Aula de 13.10.09 - Prof. Dr. Horácio Costa
(a interpretação da aula é de minha responsabilidade)
Camilo Pessanha é o mais importante e surpreendente dos simbolistas portugueses. Sua fama começou ainda em vida.
Podemos dizer que ele é um clássico moderno, ou seja, ainda é muito lido e relido.
Pessanha pertence a uma família de origem aristocrática. Uma família com seis séculos de história portuguesa. Apesar disso, ele era um filho bastardo.
Ao invés de fazer sua vida em Portugal, ele preferiu ir viver em Macau, colônia portuguesa na China. Parte de sua obra foi escrita lá.
(Macau só foi devolvida à China em 1999)
O professor explicou que a China da época era um "lixo" em termos de corrupção estatal ao extremo, pestes diversas que dizimavam o povo etc, além de ser um império em decadência.
Foi falado sobre a Guerra dos boxers (1899-1900) perdida pelos chineses.
Nessa época e com a derrota na guerra a China vira um grande consumidor mundial de ópio.
Camilo Pessanha estuda a China como poucos e se interessa por ela, passando a traduzir a poesia chinesa. Ele viveu como aristocrata a vida toda. Sua casa era repleta de coleções de objetos chineses. Também teve diversas amantes chinesas e um filho bastardo (como ele). Doou toda a sua coleção para a Universidade de Coimbra.
Tanto Camilo Pessanha como seu filho eram consumidores contumazes de ópio.
Ele não foi o único poeta de fala portuguesa na China. Venceslau de Morais também viveu lá. Sua simpatia pelo Japão é tão grande que ele o apresenta aos portugueses como um povo de cultura superior.
O terceiro português que viveu no oriente foi Alberto Castro Osório, em Timor.
O obra de Pessanha vai dialogar com os modernistas. Fernando Pessoa era um admirador do poeta. Lhe escreveu mais de uma vez elogiando sua obra. No entanto, Camilo não quis saber de se corresponder nem com Pessoa.
Uma característica do poeta é que ele nunca fez nada em vida com relação a sua obra. Nunca quis publicá-la. Ele também era um dândi.
Seu único livro "Clepsidra" foi publicado por uma parenta e ele nem lhe agradeceu.
Enfim, foi um poeta que não se importou de entrar para a poesia.
Sua obra não surpreende pelas grandes inovações formais. Verbo é muito decantado.
POESIA E DROGA
A relação entre poesia e droga é tão velha quanto a própria poesia. Temos aqui a questão dos "estados alterados de consciência".
Os autores ingleses e franceses também consumiam drogas. Pessanha não tomou droga como remédio (comum na época). Consumiu droga como droga mesmo.
DICAS de leitura: Pessanha não se lê uma única vez. Tem que se ler ler e ler. Ler sem pressa. Ler com bastante atenção.
Atentar para a questão da Saudade em sua obra.
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