sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Leitura: Câncer, eu? - Livro de Sergio Riede



Refeição Cultural

Sexta-feira, 1º de outubro. Segundo ano da pandemia de Covid-19. O "novo normal".

Acordei de madrugada e me levantei. Vi amanhecer o dia. Por esses dias, o som que toca na rádio natureza é o canto constante dos sabiás, a noite e madrugada toda, de manhã, de tarde. Coisa linda, de verdade!

Apesar de ter dormido só algumas horas, e saber que minha leitura não flui muito quando estou com sono, peguei o livro de nosso colega Sergio Riede para finalizar a leitura. Faltavam umas 50 páginas. Finalizei a leitura antes das 9 horas da manhã. Que livro interessante! Livro bem escrito, de leitura leve, apesar do tema pesado.

O livro Câncer, eu? tem a qualidade de mesclar características positivas de alguns gêneros literários. 

De cara, é um livro autobiográfico, e através da leitura dele conhecemos um Riede que não conhecíamos, nós que convivemos nas frentes de representação e gestão das entidades da classe trabalhadora e da comunidade Banco do Brasil. Riede nos conta histórias que nos fazem lembrar nossa própria infância, adolescência e vida como brasileiros das últimas décadas.

Câncer, eu? é um livro de crônicas, textos deliciosos, leves e que nos prendem a atenção, nos fazem pensar sobre as coisas cotidianas, acontecimentos e fatos da vida de todos nós. Os "causos" que Riede nos conta fazem a gente reviver a própria vida. Eu fiquei relembrando quando jogava futebol de botão; os saltos de paraquedas que fiz; os tempos de futebol. Para nós do BB, me lembrei do cotidiano de nossa vida bancária em uma das empresas públicas mais significativas da história do país.

(interrompi por instantes as reflexões sobre o livro do Riede para correr até a janela do apartamento para ver um casal de carcarás. Ao ouvir o crá-crá-crá deles aqui na região é impossível não se encantar com essas aves de rapina nas zonas urbanas. É sempre um alumbramento! Se já gostava da natureza urbana antes de morar 4 anos em Brasília, agora de volta a Osasco gosto mais ainda de aves, plantas, flores, e as luzes e sombras do céu)

O livro é uma espécie de livro de autoajuda, não só pela característica pessoal do autor, que demonstra uma forma muito positiva ao lidar com problemas cotidianos da vida humana, mas sobretudo por compartilhar conosco todas as etapas de enfrentamento do câncer, uma doença quase impronunciável pelo pavor que traz às pessoas. 

É um livro informativo, com capítulos jornalísticos. Assim como Riede, também fui gestor de nossa Caixa de Assistência, uma autogestão em saúde, e mesmo conhecendo um pouquinho do dia a dia de uma operadora de saúde, fui saber através do livro muita coisa sobre a doença câncer de próstata, o que é, como é, quais as possibilidades, protocolos e procedimentos, riscos, pós-operatório etc.

Sabemos que cada ser humano é único em suas idiossincrasias, vivências e valores e Riede nos presenteia com textos engraçados, reflexivos e com visão política, informativos e com rigor jornalístico, de maneira que o leitor comece a leitura e vá embora nela, sem dificuldade alguma. Quando peguei e vi já estava quase na metade do livro de mais de duzentas páginas.

O capítulo final - "A morte que quero ter" - pegou na veia... tô aqui pensando nas reflexões de Riede até agora. Cara, tem muito sentido o que ele nos conta ali. 

Tenho pensado muito na vida neste momento meu e do mundo. E essa pandemia que mudou tudo. E essa destruição da vida e de nossos mundos com desgraceiras humanas do tipo desse sujeito alçado à presidência do país. Essa questão do tempo que não se pode parar.

Enfim, a leitura do livro Câncer, eu?, do nosso colega Sergio Riede, valeu a pena para mim. Agradeço tudo que Riede compartilhou conosco sobre a doença, as etapas vividas, e suas histórias de vida.

Desejo muita saúde ao Riede e a todas e todos os colegas da classe trabalhadora. Se cuidem na medida das possibilidades que cada pessoa tem.

William

Deixo abaixo uma reflexão de Riede para tod@s nós:

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"DOENTE DE QUÊ?

(...) Foi duro tentar dialogar na última eleição presidencial com amigos que eu admirava pela inteligência, ouvindo um raciocínio que jamais vou conseguir alcançar: diziam que não votariam na esquerda por propostas que a esquerda sempre negou que iria implementar e que, em 16 anos no poder, não implementou; por outro lado, diziam que iriam votar no atual presidente apesar da enxurrada de declarações dele (atuais e anteriores) que contrariavam os valores e princípios dos meus interlocutores, utilizando o singelo argumento de que 'ele só fala isso da boca pra fora, no fundo é uma boa pessoa'. Ou seja, não iriam votar num candidato porque achavam que ele iria fazer o que ele nunca fez e o que nunca disse que iria fazer; mas votariam num outro porque acreditavam que o que ele sempre defendeu e continuava prometendo que faria, não seria feito. E o pior é que, quando confrontados com esses argumentos, tais amigos respondiam com a frase feita: 'Não dá pra conversar com vocês comunistas. É como jogar xadrez com pombos: defecam no tabuleiro, derrubam as peças e saem voando cantando vitória'." (RIEDE, 2020, p. 29)


Bibliografia:

RIEDE, Sergio. Câncer, eu? - Memórias alegres de um medo profundo. 1ª ed. São Paulo: Fontenele Publicações, 2020.


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