terça-feira, 31 de outubro de 2023

Diário e reflexões - Outubro



Refeição Cultural - Outubro

Osasco, 31 de outubro de 2023. Terça-feira.


Opinião


INTRODUÇÃO

Nada no horizonte indica a interrupção das guerras e uma pausa na destruição da natureza. As relações humanas utilitárias seguem destruindo o que nos constituía como os tais seres sociais humanos. Temos que mudar essa realidade. 


Este mês de outubro foi um mês de bad, de um forte banzo apertando o peito. Eu não me lembro nos estudos de história da civilização humana de um Estado mandar assassinar crianças em massa, milhares de crianças, como o Estado de Israel vem fazendo desde o início da guerra na Palestina. Pelo menos de forma pública e aberta como estão sendo assassinadas as crianças palestinas.

Estamos assistindo ao assassinato de crianças, mulheres, idosos e civis por um Estado, na maior cara de pau e tudo ao vivo e à cores. Israel tem um governo sionista de extrema-direita. Tudo indica que Israel quer se apropriar totalmente das terras palestinas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia expulsando milhões de palestinos que já ocupavam o território antes de 1947. E o império decadente norte-americano foi lá para apertar as mãos do genocida e dizer que apoia incondicionalmente o extermínio da população civil.

Sim, temos outros assassinatos em massa de crianças na história e nas tradições culturais. É de conhecimento da história o Estado da Alemanha mandar assassinar crianças judias durante o governo nazista de Adolf Hitler (1933-45). Também é conhecida a história bíblica, nos relatos de Mateus, sobre o assassinato de bebês pelo rei da Judeia Herodes, o Grande. Ao se sentir enganado pelos Reis Magos, que não disseram a ele quem era o recém-nascido que seria "Rei dos Judeus", Herodes mandou matar todos os meninos com até dois anos de idade em Belém e região.

Enfim, nosso mês de outubro tem sido assim... dezenas de pessoas no mundo mortas diariamente, centenas e milhares, crianças e pessoas indefesas sendo trucidadas por bombas por ordem de alguns homens brancos donos do poder. Difícil alguém consciente sentir uma felicidade pessoal plena como ser humano... o mundo humano tá uma merda!

---

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA (O CAPITALISMO CONSUMINDO O MUNDO)

A Amazônia enfrenta uma seca violenta neste momento. Rios seculares e caudalosos estão praticamente secos. Incêndios consomem biomas importantes. As camadas de gelo derretem onde elas existem há milhares de anos. A temperatura do planeta Terra aquece perigosamente. Bilhões de seres humanos estão sob risco de morte por absoluta falta de condições de sobrevivência. Estamos presenciando uma extinção em massa de seres vivos na Terra. E o sistema responsável por isso, que consome o planeta em benefício de alguns milhares de homens e suas famílias e agregados não é sequer citado pelas esquerdas e pelos povos do mundo como o responsável por tudo isso. Não se aponta o culpado e não se muda a rota do fim... o capitalismo é o monstro mais poderoso que já apareceu no planeta Terra. Não há conciliação nem reforma no capitalismo que impeça o fim da Terra e, no entanto, vai falar isso com a "esquerda" que você conhece... vai falar de socialismo...

Sem perspectivas de mudança à vista...

Mas não podemos desistir de mudar pessoas e mudar a rota do mundo para o fim.

---

IMPACIÊNCIA COM O DESPREZO E A INGRATIDÃO

Em meio a tudo isso que descrevi acima, o mundo no qual vivemos, estou menos resiliente em relação ao desprezo pelo qual todas as pessoas acabam passando em determinados momentos de suas vidas. A forma utilitarista pela qual as relações humanas passaram a se balizar na sociedade me incomoda, me enoja, e até sei que temos que continuar fazendo cara de paisagem ao sermos desprezados, mas o incômodo começa a exigir de mim mudanças para que eu continue a caminhada por esse mundo mundo vasto mundo drummondiano.

---

SÃO SILVESTRE, SAÚDE E CONDICIONAMENTO FÍSICO

No início de outubro, decidi me inscrever e correr na 98ª edição da Corrida de São Silvestre (comentário aqui). Ao finalizar o primeiro dos três meses de treinamento, percebi que a realização deste objetivo será mais complicada do que imaginei.

Desenhei uma estratégia de fazer oito treinos de corrida em cada um dos três meses. Deu errado! Já na segunda corrida, dia 8 de outubro, senti uma lesão na parte posterior da perna direita. Foi uma tristeza geral, fiquei bem decepcionado comigo mesmo.

Fechando o mês, analisei a situação, avaliei a mim mesmo, e redefini a estratégia de treinamento possível para atingir um condicionamento físico que me permita percorrer em trote leve os 15 Km da prova no dia 31 de dezembro.

Tenho que diminuir um pouco meu peso porque minha estrutura óssea e muscular do aparelho locomotor não é mais a mesma. A tarefa é difícil porque tenho um peso estável há décadas. Teria que emagrecer uns 3 Kg que adquiri nos últimos anos. Vou fazer um esforço para isso. 

