A lua como uma luz na longa noite. Foto de Ione. |
Madrugada de segunda-feira, 8 de junho de 2020 (d.C.).
O domingo trouxe ao menos uma momentânea esperança de um porvir diferente do que tem sido a mesmice da existência sob um país destroçado pelo golpe de Estado em 2016, golpe que retirou o PT do governo federal, que alterou a rota que o Brasil seguia com destino a ser uma das potências do século em que estamos. A esperança momentânea foi ver várias capitais do país recebendo atos com brasileiras e brasileiros indignados com o estado das coisas, milhares e milhares de pessoas que foram para as ruas protestarem contra o racismo, contra o fascismo, contra o bolsonarismo, contra os inumanos que tomaram o poder, foram para as ruas defenderem a democracia. Fico feliz pelos atos deste domingo e, neste momento, meus olhos se umedecem de emoção por ver essa pequena luz na longa noite que nos enfiaram ainda antes de 2016, quando os meios de comunicação da casa grande envenenaram o povo brasileiro e transformaram parte dele numa gente odienta, doente, ignorante, bárbara e sem cura.
Não fossem momentos de luz como ver as pessoas nas ruas lutando pelo bem, disputando espaço com os que vêm ocupando as ruas para defender o mal, a gente estaria mais triste do que já estamos. A gente sofre muito ao ver nossos jovens com seus caminhos interrompidos por esse mal em que nos jogaram. Isso dói. E a gente tem que ser forte, inclusive para auxiliar e apoiar aqueles que ainda têm toda uma vida pela frente e precisam acreditar em um amanhã melhor. Se uma década atrás a nossa vida estava melhorando e as perspectivas eram provenientes das decisões políticas da maioria do povo brasileiro, significa que se chegamos naquele momento uma vez, podemos chegar novamente. O ser humano é um animal absolutamente diferente de qualquer outro na natureza. O imponderável é a marca de nossa existência coletiva ao longo de dezenas de milhares de anos de vivência dos animais humanos. O amanhã sempre pode ser diferente, se não para mim, ou para você, porque somos breves, mas pode ser diferente para nós, que somos também legião, além de indivíduos.
Se estiver vivo nesses dias meses anos serei mais um do lado do bem, enfrentando todo esse mal que se abateu sobre nós como um pesadelo sem fim, mas que tem fim. Mesmo que não tenha mais um papel de representação coletiva, cada boa ação que fizer, pode valer alguma coisa, porque o bem pode vencer o mal, numa soma de pequenos atos.
Não aceite o mal como algo normal na sociedade humana! Não aceite o racismo, não aceite o comportamento odiento dos doentes que aderiram ao bolsonarismo, não aceite a destruição de nosso mundo como algo dado. A vida tem que valer a pena, e vale, porque viver já é possibilidade, já é chance para o imponderável.
William
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