segunda-feira, 4 de outubro de 2021

35. Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll



Refeição Cultural - Cem clássicos

Li a obra clássica As aventuras de Alice no País das Maravilhas ano passado em uma belíssima edição da Zahar, comemorativa do sesquicentenário de lançamento. Fiz duas leituras com intervalo de um mês. A edição teve a tradução de Maria Luíza X. de A. Borges e foi ilustrada por Adriana Peliano. A postagem da leitura pode ser lida aqui.

Reli a obra de Carroll entre ontem e hoje em outra edição também belíssima, da DarkSide Books, na tradução de Marcia Heloisa, com as ilustrações originais de John Tenniel. Na tradução ficou com o título Alice no País das Maravilhas.

Lewis Carroll é o pseudônimo do autor, o diácono protestante Charles Lutwidge Dogson, professor de matemática no Christ Church College. A obra foi lançada em 1865 e uma sequência saiu em 1871: Através do espelho e o que Alice encontrou por lá.

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QUE PODERIA COMENTAR AQUI NO BLOG A RESPEITO DO LIVRO?

Em primeiro lugar, que avancei mais um degrau na longa escada que me levará ao objetivo de ler ao menos cem clássicos da literatura mundial. Estou avaliando quantas obras já li e definindo as próximas leituras de meu interesse.

Eu tenho grandes lacunas culturais em relação à literatura infantil e juvenil, fábulas, mitologia, fantasia e ficção. Até desenhos famosos das décadas finais do século XX eu deixei de ver quando criança e adolescente (trabalhava e estudava o dia todo desde uns 11 anos). Esse fato me deixa de mente aberta para mergulhar após os 50 anos de idade em qualquer tipo de literatura considerada clássica ou interessante.

As Aventuras de Alice no País das Maravilhas não me empolgou como vejo que empolgou outras leitoras e leitores ao longo de seus 150 anos de história de leitura. Falo em relação ao prazer de ler. Me empolguei muito mais ao descobrir, por exemplo, as aventuras do Quixote e de seu fiel escudeiro Sancho Pança. Não ri e chorei e nem me arrepiei com o livro clássico de Carroll.

As 3 leituras têm um pouco dessa tentativa de encontrar os sentidos que outras leituras encontraram. E para isso servem, também, as boas críticas literárias.

Após a leitura atual, vi uma entrevista com a professora Sandra Vasconcellos, da FFLCH-USP, ao Ederson Granetto, do programa Literatura Fundamental da Univesp, que me deixou muito satisfeito com as informações tanto do contexto de época, quanto do autor e da obra em si. 

Apesar do curto tempo para a exposição, trinta minutos, ela abordou as polêmicas relativas ao autor e sua relação afetiva com crianças naquela época, meados do século XIX. Existem cartas e fotografias que sugerem o que hoje chamaríamos de pedofilia. No entanto, nunca se concluiu se seu amor por crianças era platônico ou se o acadêmico e diácono foi além disso.

Eu na hora me lembrei de outros autores que têm essa questão em suas biografias ou bibliografias: o norte-americano Edgar Allan Poe, contemporâneo de Dogson, casou-se com a prima de 13 anos. O escritor russo Vladimir Nabokov publicou em 1955, um romance que escandalizaria a sociedade da época (Lolita) abordando a relação entre uma menina de 12 anos e um homem maduro.

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ALGUNS TEMAS DA OBRA

As explicações da professora Sandra Vasconcellos nos fazem ver a obra com um olhar bem diferente. Eu recomendo para quem quer pensar mais a obra de Carroll ver o vídeo da Univesp na internet.

A obra tem alguns temas que movem as aventuras e os acontecimentos do início ao fim. A curiosidade da criança é um deles. É por isso que Alice vê o coelho apressado e por isso vai atrás dele. É por curiosidade que ela quer saber o que tem atrás da porta que guarda um jardim e um mundo desconhecido.

NONSENSE - O mundo subterrâneo, da fantasia, tem outras regras em vigor, ou diríamos que não tem regras, pois as que vigoram lá não se ajustam ao mundo lá fora: matemática, geografia, espaço, tempo, física, modos e costumes sociais da sociedade britânica etc.

Quem sou eu neste mundo? Essa é outra questão que perpassa toda a aventura de Alice naquele mundo da fantasia. Por isso a garota está tão perdida. Seus valores não funcionam ali. Alice faz parte do mundo da ordem, lá é o da desordem, da inversão das coisas.

E a questão da revolta de Alice é algo que gostei muito na explicação da professora Sandra Vasconcellos.

Enfim, clássico lido. Ainda vou ler a continuação de 1871, mas deve ter outra lógica.

Valeu a pena, sim, a leitura do livro e as críticas que ouvi e li após a leitura de Alice no País das Maravilhas. É muito bom conhecer os clássicos!

William

Um leitor


Bibliografia:

CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Tradução de Marcia Heloisa e Leandro Durazzo. Ilustrações de John Tenniel. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2019.


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