Está difícil lutar contra minha genética (natureza). Tenho que diminuir o volume do abdômen (98 cm) e reduzir meus 76,2 Kg. Preciso mudar minha alimentação, meus horários cotidianos e rotinas. Meus hábitos são muito ruins, durmo tarde, durmo pouco e os horários das refeições são pouco usuais.

Vou estabelecer uma rotina de caminhadas contra o relógio, diminuir o tempo dos quilômetros na caminhada. Isso vai melhorar meu condicionamento cardiorrespiratório e vai me fazer queimar calorias. E vou manter um pouco de musculação para a região do tronco (core) e pernas. Estou saindo de 13' o Km para 10' e isso dá uma diferença grande na caminhada.

Até dezembro, calculo correr umas 12 vezes, ao invés das 24 vezes que havia pensado para os três meses, mais ou menos a metade das corridas, do final do mês de novembro até perto da prova. Vou tentar nadar uma vez por semana também para melhorar o condicionamento físico geral.

Vamos ver o que rola nesta nova estratégia.

---

LEITURAS E DEMAIS EXPERIÊNCIAS CULTURAIS

As leituras de livros estão mais lentas em relação ao primeiro semestre deste ano. Eu havia previsto isso.

Já finalizei neste ano a leitura de 28 livros, e não considero isso pouca coisa. Li livros difíceis, densos, que mudam a visão de seus leitores. Quando penso nas leituras políticas que fiz, compreendo por que estou tão modificado em relação ao que avalio que era tempos atrás.

Terminei a leitura de Abdias Nascimento (comentário aqui) e li uma obra sobre Luiz Gama (comentário aqui). Se somar os conhecimentos dessas leituras ao que aprendo com o intelectual Jessé Souza (ler aqui), fica claro por que não consigo mais manter certa inocência que até nós do movimento sindical tínhamos no desempenho de nossos papéis de organizadores e representantes de classe.

Francamente, ao conhecer a história do povo afrodescendente sequestrado e escravizado no Brasil e nas Américas por séculos, ao conhecer as artimanhas dos brancos da casa-grande brasileira ainda hoje, é impossível continuar acreditando de forma quase pueril na conciliação de classes que meu querido presidente Lula acredita, um pacifista que sempre foi uma referência para mim. 

E, no entanto, não temos correlação de forças para mudar o status quo pela força... foda isso! Nossos inimigos de classe detêm todas as formas de violência estatal e privada.

E o livro da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum (comentário aqui)? Impossível não sentir o banzo que havia aprendido com a leitura de nossa querida Conceição Evaristo (comentário aqui). Banzeiro òkòtó é uma catarse só, nos modifica a cada capítulo do livro-denúncia, do livro-diário, do livro-chamamento para salvar o mundo. O desejo de mudança que falo na introdução fica patente ao ler cada página de Brum. Algo tem que mudar, tem que ser feito!

Enfim, tenho lido obras que gostaria que todas as pessoas deste país lessem, livros que fossem lidos pelas lideranças do movimento dos trabalhadores, lidos pela esquerda e pelos progressistas. Lidos pelas pessoas comuns, pela classe trabalhadora... 

Infelizmente, a imensa maioria só faz trabalhar ininterruptamente de manhã, tarde e noite em trabalhos precários para comer e morar e comprar os itens básicos do viver. Como um motoboy iria ler se trabalha umas 18 horas por dia?

Cada leitura e cada nova tomada de consciência me obriga a ficar vivo! Me obriga a seguir porque é uma ética e uma responsabilidade seguir vivendo e contribuindo de alguma forma para salvar a humanidade e o planeta Terra e até a mim mesmo, um ser vivo. 

Cada dia de estudo me obriga a amar as pessoas, a ser solidário e querer que a vida seja melhor para todas e todos. Me dá consciência e obrigação moral de ser contra a continuidade do capitalismo! Como pode não ser mais o horizonte de lutas da esquerda o fim do capitalismo e a luta pelo socialismo?

Sobre leituras e cultura é isso.

---

CONCLUO

Sempre se tem o que dizer sobre mais coisas relevantes do mundo. O Brasil, por exemplo, muito se poderia dizer sobre ele. 

A postagem, no entanto, fica por aqui, já está de bom tamanho para quando olhar para trás, num futuro incerto, aquele outubro de 2023.

Sobre a política, só registro minha tristeza pela entrega da direção da Caixa Econômica Federal aos corruptos do Congresso. Por duas décadas, só havia visto nossa empresa pública nas mãos da direita - parceira da "governabilidade" dos governos do PT - durante os governos dos golpistas, entre 2016 e 2022.

Lula faz o que pode, eu sei. Nós não temos apoio na sociedade para quase nada. A esquerda não tem neste momento capacidade de conquistar maioria neste lugar do mundo, um dos países de formação mais violenta no mundo, racista, misógino, xenófobo e com uma elite branca que odeia a classe trabalhadora e o próprio país.

Viver é uma necessidade! Sigamos!

William


Nenhum comentário: