quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Vendo filmes (XXXI)



Refeição Cultural

Lemon Tree (2008)

Direção: Eran Riklis e co-direção de Ira Riklis.

Com: Hiam Abbass, Ali Suliman, Danny Leshman, Rona Lipaz-Michael, Tarik Kopty, Amos Lavi, Lana Zreik e Amnon Wolf. 

Produção: Israel, Alemanha e França 


Sinopse: 

Uma viúva palestina, Salma (Hiam Abbass), vê seus limoeiros ameaçados quando o ministro da defesa de Israel, Navon, e sua esposa, Mira Navon, se mudam para a casa ao lado do pomar de Salma. A força de segurança israelense logo declara que os limoeiros colocam em risco a segurança do ministro e informa que eles precisam ser derrubados. Salma terá a ajuda do jovem advogado palestino Ziad Daud para ir até o Tribunal Supremo de Israel com a questão. 

Comentário:

Pelo que me lembro, vi este filme pouco depois de seu lançamento no Brasil. Fiquei impactado à época. Queria revê-lo já fazia um tempo.

Assistir ao filme agora, em pleno processo de genocídio do povo palestino, foi muito mais impactante que antes. 

É impossível não se sentir indignado com a injustiça que significa a ação do imperialismo norte-americano e do governo de Israel em relação ao povo palestino espremido na Faixa de Gaza e Cisjordânia após 1948.

Se já não bastasse todo o processo de ocupação da Palestina por israelenses após o término da 2a Guerra Mundial, expulsando o povo árabe que vivia ali há séculos numa divisão pra lá de controversa, e todos os avanços ilegais da ocupação até hoje, agora o mundo assiste à catástrofe humanitária de eliminação dos palestinos de sua terra. 

O filme se passa na fronteira entre áreas ocupadas por judeus em Israel e a Cisjordânia dos palestinos, em meados da primeira década deste século.

Os espectadores verão a tensão cotidiana na convivência entre judeus e palestinos. Há violências simbólicas nos abusos cometidos contra o povo palestino. E contra as mulheres do mundo...

Salma não aceita pacificamente a decisão monocrática do Estado de Israel de eliminar seu pomar de limões. 

No enredo, vamos perceber a questão da violência contra as mulheres, comum aos dois povos: árabes e judeus. 

Salma e Mira, em lados opostos, terão mais coisas em comum do que se poderia imaginar. 

Enfim, o filme é muito bom! Muito atual! E incomoda a gente, incomoda porque põe o dedo na ferida da causa palestina e das causas das mulheres.

Valeu muito rever Lemon Tree, que nos cativa do início ao fim, inclusive pelas cenas amenas que vemos como os momentos regados a limonadas.

William 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Instantes (19h24)



Refeição Cultural

AMARGO

Acordei com a notícia do falecimento do jornalista Mino Carta, aos 91 anos de idade. Fiquei triste, amargo.

Nesses dias, faleceram Luis Fernando Verissimo e Jaguar. Três grandes jornalistas, escritores, pintores e cartunistas brasileiros. 

Essas perdas me fizeram pensar na morte como uma realidade inevitável a todos nós. Num momento, estamos aqui, noutro, não existimos mais. 

Após a notícia triste, não havia outra coisa a fazer que não fosse fazer a minha parte para alongar a minha permanência na Terra. Fazer uma atividade aeróbica para retardar a bomba-relógio de minha genética. 

(Fazer, fazer, fazer... a aliteração pode ser uma estilística, mas não uma solução...)

Durante a caminhada acelerada, pensei tanta coisa, mas tanta coisa, que nem poderia registrar! Deve ter sido a boa oxigenação no cérebro...

Aí, pensando a respeito da morte, tenho que engolir o fato repugnante de que aquele verme genocida está sendo julgado hoje por outro de seus crimes, por tentativa de golpe de Estado, e não pelo genocídio planejado de centenas de milhares de brasileiros... é muito injusto isso!

Bolsonaro não tem nenhum processo pela morte planejada de centenas de milhares de pessoas ao longo de sua gestão como presidente do Brasil durante a pandemia de Covid-19. O cara nem é mais lembrado por isso, pelos 700 mil mortos sob sua regência...

Amargo... estou amargo.

Todos os corruptos se dão bem no mundo! Todos, com raras exceções. Um tá cumprindo pena num apto de 600 m2. A canalha responsável pelo suicídio do reitor de Santa Catarina está aposentada com proventos integrais de 50 mil dinheiros...

Só pobre, pretos, miseráveis que se fodem nessa sociedade humana de merda!

Tô amargo pra caralho!

Aí quando vejo a notícia da morte do Mino Carta, fiquei pensando no livro dele na estante de casa que queria porque queria ter lido com o autor ainda vivo...

É aquela culpa que carrego como um pecado original por não ter lido um monte de livros e autores que gostaria de ter lido e não li... porra, quando foi pra ser leitor de dezenas de livros, optei por aceitar a missão de ser sindicalista... caralho! Não podia fazer de conta que era sindicalista, tinha que ser de verdade, aí o curso de Letras foi pro saco, pro inferno.

Fazer, fazer, fazer... fiz o que tinha que ser feito. Mas hoje não sou porra nenhuma! Não sou professor, não tenho profissão nenhuma. E como não sou mais sindicalista, não sou nada!

Estou amargo hoje. É muita gente que admiro morrendo, gente que ensinou, educou, politizou, transmitiu valores que estão se perdendo. Fico triste de ver partir intelectuais que dedicaram a vida a evoluir a espécie humana e a sociedade. 

Mino Carta, Verissimo, Jaguar, sempre presentes! Obrigado por tudo! Vocês melhoraram o mundo!

William 

02/09/25