Refeição Cultural
Osasco, 17 de outubro de 2023. (pensando os dias passados, nos quais não tive nem tempo nem ânimo para registrar nada)
Estivemos em Uberlândia, Minas Gerais, no fim de semana de feriado. Na quinta-feira 12 foi Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e Dia das Crianças. Na sexta-feira aconteceu o casamento de minha sobrinha. Foi um dia feliz para a nossa família. Correu tudo bem. Foi uma alegria imensa ver os familiares e matar saudades das pessoas que amamos.
Enquanto olhava (observava) a natureza no Parque do Sabiá, depois das correrias comuns do casamento, pensava na nossa participação na natureza do planeta Terra e na nossa natureza animal. Tenho tido a oportunidade de ler reflexões e ensinamentos de intelectuais que transmitem grandes lições sobre a vida e o mundo.
Sábios como o filósofo indígena Ailton Krenak nos alertam para a nossa real condição de animal humano: nós apenas compomos a natureza, não somos donos dela ou estamos acima das demais formas de vida na natureza, nós compomos a natureza. Se, por um lado, temos uma capacidade maior de alterar a natureza e de destruí-la também, por outro, a natureza é e seguirá sendo natureza, independente de existirmos ou deixarmos de existir. Aliás, é um fato concreto que se deixássemos de existir (os destrutivos homo sapiens), talvez a natureza e as demais formas de vida e biomas tivessem melhores chances sem a nossa presença destrutiva.
A cada dia que passa, mais penso a respeito dos ensinamentos do neurocientista Miguel Nicolelis que vem estudando o cérebro humano há quarenta anos e nos explica "como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos" no livro O verdadeiro criador de tudo (comentário aqui). A leitura dessa obra mudou minha forma de compreender a vida e o mundo. Não só esse livro de ciências melhorou minha compreensão, é claro!, pois tenho lido textos esclarecedores de diversas áreas do saber e a cada leitura percebo mais por que as coisas são como são. Entretanto, o livro de Nicolelis foi como um abrir de cortinas para uma nova forma de ver as coisas.
Entender o funcionamento do cérebro do homo sapiens nos ajuda muito na hora de buscar explicações para fenômenos como as religiões e o poder de influência delas, o capitalismo e sua máquina ideológica que destrói o mundo e impede as pessoas de reagirem a isso. Me ajuda a entender coisas banais do cotidiano como a imbecilidade de pessoas beberam até vomitarem, virarem corpos ambulantes e zumbis sem domínio da razão, fazerem merdas por aí e causarem problemas às vezes sem retorno para si e para os outros.
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Temos que debater urgentemente a cultura do álcool! Inclusive pensar em limitar as propagandas como fizemos no Brasil em relação ao cigarro. O consumo de álcool no Brasil já é um sério problema de saúde pública!
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Compreendo cada dia mais como funciona a cultura do álcool, o consumo de bebida alcoólica que alimenta a riqueza de poucos caras e destroem as pessoas, as famílias, a sociedade humana, inclusive o sistema de saúde. Mas alerto aos leitores que compreender não é perdoar... já dizia Hobsbawm em seu livro A era dos extremos (comentário aqui). E ao ver tanta falta de sabedoria e irresponsabilidade nos homo sapiens a gente acaba sentindo aquele famoso "pessimismo da razão". E por isso preciso buscar entusiasmo diariamente para seguir esperançando com ações. Ler e estudar diariamente é uma forma de seguir lutando porque escrevo baseado no que penso e reflito, e baseado nas minhas experiências de vida.
Enfim, agradeço ao professor Miguel Nicolelis por nos fazer entender melhor nosso cérebro humano e como criamos o mundo no passado e no presente. Agradeço ao professor Eric Hobsbawm por nos fazer conhecer um pouco do passado da sociedade humana. Até entendo os mecanismos que fazem as pessoas beberem de forma estúpida e não pensarem nas consequências nefastas oriundas do uso da droga álcool. Entendo do ponto de vista dos ensinamentos da ciência. Mas penso como Hobsbawm: "o difícil é compreender".
Neste fim de semana andei pelo Parque do Sabiá, eu amo aquele parque e aquela natureza. Vi curicacas, carcarás, peixes, árvores maravilhosas, ouvi cantos diversos dos pássaros - em especial os pássaros-pretos do Sabiá. Somos natureza!
Como nem tudo são flores e amores, além da felicidade de ver o casamento de minha sobrinha e do encontro com a família amada, vi também as cenas comuns do consumo do álcool em excesso.
Neste fim de semana, vi pessoas beberem mais que o razoável, é o cotidiano do mundo atual, em qualquer ambiente social. Que dureza isso! É muito comum um instante de embriaguez destruir vidas e relações de toda uma vida. Qual família e qual grupo de amigos já não viu isso? As pessoas precisam refletir sobre o quanto estão exagerando no álcool! Tá foda todo dia ver alguma notícia trágica ligada ao consumo de álcool. Tá foda isso!
E ainda temos as guerras atuais, os ódios, as ganâncias e as intolerâncias do mundo humano. Hoje vivemos sob máquinas de manipulação em massa. E tem muita gente para ser manipulada por aí. Quanto mais se investe na desinformação, na destruição da educação e da cultura, mais ignorantes (não sabedoras) estarão as pessoas para caírem nas manipulações daqueles que detêm o poder de manipular.
Temos a destruição acelerada da condição da vida no planeta Terra. A emergência climática, que é uma guerra da espécie humana contra o planeta todo, nos impõe uma tarefa urgente: interromper o processo de destruição do planeta. E aí? O que vamos fazer individual e coletivamente para alterar a rota do fim do mundo?
É isso. Registro feito de algumas impressões deste blogueiro que lê, vê, pensa e escreve neste livro virtual.
William
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