domingo, 28 de junho de 2020

Sentidos





Sigo buscando um novo sentido para a minha existência. Ao olhar para trás e ver minha trajetória de vida, percebi que dos diversos períodos nos quais poderia dividir meu viver, o período em que estive envolvido nas lutas coletivas da classe trabalhadora foi o que mais me deu sentido em acordar, sair para o mundo e retornar para casa ao fim da jornada. Todas as demais questões da vida privada encontram seus sentidos quando se está resolvida essa ligação do ser com a própria existência. 

Ao refletir e procurar entender porque estou sentindo o vazio e a falta de sentido no fazer as coisas que em tese gostaria de fazer como, por exemplo, ter mais tempo para ler após me retirar do dia a dia do trabalho bancário e militância, percebi que o que eu fazia ou gostaria de fazer era para me preparar para ser melhor naquilo que fazia, ou seja, me esforçar para ler e estudar e conhecer mais era para eu ser um melhor representante da classe trabalhadora. Era para ser alguém que inspirasse, que ajudasse a conduzir as lutas e que somasse com os meus pares.

Eu sempre quis ser intelectual e ter conhecimento enciclopédico porque achava fantástico ver pessoas com grande conhecimento. Mas não era só isso, não poderia ser só isso, porque muita gente com grande conhecimento era gente má, gente que prejudicava os outros, os de minha classe e seus pares também. Essas coisas comecei a perceber bem mais tarde, mas olhando para trás vejo isso.

Avalio que o que eu queria ao estudar e tentar ler (mesmo que não podendo, não perdesse o desejo de) era saber muito para que isso contribuísse no meu trabalho de organizar o meu povo, a classe trabalhadora, para enfrentar a classe adversária, a dos patrões, dos ricos, dos poderosos, inimigos nossos, que querem nos explorar e não ligam a mínima para nós, somos nada para eles e nosso lado da classe precisa ter conhecimento e consciência disso para mudar essa realidade perversa.

É por isso que estou muito perdido. Porque estou com dificuldade de me adaptar a minha nova realidade pós vida laboral no maior banco público do país e no movimento sindical bancário, um dos mais organizados do país, e por isso tão ameaçado pelos golpistas junto com as demais categorias profissionais que efetivamente organizavam lutas combativas e conquistavam direitos não só para suas próprias categorias, mas para toda a classe trabalhadora.

Ler um romance, ver um filme histórico, ler um ensaio, ler história, ler e estudar temas complexos, nada disso tem sentido se for só para eu saber mais, porque sou mortal, morro a qualquer tempo, e não fica nada de útil para a minha comunidade humana, desperdício grande conhecer e criar conhecimento e não multiplicá-lo para o benefício de seus pares, de sua comunidade.

Mas quero viver, quero passar uma mensagem positiva para todos os meus pares que estão sofrendo com a destruição de nosso mundo, construído com tanto suor e lágrimas e alegrias e lutas lutas lutas coletivas para melhorar a vida de todos. Tudo destruído pelos meios de comunicação, que passaram 15 anos nos envenenando 24 horas por dia, em todos os meios - TV, rádios, jornais, revistas -, tudo, pregando ódio contra nós, contra a esquerda, contra a política, contra a democracia, contra os movimentos sociais. 

O bolsonarismo, esse bando de gente cega e odiosa, ignorante e bárbara, de várias idades - bichos-feras -, é projeto da casa grande e não um acaso, é projeto da elite que não soube aceitar um pouquinho mais de melhoria e alegria para a nossa classe, a trabalhadora e popular, como vivemos durante os anos em que a vida de dezenas de milhões de pessoas melhorou (governos do PT). Era proibido o brasileiro ter autoestima. 

RESISTAM, GUERREIROS E GUERREIRAS, NÓS PODEMOS RECONSTRUIR NOSSO MUNDO, MAIS FELIZ E MAIS SOLIDÁRIO!

William

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