" 'O espírito do judaísmo', portanto, deve ser entendido, em última análise, como 'o espírito do capitalismo'."
Mas o autor salienta que isso se dá do ponto de vista sociológico apenas (críticas marxistas ao judaísmo são diferentes de antissemitismo).
Dois postulados do judaísmo basilares para a prática da usura:
"1) A atenuação dos conflitos de classe internos, no interesse da coesão da comunidade nacional em seu confronto com o mundo exterior dos 'estranhos': 'não faltarão pobres na terra; portanto, eu te ordeno, dizendo: abre tua mão para teu irmão, para teu pobre e para teus necessitados, em tua terra (Deuteronômio, XV, 21)
2) A promessa de readmissão na graça de Deus é parcialmente cumprida na forma de garantir o poder de dominação sobre os 'estranhos' a Judá: 'E os estranhos estarão lá para apascentar vossos rebanhos, e os filhos dos estrangeiros serão vossos jornaleiros e vinhadeiros (Isaías, LXI, 5)"
A usura só era permitida nas transações com estranhos, mas não com irmãos, afirma Mészáros. (p.34)
Mais adiante, explica ainda:
"O judeu emancipou-se de uma maneira judaica, não só adquirindo o poder do dinheiro, mas também porque o dinheiro tornou-se, por meio dele e também à parte dele, um poder mundial, enquanto o espírito judaico prático tornou-se o espírito prático das nações cristãs. Os judeus emanciparam-se na medida em que os cristãos se tornaram judeus" (Marx, On the jewish question, p.35)
As modificações protestantes do cristianismo:
CRISTIANISMO "teórico-abstrato" = "CRISTIANISMO-JUDAÍSMO PRÁTICO"
"A novidade histórica da solução de Marx consistia em definir o problema em termos do conceito dialético concreto de 'parcialidade predominando como universalidade', em oposição à universalidade autêntica, a única que podia abarcar os múltiplos interesses da sociedade como um todo e do homem como um 'ser genérico'. (Gattungswesen - isto é, o homem liberado da dominação do interesse individualista bruto). Foi esse conceito específico, socialmente concreto, que permitiu a Marx apreender a problemática da sociedade capitalista em toda a sua contraditoriedade e formular o programa de uma transcendência prática da alienação, por meio de uma fusão genuinamente universalizante entre ideal e realidade, teoria e prática" (p.26)
PS: os sublinhados acusando marcações nas citações são originalmente de Mészáros.
Bibliografia:
MÉSZÁROS, István. A teoria da alienação em Marx. Copyright 1970. Editora Boitempo, 2006. 1a reimpressão 2007.
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