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Refeição Cultural
Estou lendo uma obra clássica escrita no século XVII - O Leviatã, de Thomas Hobbes. O autor é um inglês que dedicou sua vida para pensar o mundo e a existência humana. Antes que leigos no autor comecem a falar que o cara é contra a democracia etc e tal - leigos como eu mesmo sou até agora -, é bom saberem que sua obra principal - O LEVIATÃ - tem uma apresentação extremamente metódica sobre o que ele entende por natureza humana. Suas opiniões também são baseadas nos conhecimentos e suposições biológicas e fisiológicas dos anos 1600.
Na introdução do livro, Hobbes nos apresenta a ideia principal que discorrerá metodicamente ao longo de umas quinhentas páginas. O Leviatã seria o Estado ou Cidade (em latim Civitas) como uma reprodução artificial do próprio homem, com todas as suas partes e funções orgânicas com um bom ou mau funcionamento.
Eu tenho esse nome na minha cabeça há muito tempo "O Leviatã..." assim como várias obras clássicas que pensaram o mundo, o homem, a sociedade como, por exemplo, Utopia de Thomas More, A República de Platão, Admirável mundo novo de Aldous Huxley, 1984 de George Orwell, Fahrenheit 451 de Ray Bradbury dentre outras.
Ao se ler o pensamento dos outros sobre as coisas é necessário que se tenha tolerância e paciência para avaliar as argumentações e depois fazer sua digestão cultural e ver se há concordância ou não com a tese apresentada. Lembro aqui um alerta importante de Eric Hobsbawm na introdução de seu Era dos Extremos, quando diz que ler para compreender não quer dizer concordar. Ele está se referindo naquela passagem ao Nazismo.
Cada vez que pego para ler um livro com séculos de existência, fico pensando por que será que o mundo não absorveu aquele conhecimento e melhorou de forma abrangente.
A sensação é sempre de frustração por ver tanta ignorância e tanta miséria e exploração humana não resolvida com tanto saber já produzido pela humanidade.
E digo isso para o conhecimento em vários gêneros e tecituras literárias. Ao ler Dom Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes, fiquei primeiro tentando percorrer em minha cabeça como foi possível para aquele autor, com a vida de agruras que ele teve, como foi possível escrever aquela obra espetacular?! Seus personagens simbolizam os tipos humanos daquele mundo de forma tão fantástica e, mesmo assim, tendo-se o cuidado de abstrair quatro séculos de costumes distintos, ainda são atuais todos os dramas vividos ali.
Por incrível que pareça (para mim) estou conseguindo avançar na leitura de Hobbes. Está valendo a pena ser um pouco menos ignorante nesse tema.
E A PERGUNTA?
Por que será que o conhecimento humano acumulado não melhora o mundo?
Quem sou eu para responder à pergunta do título desta reflexão? Ela deve atormentar milhares de humanistas por milhares de lugares diferentes no mundo há bastante tempo.
Só sei que sinto uma necessidade absurda em ver algum resultado prático na nossa luta por melhorar um pouco o mundo, no sentido dele se tornar menos hostil para os seres humanos que aqui vivem. Estou sempre pensando em outro texto que fiz dizendo que após milhares de anos de acúmulo da vivência humana o mundo segue hostil.
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2 comentários:
Lendo os seus comentários e, sentindo a sua desilusão, vejo no entanto que, há otimismo em você. Eu por outro lado, vejo o progresso da ciência acompanhado pela regressão humana nas relações. O aumento da população nos leva a crer por lógica que, novos cérebros também surgem em maior quantidade. Será?
Olá primo, como vai?
Cara, quando se trata de relações humanas contemporâneas e futuras, acho que a humanidade está ferrada!
Em relação a quantidade de gente pensante, a coisa também é feia... Tem um texto que guardei aqui no blog que questionava se "Pensar dói?".
Depois eu acho ele e mando pra você.
Abraços, William
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