sábado, 21 de outubro de 2023

Diário e reflexões


Pôr do sol em Uberlândia.

Refeição Cultural

Osasco, 21 de outubro de 2023. Sábado.


Reflexões a respeito da não esperança e a ética de lutar assim mesmo pela vida e por um mundo melhor para a coletividade ao ler Banzeiro òkòtó: uma viagem à Amazônia centro do mundo


"(...) pela primeira vez na trajetória humana, o futuro, em grande medida, está dado. Sabemos que viveremos num planeta muito pior..." (Eliane Brum, em Banzeiro òkòtó)


Essa constatação citada acima, da escritora e jornalista Eliane Brum, de que o amanhã será pior que o presente, por causa do colapso ambiental no planeta, é ousada e chocante, e também responsável. Alguém tem que dizer sem meias palavras algumas verdades factuais para a humanidade. Nós e nossos jovens e crianças de hoje estamos todos fodidos no amanhã por causa do que fizemos ao planeta Terra.

Aliás, os responsáveis diretos por destruírem as condições de vida no planeta podem até ser poucos caras - em geral homens brancos -, os donos do poder real, os capitalistas e endinheirados do mundo e seus lacaios no poder estatal, mas não fazer nada ao termos a consciência da realidade e ficarmos em nosso mundinho pessoal levando a vida nos faz cúmplices da destruição do único mundo possível para se viver.

A leitura desse livro-denúncia de Eliane Brum é uma leitura motivada pela minha busca de conhecimento, pela minha participação no Instituto Conhecimento Liberta (ICL). Por fazer parte dos coletivos de humanes que não desistiram de estudar e aprender novos saberes e por fazer o curso "13 livros para compreender o Brasil" me peguei lendo livros que eu não escolheria para ler caso estivesse somente por minhas listas de desejos de leitura. 

O livro é denso demais, doloroso demais. Eu particularmente não consigo embalar a leitura em uma centena de páginas porque a cada capítulo fico mal, pensativo, indignado, querendo abrir a porta de casa e sair para fazer alguma coisa pelo mundo. 

Alguém rapidamente pode pensar: mas então pra quê ler um troço tão deprê desses? Porque é nossa obrigação ética de ser humano politizado e educado estudar e pensar a respeito dos problemas que afetam a vida humana e a vida no único lugar no universo onde há formas de vida desenvolvidas como na Terra. (nunca me esqueci das palavras de Carl Sagan falando sobre o pálido ponto azul visto do espaço)

O capítulo "68. a esperança é superestimada" é muito intenso. Os seguintes também, quando Brum aborda a questão do suicídio dos jovens na região de Altamira. Em certo momento, a escritora vai abrindo o coração para os leitores e nos vemos nela, eu me vi nela. Imagino que cada leitora e leitor se verá nela, se verá no espelho do presente ou do passado de sua própria vida. Eu me vi em Eliane Brum ao ler uma sequência de capítulos duríssimos como os que estou neste momento da leitura.

Eu já sofria com a impotência de indivíduo atomizado no mundo ao ver a mortandade na região da Ucrânia, numa guerra onde os civis são bucha de canhão da disputa hegemônica pelo poder do mundo, sempre com os Estados Unidos por trás das guerras, e agora estamos assistindo ao genocídio do povo palestino por parte do Estado sionista de Israel. E aí fico pensando no relato de Eliane Brum nos contanto sobre a guerra que os humanes estão travando contra a Amazônia e os demais biomas do mundo...

Registro triste. Registro necessário. A gente fica triste, mas não desiste de lutar e de viver e de se envolver em algo que possa contribuir para mudar essa realidade. Estudar e escrever é uma forma de atuar. Sigamos.

É preciso tolerância e unidade para pararmos as guerras, contra pessoas humanas e contra a natureza.

William


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