FILME SUECO
Primeiro filme colorido de Bergman. |
APRESENTAÇÃO (da TV Futura)
Em 1964, Bergman lançou seu primeiro filme em cores: Para não falar de todas essas mulheres, que você assiste nesta sexta (26/10/12), às 22h, no Cine Conhecimento. “É uma explosão de um homem mal-humorado… Quando fiz esse filme, estava cansado e de saco cheio”, disse o cineasta, que demorou cinco anos para voltar a fazer outro filme colorido. Autocríticas à parte, a obra é uma das raras comédias do sueco, que não abre mão de abordar temas sérios e apaixonantes em qualquer gênero que se propõe a fazer. Arte, memória, morte e relacionamentos são ingredientes para um filme inteligente e engraçado.
É marcante a presença da linguagem teatral, em Para não falar de todas essas mulheres. Há semelhanças do cinema mudo de Charles Chaplin, da comédia musical de Groucho Marx e do estilo cômico de Jacques Tati. Aqui, a brilhante direção nos conduz por uma obra que permite explorar a linguagem cinematográfica, possibilitando, por exemplo, que os personagens interajam com o público, olhando diretamente para a câmera e quebrando a quarta parede (como se diz no teatro).
O enredo conta a história do pretencioso crítico musical Cornelius (Jarl Kulle), que está escrevendo a biografia de um famoso violonista, Felix. Para realizar o trabalho, ele passa uma temporada na casa do artista, onde se depara com um cenário surrealista: o músico convive harmonicamente com suas sete mulheres, cada uma apaixonada e dependente dele de uma forma particular. O filme nunca mostra o verdadeiro rosto do artista e o Cornelius não consegue uma entrevista com o artista. Mesmo assim, o crítico constrói sua obra a partir dos relatos femininos e da vida que rodeia Felix.
COMENTÁRIO
Achei o filme legal. Fiquei surpreso com o estilo.
Para quem já assistiu aos seus clássicos sérios e dramáticos O sétimo selo (1956), A fonte da donzela (1959) e Quando duas mulheres pecam (1966) deu para perceber o quanto este é diferente. O filme é leve, descontraído e também nos coloca a refletir sobre algumas passagens do enredo.
O que fica de nós após a morte se não houver uma biografia para contar à posteridade?
Já nas décadas passadas, vivíamos sob o advento da sociedade da imagem, da construção muitas vezes ficcional de nosso pobre mundo real.
E, por fim, posso dizer do quanto é diferente e prazeroso assistir a um filme de autor, um filme de arte, em relação aos filmes de ação "óliudianos", nos quais não se há tempo para pensar em nada (até porque não precisa mesmo).
É isso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário