sexta-feira, 8 de outubro de 2021

081021 - Diário e reflexões


Desenho feito em Pernambuco, 2010.
Durante um curso de formação política.

Refeição Cultural

Osasco, 8 de outubro. Brasil dos 600.000 mortos de Bolsonaro.


QUEM SOU EU NESTE MUNDO?

Ao acordar nesta sexta-feira no Brasil de outubro de 2021, fiquei alguns minutos na cama olhando pro teto e me levantei. Alguns pensamentos me dominavam, coisas do ontem. A eles se somaram as coisas do hoje, ao contatar o cotidiano da vida humana. Os tempos são de tristezas alheias e pessoais, desarranjos familiares, desorganização de um mundo anterior, mais coletivo. Estamos todos perdidos. Ontem hoje e o amanhã se parecem muito: desalento, falta de esperanças e perspectivas.

Após uma hora e pouco de contatos com a realidade dura e que entristece a mim e às pessoas não alienadas e com alguma estrutura psicológica de ética e caráter, fui fazer a minha parte na sobrevivência, fui comer alguma coisa de desjejum. Tenho optado por comer frutas de época com mel e granola. Sei que é saudável e pode alongar minha saúde por um tempo. (Falar de comida é uma ostentação, uma opulência... toda comida no prato é um privilégio no Brasil da casa-grande e do 1%. Comer nos dá culpa, enquanto milhões passam fome)

A pergunta "Quem sou eu neste mundo?" é um dos temas que a crítica de literatura aponta como reflexão a partir da obra clássica de Lewis Carroll, As aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865). Quem sou eu? Quem somos nós? Quem sou eu neste mundo de Bolsonaro, Guedes, Temer, Moro? Quem fui naquele Brasil dos anos oitenta, quando não pude ser criança direito? Quem somos neste mundo de estupradores identificados e inocentados, corruptos da casa-grande identificados e impunes flanando pelos logradouros públicos bem na nossa frente? Quem somos nós com essa coisa nas veias que nem sequer pode ser sangue de barata, pusilânimes que não fazemos nada com esses estupradores e corruptos da casa-grande e que não fazemos nada para salvar a Amazônia, o Pantanal, os biomas e a natureza eliminando meia dúzia de humanos que decidiram extinguir a vida na Terra? Quem somos nós? Quem sou eu?

Chega! Nem quero registrar mais nada que pensei nessa manhã toda.

William


Post Scriptum: um dos temas de minha manhã de contatos com a dura realidade brasileira foi justamente a informação que recebi pela manhã sobre o desligamento de alguns profissionais de saúde de nossa Caixa de Assistência em Pernambuco, local onde fiz o desenho que ilustra esta postagem. Não tenho detalhes, mas sei que a Cassi que construímos está sendo desfeita, vaporizada. Na época do desenho (2010), eu era secretário de formação política de nossa confederação de trabalhadores do ramo financeiro. Hoje, a direção de nossa autogestão em saúde está desmontando a estrutura própria da Cassi dos funcionários do BB. É o mundo se desfazendo e nós não estamos interrompendo a destruição de tudo, da vida. Quem somos nós que permitimos tudo isso? Quem somos nós?


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