No final de 2003, começou a circular uma revista de história que se propunha a trazer artigos e textos confeccionados por historiadores, pesquisadores e estudiosos da área. Apesar de minha formação acadêmica ter caminhado para a área de Letras, sempre fui um apaixonado por História. A revista durou três anos e eu adquiri as 36 edições. As matérias são muito interessantes.
Ao reler a primeira revista, voltei a ter contato com uma área que ainda gosto muito. Como faz falta o povo brasileiro não conhecer história, não conhecer a sua história!
Eu percebi isso claramente ao entrar para o movimento sindical em 2002. Os trabalhadores sabiam muito pouco de sua história de lutas, derrotas e conquistas. Todo dia estudava algo da história da categoria e ia para a base compartilhar o conhecimento e organizar os trabalhadores. Mas era um eterno recomeçar porque a base se renovava o tempo todo. Foram anos fazendo formação política na base de bancários.
Quando cheguei eleito como diretor de saúde na entidade de autogestão dos funcionários do Banco do Brasil, em 2014, foi a mesma percepção. Os trabalhadores associados à Cassi, tanto da ativa quanto aposentados, não conheciam nada da história da entidade e nem qual o papel dela na saúde das pessoas, o modelo assistencial e os direitos que tinham. Passei 4 anos levando informações aos intervenientes do sistema Cassi, mas era um eterno recomeçar diário.
Disso tudo, tiramos uma lição cristalina: sem conhecer sua história a classe trabalhadora é facilmente manipulada pela ideologia dominante, que é evidentemente a ideologia da classe dominante. Veja onde fomos parar com o golpe de Estado de 2016. O Brasil foi totalmente destruído e entregue a uma camarilha de bandidos e representantes do mal.
Nesta edição da revista Nossa História, li artigos sobre diversos temas, inclusive sobre a independência do Brasil, data comemorada neste 7 de setembro. Que coisa triste! Com o golpe e com as fraudes organizadas pela elite traidora e lesa-pátria em parceria com o império do Norte, hoje somos uma colônia dos Estados Unidos da América. O país caminha para se transformar num pasto e numa fazenda de produção de gêneros primários para os demais países do mundo. Que tristeza!
Gostei de todas as matérias desta primeira edição da revista. Uma das poucas que não gostei, talvez por não gostar do autor, foi uma do Eduardo Bueno, sobre "Vícios de origem". Ele é daqueles que contribuíram muito para criar a desinformação ideológica de que a estrutura do Estado é algo ruim para o povo. Uma idiotice.
Gostei da matéria sobre o compositor e maestro Carlos Gomes - "Enterro de herói" e de uma matéria sobre Mário de Andrade - "Presença de Macunaíma". A história da Biblioteca Nacional é fascinante: "Aventuras de uma biblioteca". Quando fiz a visita guiada à biblioteca fiquei apaixonado por ela. Se morasse no Rio de Janeiro, eu a visitaria sempre que fosse possível.
Gostei da matéria sobre o compositor e maestro Carlos Gomes - "Enterro de herói" e de uma matéria sobre Mário de Andrade - "Presença de Macunaíma". A história da Biblioteca Nacional é fascinante: "Aventuras de uma biblioteca". Quando fiz a visita guiada à biblioteca fiquei apaixonado por ela. Se morasse no Rio de Janeiro, eu a visitaria sempre que fosse possível.
Também gostei da entrevista com o historiador Evaldo Cabral de Mello e do artigo de José Murilo de Carvalho - "Martius e nossa história" - nos lembrando que Martius disse que a História do Brasil deveria ser escrita em estilo popular, por ser nobre, e não em estilo empolado e cheio de erudições, para que fosse de fácil acesso à população.
Bom, após ler a revista, conheço um grãozinho a mais de história que antes da leitura. Isso é bom!
Ao ler a revista, havia postado na rede social onde tenho um perfil, alguns trechos curiosos. Já que citei lá, vai aqui também.
William
Um leitor
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HISTÓRIAS DO NOME DO BRASIL
"Por essas e outras, frei Vicente do Salvador, que escreveu o primeiro livro chamado História do Brasil, ainda em 1627, disse que não vingou por aqui o nome Terra de Santa Cruz que se lhe dera em 1500. Para o frei, fora tudo obra do Diabo, que, empenhado em remover o nome cristão da terra, trabalhou para que triunfasse outro nome, no caso o de 'um pau de cor abrasada e vermelha' (o pau-brasil), mais adequado a seus propósitos." (Ronaldo Vainfas, em "Brasil de todos os pecados".
COMENTÁRIO - Com histórias como essa, fica mais fácil entender a situação em que nos encontramos, com a milícia no poder, com parte das empresas de religião mancomunadas com as milícias no poder, com parte de nossos conhecidos acreditando em mentiras e espalhando fake news 24 horas por dia...
Viver não é preciso, mas se estamos vivos é necessário estudarmos e sermos menos ignorantes. É bom também compartilharmos conhecimentos com as pessoas.
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POR QUE SOMOS "BRASILEIROS"?
Marceneiro, pedreiro, sapateiro, ferreiro, tanoeiro, brasileiro... (!!??)
"NH - E brasileiro?
Evaldo Cabral de Mello - Brasileiro, quando o nome aparece no século XVIII, era o sujeito que cortava o pau-brasil. O pau-brasil era um monopólio da Coroa, mas um monopólio arrendado - terceirizado, como se diz hoje. Tanto que originalmente, 'brasileiro' em Lisboa era dito de maneira derrogatória. Hipólito José da Costa, por volta de 1816, 1817, ainda levanta o problema no Correio Braziliense: seremos independentes daqui a pouco, como vamos chamar-nos? Para ele, havia três possibilidades: brasileiro, brasiliense e brasiliano. Brasiliano não podia ser, porque brasiliano desde o começo eram chamados os índios. Brasileiro era o cortador de pau-brasil, 'Eiro' é um sufixo de profissão, como ferreiro, marceneiro. O normal seria nos chamarmos brasilienses. E é por isso que ele chamou o seu correio de 'Braziliense'."
Fonte:
Nossa História, Ano 1, nº 1, Novembro de 2003. Fundação Biblioteca Nacional.
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