terça-feira, 11 de maio de 2021

Cérebro humano - Abstrações criam e destroem



Refeição Cultural

"Se eles conseguem fazer com que você acredite em absurdos, eles podem fazer com que você cometa atrocidades." (Voltaire, citado por Nicolelis, p. 306)


Estou lendo o livro do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, O Verdadeiro Criador de Tudo - Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos (2020). O livro é fantástico! Estou no capítulo 11 - "Como abstrações mentais, vírus informacionais e hiperconectividade criam brainets letais, escolas de pensamento e o zeitgeist". A leitura nos faz pensar, ou melhor, nos faz raciocinar, uma ação com sério risco de continuidade nos seres humanos, segundo avaliação minha após ler as explicações científicas do professor Nicolelis.

Após a leitura dos primeiros capítulos, leitura densa porque teve muita anatomia, biologia, neurologia e outras "logias" das áreas médicas e anatômicas do cérebro animal, principalmente o animal homo sapiens, os capítulos finais do livro são construções narrativas das teses de Nicolelis sobre o cérebro humano, o comportamento humano individual e coletivo, sempre centrado nas suas experiências de décadas. São abstrações, para usar a linguagem do próprio Nicolelis, mas nos colocam a pensar muito.

A leitura é tão densa, que não consigo ler um capítulo de uma vez, como tentei fazer nos primeiros capítulos do livro. Lemos alguns parágrafos e a vontade de ficar pensando a respeito de tudo nos domina. É impossível não parar para refletir e interpretar o que está ocorrendo conosco no Brasil e no mundo. Repito o que já disse em algumas reflexões: não há espaço algum para misticismo, essas abstrações mentais que inventamos são autoenganos, formas de buscar-se algum tipo de conforto ou ferramentas para lidarmos com a dura realidade da existência.

Ao citar o genocídio em Ruanda, no ano de 1994, ao citar as duas guerras mundiais, nazismo, fascismos diversos, explicando o funcionamento das brainets, fica claro para mim a possibilidade de termos um banho de sangue nesta terra conhecida na atualidade como "Brasil". Está em andamento um processo com todas as características dos processos na história das sociedades humanas que levaram a tragédias de grandes proporções. E como sempre ocorre, as pessoas acham que não é possível acontecer o que pode acontecer porque as pessoas avaliam com base em "razão", não compreendendo que os processos acontecem sem nenhuma base de "razão".

Termino essa breve postagem com uma reflexão racional observada a partir da realidade e com o conhecimento de ações já realizadas pelo animal humano ao longo da história das sociedades humanas: se nada mudar no andamento das coisas na sociedade brasileira, da forma como as coisas estão se desenvolvendo, podemos ter aqui uma repetição do genocídio ocorrido em Ruanda em 1994. Talvez sejamos caçados e exterminados pelos zumbis do regime que se instalou após o golpe e com o apoio da casa-grande. Infelizmente. 

"O genocídio de Ruanda, em 1994, é um lembrete macabro de que, uma vez que uma abstração mental espalha-se e passa a ser aceita indiscriminadamente como 'verdade', catástrofes antropogênicas de proporções épicas têm grande possibilidade de ocorrer." (p. 307)

Interrompam esse regime e essa brainet senão o Brasil entrará para a história das sociedades humanas naquela seção das maiores tragédias humanitárias de extermínios humanos.

William


Bibliografia:

NICOLELIS, Miguel. O Verdadeiro Criador de Tudo - Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos. São Paulo: Planeta, 2020.


Nenhum comentário: