domingo, 3 de outubro de 2021

031021 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 3 de outubro. Domingo acabando no Brasil.


Que poderia registrar nesta página de blog? 

Ontem foi mais um dia nacional de mobilizações populares da parte progressista e de esquerda da sociedade brasileira. O #2OutForaBolsonaro foi muito bom, centenas de cidades do Brasil e algumas cidades do mundo realizaram atividades. Estive na Av. Paulista a tarde toda e revi pessoas queridas que estiveram ao meu lado nas lutas sindicais e que me ensinaram muito. (confesso que não vislumbro mudanças positivas para o povo e para o planeta, mas não tenho o direito de me omitir das lutas após a existência que tive até aqui)

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Independente da questão central a respeito da destruição do planeta Terra e das diversas formas de vida por causa do capitalismo e do neoliberalismo, a pandemia mundial de Covid-19 afetou demais a vida de bilhões de seres humanos desde o início do ano de 2020. A vida cotidiana do homo sapiens ficou pior que antes da pandemia. O risco de morte ou sobrevivência com sequelas por causa do vírus aumentou para a ampla maioria das pessoas. 

99% das pessoas afetadas pela pandemia pertencem aos 99% de excluídos no mundo. O 1% se apropriou da riqueza global neste ano e meio mais que antes da pandemia. Os bilionários ficaram mais bilionários. A miséria piorou exponencialmente. A direita e extrema-direita se deram bem. Alguns caras aceleraram a destruição do planeta e da vida e os bilhões de humanos não estão reagindo para mudar o sistema e salvar o planeta e as possibilidades de vidas. Não vejo uma consciência coletiva sendo construída para barrar imediatamente nem a médio prazo a destruição promovida pelo 1%. 

Vejam o exemplo do brasil-colônia após a Lava Jato, o golpe "com o Supremo com tudo" e a ascensão do crime organizado ao poder do Estado. Em menos de 30 meses um país continental foi destruído de forma irreversível. Me parece mesmo que a vida acaba no planeta, mas não acaba o capitalismo.

Não tem como estar e ser feliz tendo consciência disso e sendo minimamente ético. O que eu posso fazer para mudar a situação do mundo? Como salvar o planeta Terra e as diversas formas de vida, inclusive a da espécie humana derrotando o 1%? O que eu posso fazer enquanto estou vivo? Eu não sei e me desespero por isso.

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Hoje, li quase inteiro o livro Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, mas não deu pra acabar. Queria ler algo para esquecer o que sei da realidade que descrevi acima. Ler uma literatura bem fora das questões da política de destruição do mundo.

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Fiquei pensando em falas do filósofo, ambientalista e líder dos povos originários Ailton krenak. Também ando pensando nos vídeos que tenho ouvido da Sabrina Fernandes, do canal Tese Onze. Ela é uma marxista muito interessante de se ouvir. Por outro lado, faz dias que não vejo vídeos de política. Tô meio empapuçado por não ver perspectivas de mudança.

Também fiquei pensando a respeito de uma pergunta comum que as pessoas com as quais convivemos muito tempo nos fazem quando nos encontramos numa mobilização como a de ontem: "- O que você está fazendo?". Eu tenho muita dificuldade em responder essa pergunta faz 3 anos, desde que saí do dia a dia do movimento de lutas da classe trabalhadora...

O que estou fazendo? O que estou fazendo da vida? O que estou fazendo para mudar o mundo? Para contribuir com a sociedade humana?

Não sei. Não sei. Só não atrapalhar ninguém é muito pouco. A destruição segue e eu não estou fazendo nada para impedir isso.

Fim das reflexões no blog. 

(essa pandemia é uma coisa foda, mudou a nossa vida. Eu dormi longe da esposa porque minha garganta tá arranhando um pouco... não deve ser Covid, mas... não custa ficar longe. Dormi numa rede num cantinho do apartamento)

William


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