Refeição Cultural
Osasco, domingão de 21 de maio de 2023.
A leitura de cada frase do livro da professora Maria Leite - Cuba insurgente: identidade e educação (2023) -, sobre a pedagogia em Cuba, sobre José Martí, me faz parar e pensar o Brasil, Lula, nós povo brasileiro, o PT, a CUT, a Articulação Sindical, esse mundo complexo que as religiões e as mentiras simplificam...
Estudar determinados temas e conhecer a cada dia do viver a nossa ignorância geral e a nossa dificuldade em alterar a realidade material é obrigação de alguém politizado. Mesmo sentindo certa impotência por não conseguir no tempo de uma vida humana alterar significativamente o rumo da sociedade, sei pela razão que devemos seguir todos os dias com certa ética que nos formou como seres humanos humanistas.
Abaixo, alguns excertos que me puseram a pensar, extraídos do item "Martí e a insurgência como princípio educativo", do livro da professora Maria Leite:
Martí sobre a liberdade:
- "El mundo tiene dos campos: todos los que aborrecen la libertad, porque sólo la quieren para sí, están en uno; los que aman la libertad, y la quieren para todos, están en otro. (José Martí)"
Martí e sua reflexão após ver o julgamento dos anarquistas de Chicago, em 1886:
- "Uma vez reconhecido o mal, o ânimo generoso sai a buscar remédio. Uma vez esgotado o recurso pacífico, o ânimo generoso recorre ao remédio violento." (me lembrei de Mandela ao chegar à mesma conclusão na luta contra a violência do regime Apartheid)
Martí após questionar o mito do eurocentrismo e da picaretagem de dizer que o colonialismo incluiu as Américas na História:
- "A inteligência americana estava no penacho indígena e quando se paralisou ao índio, se paralisou a América." (Acosta)
Martí e as bases da criação do conceito de Nuestra América:
- "(...) ele então projeta um horizonte humanista para a região que denominou Nuestra América. A originalidade desta proposta é a autoctonia, com suas raízes políticas e culturais próprias, sintonizadas com a identidade latino-americana."
---
IMPULSOS ELÉTRICOS NO CÉREBRO
- O homem José Martí era originário de um país colonizado por povos imperialistas da época. Espanha na época de suas lutas e suas ideias libertárias, depois Estados Unidos, após sua morte e entrado o século seguinte. Martí já sabia que os EUA iriam tomar o lugar da Espanha no imperialismo e colonialismo... Décadas depois, Fidel Castro, um martiano, liderou o povo cubano na libertação do país das garras da águia do Norte. Desde então, o império atua para matar de fome o povo que escolheu a liberdade... e os homens do mundo, do tipo G7, aceitam numa boa esse genocídio.
- Lula falou ontem em Hiroshima (Japão) sobre paz no encontro do G7, uma sigla para lembrar do imperialismo desta época. O homem Lula foi um preso político do imperialismo para que a ex-colônia Brasil voltasse a ser colônia do imperialismo atual. Os animais humanos são tão cínicos que os homens do G7 se reuniram na cidade destruída pela bomba atômica para organizar nova guerra total contra a Rússia e a China... e o cristão do Lula querendo paz entre os povos...
- Após conhecer Cuba - por poucos dias, é verdade - só aumentou a minha perplexidade em saber que até hoje, até este momento, o povo cubano e seu regime político - uma república socialista - resiste aos ataques violentos e perversos do imperialismo para derrubar o governo e fazer de Cuba um Haiti "capitalista". O bloqueio norte-americano a Cuba é genocida. Minha suspeita é que a resistência do povo cubano até agora é por causa da educação dada desde a mais tenra idade e desde 1959. Na verdade, desde antes, já que a pedagogia cubana vem de Martí e outros educadores desde meados do século XIX...
- No Brasil capitalista não temos uma educação cubana. Cada povo e cada cultura é uma experiência única, mesmo num mundo globalizado. Após uns 40 anos lendo e estudando alguma coisa dentro das possibilidades às pessoas de minha origem, fora da classe dominante, fica fácil entender como se dão as coisas no Brasil. A casa-grande e os banqueiros e coronéis do Agro deram o golpe, entregaram tudo de valor ao império, e fizeram as reformas trabalhista, sindical, previdenciária e da educação. O novo ensino médio, que o Lula não quer peitar, é para nunca termos aqui um povo cubano...
São tantos impulsos elétricos em meu cérebro, essa máquina de 86 bilhões de neurônios, como nos ensina o neurocientista Miguel Nicolelis, tantos impulsos que dá até preguiça para seguir escrevendo... pra quê?
Paro aqui e vou pedalar um pouco pelas ruas de Osasco e Butantã, meu mundo colonizado.
---
EI, QUAL A CONCLUSÃO DO TEXTO?
Espera aí, meu! Pra quê você citou os excertos sobre Martí se não alinhavou nada de seus impulsos elétricos com os conceitos ali contidos?
Verdade, tenho que alinhavar o texto:
Acho que não adianta estar do lado daquele grupo que defende a liberdade pra todos se não soubermos utilizar essa liberdade para libertar a mente das pessoas. Os governos do PT, o Lulismo, não libertaram a mente de nosso povo pobre e trabalhador. Não deu tempo ou não era estratégico peitar a casa-grande e libertar a mente de nossa classe através da educação.
Durante os 13 anos deixamos a formação de nossa gente ser a formação colonizadora dos donos do poder... óbvio que a inclusão pelo consumo sem mudar as ideias daria no que deu. Nos tiraram do poder sem guerra e sem resistência.
Enfim... vamos repetir isso? Me respondam vocês que estão dentro do NOSSO governo, porque estou de fora e não sei quais são as estratégias para não repetirmos a história de nosso fracasso após a experiência positiva de estarmos no governo por 3 mandatos em mais de 5 séculos de dominação deles.
Qual a nossa estratégia em relação ao povo que precisamos para nos apoiar no enfrentamento aos nossos inimigos de classe?
William
Bibliografia:
LEITE, Maria do Carmo Luiz Caldas. Cuba insurgente: identidade e Educação. Editora CRV, Curitiba, 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário