Instantes
O dia vai terminando. Tive momentos de reflexão sobre o destino da sociedade humana. Sei que é ousado pensar sobre algo tão importante e total como o destino da humanidade. Mas entendo que pensar o mundo é direito e obrigação de alguém politizado (mesmo estando fora das frentes de luta).
Confesso que não sei o que fazer para contribuir para a luta social por mudanças que melhorem a vida das pessoas neste momento. Estive envolvido em projetos coletivos por duas décadas e sei que contribuí de alguma forma para a construção daquele Brasil que avançava lentamente na melhoria da vida do povo durante os governos democráticos e populares do Partido dos Trabalhadores, porque eu era um militante orgânico das lutas sociais com mandatos de representação de trabalhadores.
Hoje, retirado, ainda não encontrei a forma de contribuir para a coletividade. Minha contribuição foi uma oportunidade que tive entre 2002 e 2018. Não me vejo pleiteando funções políticas no movimento social e não tenho a natureza admirável daqueles e daquelas que construíram e lideraram as lutas históricas e diárias da classe trabalhadora brasileira. Fiz o meu melhor enquanto tive papéis a desempenhar no movimento sindical enquanto eu coube nele.
Avalio que meu espaço de contribuição foi possível enquanto o movimento social em geral era mais aberto às divergências. Isso mudou da mesma forma que as pessoas mudaram, da mesma forma que o mundo mudou. As redes sociais e outras questões comportamentais mudaram as pessoas. A política que fazíamos de construir projetos e unidade com debates abertos e de opiniões diferentes não funciona mais; paciência e tolerância eram comportamentos básicos, que não existem mais.
Vida que segue... não deixei de ser de esquerda, pelo contrário, a cada dia que passa mais certeza tenho a respeito do socialismo e da necessidade do fim do capitalismo para que a vida continue no planeta.
Continuo preocupado com a vida das pessoas, com o sentimento de indignação com a injustiça social. Mas sei que a esquerda institucional não tem mais espaço para a divergência como aprendi em duas décadas de convivência com o movimento organizado. E sei que todos perdemos com isso. Vejam a realidade ao nosso redor.
Continuo preocupado com a vida das pessoas, com o sentimento de indignação com a injustiça social. Mas sei que a esquerda institucional não tem mais espaço para a divergência como aprendi em duas décadas de convivência com o movimento organizado. E sei que todos perdemos com isso. Vejam a realidade ao nosso redor.
Não me encontrei ainda nesses dois anos e meio fora do movimento organizado. Suspeito inclusive que o movimento organizado não se encontrou mais após o golpe de Estado (2016) e após essas mudanças comportamentais que as pessoas e a sociedade sofreram. É duro confessar que estamos perdidos... é mais duro ainda vermos as notícias diárias nos últimos anos e vermos que não existe oposição que inspire simpatia e esperança no combate ao regime neofascista e à onda de extrema direita que tomou conta da sociedade brasileira neste momento da história.
Instantes... fiquei pensando o que poderia ser neste momento de minha vida e da sociedade em que vivemos. Se eu tivesse competência, seria escritor. Não acho que tenha competência para isso. Talvez eu pudesse ser só "blogueiro", mas isso é algo tão vago... sou blogueiro há uns 13 anos, mas tive leitores em quantidades consideráveis enquanto meu lugar de fala foi de representante formal dos trabalhadores.
Hoje, meus blogs têm um acesso mensal até considerável para espaços de produção de texto, mas acessos pequenos se considerarmos o alcance, porque vídeos e imagens é que chamam atenção dos humanos da atualidade.
Enfim, sigo procurando algo que possa contribuir para mudar o mundo. Pelo meu conhecimento de mundo e de luta contra o capitalismo, sei que manter informações em redes sociais como, por exemplo, o Facebook é muito complicado porque somos commodities do capitalismo e isso me incomoda muito: ser banco de dados para ser usado pelo sistema é foda. Gostaria de apagar todas as minhas informações em redes sociais, mas isso é difícil de se fazer. Já os blogs são como sites, são um pouco diferentes de redes sociais.
Enfim, ainda estou procurando uma forma de contribuir com o movimento de esquerda, com as mudanças necessárias em relação a este mundo horrível que vemos ao nosso redor. Escrevo em blog, mas pouca gente lê blogs hoje.
Abraços aos amig@s que leram minha reflexão desse instante.
William
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