônico da novela me fez imaginar como seria ler tal estória na Idade Média...

Enquanto isso no Brasil... Moro trai Bolsonaro, que trai Moro, que trai a deputada que é o demônio... a traição, a mentira e a sacanagem se transformam em instrumentos de gestão do cabaré Brasil... coitado do Boccaccio, nem ele conseguiria criar na ficção a realidade dessa desgraça que PIG, Lava Jato e casa-grande nos colocou...

(Segue o enterro... sem velório! Tá proibido por causa da pandemia das pestes)


24/4/20

23 dias de novelas do Decameron

Uma esposa usa um padre para atrair um amante ao leito assim que o marido viaja (fazendo-se de honesta...)

É a própria representação da realidade da zona do governo no país jabuticaba...


23/4/20

22, 22 (78 faltantes...)

Decamerei mais um dia. Estória meio esquisita, bem ao estilo de tempos loucos, de pandemias viróticas, mentais e morais.

Um sujeito dorme com a rainha através de uma artimanha; a rainha não sabe que transou com outro; o rei descobre, mas se vê impedido de punir o culpado; o culpado sai ileso por usar a inteligência. Fica tudo por isso mesmo...

Pois é... enquanto isso no Brasil... uma sujeita "empresária" de Curitiba "reedita" o decreto de Hitler e sugere marcar com laço vermelho as pessoas que respeitam a quarentena para frear o avanço da pandemia do Covid-19...

Ver essas coisas ficarem impunes fere tanto o ser humano ainda moral que é perigoso ele morrer antes de acabar o Decameron por tristeza e suas consequências corporais... pressão, AVC, infarto, câncer, depressão... difícil ver tanta degradação e destruição do que ajudamos a construir em décadas de lutas coletivas...

Aguenta aí, corpo meu! Por favor! Tem pessoas que precisam de mim...


22/4/20

Instantes... (não vou falar da porcaria do vírus que virou desculpa pra tudo!)

- E o dólar que fechou a R$ 5,41...
- E os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (tudo combinado naquele endereço famoso no Rio)...
- E a Lava Jato, a destruição das cadeias produtivas no Brasil (tudo combinado com os Estados Unidos)...
- E aqueles procuradores que agiram pra enriquecimento próprio...
- E aquele juiz que virou "ministro"...
- E o PSDB do Aécio, do FHC, do Serra e do Chuchu...
- E a Globo que continua por aí manipulando nós todos...
- E a "Justiça" que não tá nem aí para os crimes diários da milícia no poder...
- E o Temer, nossa!, cadê o Temer...
- E as reformas que acabaram com os direitos trabalhistas e previdenciários e com o orçamento do SUS...
Porra, e os problemas da classe trabalhadora como miséria, fome, morte, desemprego, falta de esperança, falta de tudo e nada de cidadania vão ser atribuídos à pandemia do Covid-19?
Meu, cadê um meteoro pra cair no meio dessa merda toda e acabar com essa espécie animal que não deu certo (como os deuses dos povos maias-quichê fizeram com os homens de barro e madeira nas lendas do Popol Vuh)?
Me ajudem! Me ajudem!


22/4/20

21 dias, 21 estórias do Decameron

A 3ª jornada começou e a lascívia será o carro chefe desta série de narrativas...

Nesta 1ª, um jovem vai trabalhar num convento com 9 mulheres e os pecados da carne vencem as batalhas com o céu.

O besta aqui estava horrorizado pensando no impacto da obra em 1353... os homens e as mulheres são os mesmos de hoje, que votam e apoiam o "messias" defensor da tortura, do ódio e que limpa remela do nariz na mão e pega na mão dos outros na multidão em tempos de pandemia... besta sou eu em achar que os homens são bichos morais...


21/4/20

Lendo Decameron, de Giovanni Boccaccio

"Gente, é isso! Já sobrevivi até aqui. Estou me cuidando e seguindo as recomendações das autoridades de saúde. Vamos ver se sobrevivo mais 80 dias para ler as outras 80 narrativas do clássico..." (trecho de postagem feita no blog no dia que completei a leitura de 20 narrativas)


20/4/20

19 novelas do Decameron (19 dias)

Ao ler hoje a estória de Genebra, esposa honesta de um mercador, que foi enganado e mandou castigar a esposa inocente (a estória tem final feliz), fiquei pensando na ingratidão humana e no quanto às vezes acho que os humanos não valem a pena. As pessoas são facilmente enganadas através de fake news e maledicências e o cotidiano social vira uma merda só. A gente vê gente mal-agradecida em casa, no trabalho, na sociedade ao redor da gente... Saco cheio de tudo e de todos!

Será que duro os 81 dias que faltam pra acabar o Decameron? Se não durar, que se foda também!

------------

Nenhum comentário: