segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Diário e reflexões (31/10/22)



Refeição Cultural

Osasco, 31 de outubro de 2022. Segunda-feira.


LULA PRESIDENTE!

Lula é o presidente eleito para presidir o Brasil entre 2023 e 2026. Vencemos uma guerra desproporcional contra uma máquina fascista de mentiras e compra de votos, máquina financiada pelo orçamento público capturado pelo bolsonarismo, máquina financiada pelo crime organizado (gente que se autodenomina "empresários", "gente de bem" e outras palavras da língua usadas de forma inadequada). Vencemos uma máquina incrível. Só Lula para vencer nessas condições, só Lula! Isso é inconteste até pelos inimigos e adversários!

50,9 X 49,1 % DOS VOTOS VÁLIDOS

Na verdade, vencemos uma das muitas batalhas que teremos pela frente para salvar o Brasil e seus biomas e o povo brasileiro. Todo dia será um dia importante, mesmo os dias de armistício na guerra contra o fascismo que voltou a se impor ao mundo como ferramenta dentro dos ciclos do capitalismo mundial. Cada dia será um dia para estudar, para se organizar, para sair do catatonismo no qual nos enfiamos desde o golpe de 2016. Vencemos ontem. Temos que comemorar. Toda vitória contra o fascismo é uma vitória da humanidade.

SILÊNCIO DO PERDEDOR E LOCAUTE DE CAMINHONEIROS

Nesta segunda-feira, enquanto as principais lideranças nacionais e do mundo reconhecem a vitória de Lula e da frente ampla que ele representa, o líder do clã fascista segue em silêncio. E ao longo do dia, grupos de caminhoneiros e seus líderes foram parando as estradas Brasil afora. Pelo que a imprensa apurou até agora, há corpo mole ou até parceria da PRF no locaute ilegal feito no país, prejudicando milhões de pessoas. 

Na minha opinião todo cuidado é pouco: tanto com a vida de todas as pessoas que não compartilham da demência bolsonarista armada e irracional, quanto com o que sobrou da democracia de mentirinha que vivemos desde abril de 2016 (as instituições estão funcionando o cacete!, se estivessem Dilma teria cumprido o mandato, Lula não teria sido preso ilegalmente e excluído das eleições de 2018 e o inominável nunca teria ocupado o poder)

PACIFICAR O PAÍS COM TODOS QUE QUEIRAM PAZ E PROSPERIDADE

Enfim, viva a nossa vitória! Viva a perspectiva de recuperar a democracia! Viva a vitória de cada pessoa que se uniu para combater o fascismo bolsonarista e para mandar de volta ao esgoto o rato que ocupou ilegalmente a cadeira da presidência nesse período nefasto de nossa história.

A frente ampla precisa se manter firme porque teremos uma longa jornada para reconstruir o Brasil e trazer de volta para o centro democrático uma parcela das pessoas que estão envenenadas pelo ódio fascista, mas que podem se afastar dessa guerra ideológica que tanto mal trouxe ao país.

Hoje foi um dia de comemoração! Viva a humanidade!

William


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Diário e reflexões (28/10/22)



Refeição Cultural

Osasco, 28 de outubro de 2022. Sexta-feira.


Hoje estou de molho em casa, com dor de garganta e fraqueza muscular. Espero me recuperar para a passeata de amanhã, etapa final para elegermos Lula Presidente e Haddad Governador. Tem sido bem legal a militância ter tomado a campanha pra si nas ruas. Espero que dê tudo certo para o bem de nossas gerações e do planeta Terra.

Nossas vidas vão mudar depois de domingo, seja o resultado positivo elegendo Lula e a frente ampla pela democracia, seja prevalecendo as fraudes do nazifascista no poder. Nossa perplexidade em saber que praticamente a metade dos eleitores se veem representados pelo genocida inominável nos dá uma consciência do quanto serão duros os próximos dias e anos no Brasil. Não teremos descanso.

Ao contatar pessoas que conheço há tanto tempo, seja no condomínio onde moro, seja na família, fico pensando como serão as coisas após dia 30 caso as fraudes prevaleçam e o regime corrupto se mantenha no poder por mais 4 anos. Sem dúvidas, vamos caminhar para aquilo que Hitler e os fascistas fizeram no século 20, levando o mundo à 2ª Guerra Mundial. Tenho familiares colaboracionistas. Conhecidos do condomínio, idem. Nessas semanas, eles me evitam e olham pro chão quando nos encontramos.

Exílio: desde 2018 a ideia de um autoexílio é uma possibilidade nas famílias brasileiras que não conseguem mais ficar num país sob o comando e destruição dessa gente do mal. Nunca nunca suportei a ideia de exílio, de sair do meu mundo. Mas foram 4 anos de torturas diárias às pessoas com formação e consciência política, adoecemos de tanta tortura e impunidade. Adoecemos de ver tanta destruição e miséria. Acredito que vamos vencer. Porém, se as fraudes prevalecerem, o que fazer?

Enfim, espero me recuperar fisicamente para estar nas ruas amanhã contribuindo para essa luta épica para salvar o Brasil e o planeta Terra e todos os seus biomas.

Registro necessário, sempre: quem transformou a metade da sociedade brasileira em gente odiosa e fascista, ignorante, bovina e cretina foram os meios de comunicação da casa-grande, o Partido da Imprensa Golpista (PIG). Desgraçados! Se tivessem que justiçar os primeiros traidores da pátria num cenário de guerra civil, seriam esses donos da mídia da casa-grande. É o meu direito de opinião, como reza a CF de 1988.

#LulaPresidente

#HaddadGovernador

William


terça-feira, 25 de outubro de 2022

Vamos eleger Lula e Haddad



Eleger Lula e a frente democrática e eleger o professor Haddad é um ato de amor pelas pessoas e pela natureza, é escolher a esperança na humanidade e no futuro do planeta


Osasco, 25 de outubro de 2022, noite de terça-feira.


Opinião

Estamos vivendo os dias mais importantes de nossas vidas e os dias mais importantes da história do espaço continental que chamamos Brasil. 

Dia 30 de outubro o povo brasileiro vai eleger #LulaPresidente superando a quantidade inimaginável de fraudes e corrupção eleitoral por parte do grupo fascista no poder, o bolsonarismo. São bilhões de reais do orçamento público usados de forma "secreta" e milhões de mentiras financiadas com recursos incalculáveis para alterar a vontade popular. 

Vivemos dias difíceis neste segundo turno eleitoral, tanto pensando o Brasil quanto o Estado no qual nasci e passei a maior parte de minha vida, São Paulo. Haddad saiu atrás na corrida do 2º turno. Lula saiu na frente, mas o fascista teve uma quantidade de votos maior do que diziam as pesquisas.

O carioca candidato a governador de SP, representante do líder fascista, foi plantado aqui nos últimos meses num endereço de um familiar para disputar a eleição apostando somente no fato de parte da população paulista ter sido levada a ter certa rejeição ao Partido dos Trabalhadores por causa de décadas de maledicências e mentiras veiculadas pela casa-grande paulista e sua imprensa abjeta e golpista.

Mas o sangue vermelho que corre em nossas veias de classe trabalhadora, de povo que luta diariamente pela vida, pode bater mais forte e impulsionar cada uma cada um de nós, gente decente desse Estado e desse país, a superar qualquer cansaço, deprê, desânimo, timidez, e sair em busca da defesa de São Paulo e do Brasil.

Cada vez que a gente pensa nas universidades paulistas nas mãos desses facínoras que odeiam educação, cultura e ciências o sangue ferve nas veias e a gente quer falar com o mundo que temos que salvar nosso Estado, nosso país, nossa gente desses desgraçados que representam o que há de pior na espécie humana - o mal, o ódio, a ignorância, o preconceito, o egoísmo, a pulsão pela morte. 

Cada vez que a gente pensa no avanço da destruição de todos os nossos biomas, a Amazônia, o cerrado, o Pantanal, todos os quilômetros de praias e litoral brasileiro, nossos rios, os ambientes com fauna, flora e com espaços onde vivem nossos povos originários, protetores da natureza, o sangue da gente ferve nas veias. Nosso sangue não é de barata! É vermelho!

Cada vez que pensamos em tudo que os fascistas destruíram em 4 anos de nossa brasilidade, de nosso amor, de nossas amizades, de nossa fraternidade, de nossa convivência uns com os outros, a destruição da educação, da saúde, do emprego e dos direitos sociais, o tudo que está virando nada pra nós do povo, o sangue vermelho ferve nas veias!

VAMOS SALVAR O BRASIL! VAMOS SALVAR O POVO BRASILEIRO DESSA GENTE ODIOSA BOLSONARISTA!

Até domingo 30 vamos seguir lutando por tod@s nós, enfrentando as mentiras, as fraudes feitas e que ainda farão, e vamos conversar com as pessoas, é a vida e o mundo de tod@s nós que está em jogo.

Vamos eleger #LulaPresidente e #HaddadGovernadorSP e vamos ser felizes ou ao menos ter um ambiente social que nos permita tentar ser felizes porque nós merecemos. A vida pode e deve ser boa para todo mundo!

Até a vitória da democracia brasileira! Lula e Haddad significam essa chance de ser feliz!

William Mendes



sábado, 22 de outubro de 2022

Leitura: Perestroika - Mikhail Gorbachev



Refeição Cultural

Gorbachev escreveu este livro em 1987. Ele faleceu no último dia 30 de agosto, aos 91 anos de idade. A opinião pública a respeito dele varia absurdamente, tanto à esquerda quanto à direita do espectro político mundial. O líder soviético foi agraciado com o Nobel da Paz em 1990. Elogiado pelos donos do poder capitalista, Gorbachev é chamado por setores da esquerda como o "coveiro do socialismo".

Eu tinha esse livro em casa fazia muito tempo. Já tinha lido um terço da obra. No dia de sua morte, peguei o livro na estante e comecei a ler de novo. Agora li até o fim as 300 páginas. Uma das impressões que tive ao ler pensando o contexto de 1987 foi uma impressão ruim, ele não deveria ter exposto tanto seu país publicamente como o fez.

1987

O ano de 1987 foi um ano de mudanças em minha vida, de rupturas. No início daquele ano me mudei para São Paulo, saindo da casa de meus pais em Minas Gerais. Fui morar numa espécie de república, na casa de minha avó paterna e de uns primos que moravam com ela. Iria fazer 18 anos de idade. 

Eu não era politizado. Me lembro do zum zum zum sobre a Guerra Fria, União Soviética, Gorbachev etc. Eu era facilmente manipulado pelo meios de comunicação dos empresários brasileiros (casa-grande). Fui manipulado por eles, lógico! Eu e 99% do povo brasileiro. Sempre! Os veículos de comunicação na eterna colônia Brasil são papagaios de repetição do que o império do norte pensa.

2022

Ao ler agora "Perestroika", a primeira parte do livro, me lembrei o tempo todo de minhas duas décadas de participação no movimento sindical brasileiro, lembranças boas e ruins, porque a vida real na política é bem diferente daquilo que se apresenta no teatro da vida social. 

Ao ler tudo o que Gorbachev escreveu e publicou em meados dos anos oitenta fiquei perplexo com a exposição desnecessária de problemas internos do socialismo como se naquele momento não houvesse uma guerra de vida ou morte, de existência, entre o capitalismo e o socialismo, entre a URSS e o império norte-americano e seu braço armado na Europa, Otan. Fala sério, gente!

A atual guerra entre os EUA e a Rússia, usando a Ucrânia e seu povo como bucha de canhão, tem tudo a ver com a dissolução da URSS e as consequências de se confiar na boa vontade do inimigo, o Tio Sam. 

Foi só acabar a URSS que os caras do Ocidente começaram a putaria de cooptar todos os antigos países do Pacto de Varsóvia para entrarem na Otan, trazendo com isso riscos reais ao país russo, na maior cara de pau. 

Enfim, achei a primeira parte até meio inocente, coisa que ninguém envolvido numa disputa de hegemonia de poder faria.

A segunda parte, "As novas ideias e o mundo", tem uma pegada mais pacifista e envelheceu melhor do que a exposição das entranhas do socialismo na União Soviética.

Uma coisa que me chamou a atenção em Gorbachev é o relato dele de estar sempre nas bases de seu país gigante conversando com o povo, com os trabalhadores. Também o desejo dele de mais liberdade e democracia para o povo. Ele fala isso o tempo todo no livro.

DESARMAMENTO E RISCO DE GUERRA NUCLEAR

Gorbachev tinha uma intenção sincera de buscar acordos para diminuir o risco de guerra e destruição nuclear da humanidade. A 2ª metade do livro conta essa história. Os Estados Unidos não toparam nada e toda hora faziam uma sacanagem para melar as negociações de desarmamento.

A esquerda trás consigo uma certa ética e valores que permitem a ela pensar o futuro do planeta e as próximas gerações em relação à preservação do meio ambiente e das condições de vida dos povos. Percebi essa preocupação ao longo de toda a argumentação do líder soviético.

Essa ética dos valores humanistas e ambientais é impensável na direita ou no capitalismo - nem cabe o "ou" no conceito -, isso é impensável no capitalismo de direita e extrema-direita (e não haveria capitalismo sem colonialismo, racismo, misoginia, preconceitos e demais valores e ferramentas do fascismo).

Enfim, foi interessante ler o que disse ao mundo Mikhail Gorbachev no final dos anos oitenta. Tudo mudaria para sempre logo depois. A queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, a ideia de Fukuyama do "fim da história" e a vitória definitiva do capitalismo neoliberal etc.

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ELEIÇÕES NO BRASIL

Tensão total, ansiedade, alternância de momentos de alívio e de apreensão. Um cansaço acumulado por anos de torturas diárias praticadas com sadismo pelo fascista e genocida no poder do Estado.

No próximo domingo 30 de outubro a vida de todos nós brasileiros vai mudar. É verdade que a mudança é a única certeza na vida humana e no mundo material. Porém, em alguns momentos da história, as mudanças se dão de forma a definir marcos temporais, tudo muda depois de tal evento... Dia 30 é um dia desses em nossas vidas.

Eleger Lula e a frente ampla no cenário colocado - uma sociedade fascistizada pelos donos dos meios de comunicação (a culpa é deles!) - é termos uma chance de recuperar um pouco de civilidade no país, é uma chance à metade progressista da sociedade, se não progressista pelo menos não reacionária e canalha. 

Se o miliciano representante do mal conseguir continuar no poder com as fraudes nunca vistas na história de uma eleição, será um novo nazifascismo vitimando não só os brasileiros, mas quiçá o mundo.

Quem diria que o jovem que saiu de Uberlândia em 1987 e que não tinha compreensão do que estava acontecendo na política mundial estaria aqui no Brasil em 2022 participando de um dos momentos que marcarão uma mudança na história do nosso país e continente sul-americano... Se não percebia a história mudando em 1987, hoje tenho a consciência clara do que está em jogo dia 30.

Torço pelo bem, torço pela eleição de Lula. Nossos biomas, nossos povos sofridos, nossa história, merecem uma chance de ser feliz. Mas sei que não existe juízo de valor na história real. Se perdermos, os vencedores aprofundarão toda a destruição e assim será.

Já ia terminando e quis registrar a minha perplexidade no empate técnico das pesquisas eleitorais entre Lula e o monstro. Por mais que saibamos das fraudes, das mentiras, do uso de bilhões do orçamento secreto e da máquina do Estado comprando votos, a gente nunca quer acreditar que o síndico e o zelador do prédio, que o primo, que nossos conhecidos estão com o inominável... Como perdoar essa gente? Eles aderiram ao nazismo!

William


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Liberdade (1880-1882) - Luiz Gama


 

Refeição Cultural

Osasco, 18 de outubro de 2022. Noite chuvosa de terça-feira em Osasco.


"A frase 'isto é torpeza de branco' marca, de saída, a singularidade de seu abolicionismo. Mais do que uma exclamação momentânea, a sentença organiza um aspecto da interpretação jurídica de Gama, tanto em matéria criminal como civil e administrativa: que a escravidão, tomasse ela a circunstância judicial e o tipo normativo que fosse, seria, sempre, um crime próprio da torpeza de branco. Tal qual um imperativo categórico, portanto, a torpeza de branco seria, em seu argumento de combate, a razão fundadora da escravidão. Com esse princípio, o advogado iria às últimas consequências, como de fato foi ao sustentar que 'o escravo que mata o senhor cumpre uma prescrição inevitável de direito natural'.” (Bruno Rodrigues de Lima)


Até dias atrás eu não sabia nada sobre Luiz Gama, praticamente nada. Sabia que ele existiu. Só. E isso tendo sido eu um dirigente eleito (branco) da classe trabalhadora por quase duas décadas. Digo isso com humildade e com a consciência de saber que não sabemos quase nada de assunto nenhum, quase nada. E também afirmo que mesmo não sabendo quase nada da nossa história de lutas de classe, arrisco dizer que ainda sei alguma coisinha a mais que a ampla maioria de meus companheir@s e pares da classe à qual pertenço. Sabemos muito pouco das coisas, por isso é uma obrigação estudarmos até o último dia de nossas vidas. Sempre é tempo de aprender algo novo.

Já sei alguma coisa sobre Lula. Sobre Mandela. Alguma coisa sobre Machado de Assis. Alguma coisa sobre o movimento sindical bancário. Alguma coisa sobre autogestões em saúde. Dessas referências, sei alguma coisa a mais que a maioria das pessoas. Na minha experiência de vida já estudei um pouco sobre essas pessoas e essas abstrações criativas de nosso cérebro humano. Organizações sindicais e associações de saúde do trabalhador são criações dos seres humanos.

Comecei a ler um dos volumes de Obras Completas de Luiz Gama (1830-1882) - Liberdade -, uma coletânea fantástica organizada pelo pesquisador Bruno Rodrigues de Lima, que passou quase uma década de sua vida procurando e reunindo centenas de textos de Luiz Gama, um dos guerreiros pela liberdade do povo negro em nosso país. 

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Apresentação do oitavo volume de Obras Completas de Luiz Gama:

"O oitavo volume, Liberdade (1880-1882), demarca o surgimento de um tipo de literatura de intervenção que exigia a imediata abolição da escravidão. Apesar da condenação moral do cativeiro ser recorrente na obra de Gama, é somente em 1880 que a campanha pela liberdade ganha um corpus textual específico. Os artigos deste volume, portanto, são fruto da luta radical pela abolição e por direitos. O abolicionismo de Gama, como ficará patenteado nas páginas de Liberdade, exigia cidadania e igualdade de fato e de direito." 

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A leitura do livro é uma oportunidade que se abriu ao me inscrever em um dos cursos do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), curso com a temática "13 livros para compreender o Brasil". Hoje sei alguma coisa a mais do que sabia ontem... não falo que a gente tem que estudar até morrer! 

Ser ignorante é uma merda! Vejam meus pares da classe trabalhadora que não tiveram oportunidade de estudar ou não quiseram estudar, quase a metade deles é manipulada para apoiar o mal representado pelo nazifascismo que tomou conta do Brasil - movimento fascista que se nomina hoje como bolsonarismo. Temos que estudar! Como diz o historiador e youtuber Carlitos: "cabeça vazia é oficina para Bolsonaro!"

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LUIZ GAMA 

Que homem esse Luiz Gama! Que homem!

Nasceu na Bahia em 1830, de mãe negra livre e guerreira - Luiza Mahin, que participou de diversas revoltas das causas de seu povo -, e de pai fidalgo português, que o vendeu como escravo de forma ilegal aos dez anos de idade, quando sua mãe havia partido para a luta. 

O garoto Luiz Gama veio parar em São Paulo, de onde fugiu e lutou por sua liberdade, e onde se constituiu como jornalista, advogado, poeta, escritor, republicano e abolicionista e uma das maiores referências de nossa história nas lutas pelo fim da escravidão e pela liberdade de seu povo e de todos nós. Liberdade com igualdade e cidadania. Que homem!

Li até o momento as primeiras 60 páginas do livro, a apresentação da obra e a introdução feita por Bruno Rodrigues de Lima. Quanta informação nova! E que admiração que já sinto por ter entre nós uma figura como essa, Luiz Gama. Amanhã, terei o privilégio de assistir a uma aula presencial do curso do ICL sobre Luiz Gama, aqui em São Paulo.

É isso! Que sigamos estudando e nos tornando menos ignorantes e menos vulneráveis às manipulações dos meios ideológicos dos poucos donos do poder que estão destruindo a espécie humana e o mundo como nós o integramos ao nos desenvolvermos como homo sapiens no último minuto da história do planeta Terra, ao considerar o quanto somos recentes neste mundo de bilhões de anos e o quanto já o destruímos em tão pouco tempo, algumas centenas de anos.

William


Bibliografia:

GAMA, Luiz. Liberdade (1880-1882) - Obras Completas de Luiz Gama. Org. Bruno Rodrigues de Lima. 1ª edição. Editora Hedra: São Paulo, 2021.


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Leitura: Luiz Gama, o libertador de escravos



Refeição Cultural

"O escravo que mata o senhor,
seja em que circunstância for,
mata sempre em legítima defesa."
(Luiz Gama)


Li este pequeno livro da Expressão Popular, sobre Luiz Gama, o libertador de escravos e sua mãe libertária, Luíza Mahin (2006), para começar a conhecer um pouco dessa figura histórica de nossas lutas populares. O livro foi escrito pelo excelente Mouzar Benedito. Eu já tinha faz tempo essa obra em minha biblioteca.

Meu interesse em Luiz Gama neste momento é porque estou fazendo cursos do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) e decidi acompanhar os encontros entre a filósofa Suze Piza e o historiador Lindener Pareto, curso com o nome "13 livros para compreender o Brasil".

A primeira aula foi a respeito do livro A queda do céu - Palavras de um xamã yanomami (2010), de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Terminei de assistir a essa primeira aula e gostei da proposta das 13 leituras.

O livro sobre Luiz Gama sugerido para leitura no curso é o Liberdade (1880-1882), um dos volumes da coletânea Obras Completas com centenas de textos do jornalista, advogado negro e abolicionista, que faleceu em 1882, pouco antes da lei de abolição em 1888. Seus textos foram organizados pelo pesquisador Bruno Rodrigues de Lima.

O livro organizado por Mouzar Benedito seria algo como um "primeiro contato" com personagem tão importante de nossa história, como diz Alípio Freire na apresentação deste livro da Expressão Popular, na série Recortes e Perfis.

É isso, vamos para mais uma trilha de busca do conhecimento.

William


domingo, 16 de outubro de 2022

Diário e reflexões (16/10/22)



Refeição Cultural

Osasco, 16 de outubro de 2022. Domingo de sol.


Anjos e deuses e espíritos e mitos diversos compuseram minha visão de mundo na primeira metade de minha existência humana. É absolutamente normal acreditar e querer acreditar no universo infinito de abstrações que o cérebro do homo sapiens cria para tentarmos sobreviver diariamente no mundo onde estamos. Já tinha isso claro pela vida que tive até aqui e o livro de ciência sobre o cérebro humano, do neurocientista Miguel Nicolelis, esclareceu décadas de busca pessoal sobre o sentido da vida.

O animal humano só é um animal diferente dos demais animais do mundo por causa do cérebro que desenvolveu ao longo do tempo. Nosso cérebro criou e segue criando absolutamente todas as coisas que compõem a realidade de todas as pessoas existentes no mundo independente do lugar e da época onde se situam. Adquiri esse conhecimento na segunda metade de minha existência humana.

Vi o filme Asas do desejo (1987) do diretor alemão Wim Wenders e fiquei pensando a respeito dos anjos e do papel desses seres criados por nós. Fiquei pensando no papel da necessidade ancestral que temos de criar abstrações para suportarmos a tentativa diária de sobreviver no mundo onde estamos. Talvez a oração do anjo da guarda tenha sido a que mais rezei em minha vida. E por décadas me persignei o tempo todo. Era meu mundo até ali.

Gostei do filme. Essa postagem não é uma resenha. Nossas criações humanas a partir de nossas abstrações nos matam e nos salvam todos os dias, há milhares de anos. Viver e morrer, criar e destruir, isso é a existência do homo sapiens no único mundo que existe para nós, o planeta Terra. Fiquei pensando nisso que somos a partir da oportunidade da referência aos anjos ao ver o filme clássico de Wim Wenders.

Consigo compreender o papel da fé e da religião como suportes ao sentido da vida humana pelo fato de a crença nas mais diversas formas de religião ter feito parte da primeira metade de minha existência. Como rezei nessa vida! Como pautei minhas ações e decisões por causa da fé nos dogmas das religiões! Não sou nem triste nem feliz por ter compreendido como se dão as abstrações do cérebro humano. Simplesmente somos assim, criamos deuses para acreditar que deuses nos criaram.

As abstrações na área da religião são em sua maioria baseadas em dar algum tipo de esperança de um momento melhor para a pessoa que tem a fé naquela crença, pelo menos das religiões que contatei e estudei e acreditei. Junto com a esperança, as religiões atuam para explicar por que as coisas seriam como são, e também servem para proibir que as pessoas façam diversas ações naturais aos animais, inclusive aos homo sapiens. 

O fato é que não é fácil aceitar a miséria, a injustiça, a impotência e a morte presentes na vida diária humana. Sem um suporte psicológico, subjetivo mas que se torna mais objetivo que qualquer coisa, seria difícil seguir em muitos momentos do viver. Poucas criações do gênio humano são mais emblemáticas que a reflexão de Hamlet sobre viver ou morrer, morrer ou viver, justamente porque somos homo sapiens e é difícil lidar com a consciência de nossa impotência de vivenciar a dor e a injustiça e não saber se a morte é o fim de tudo ou o começo, ou só um sono, um dormir e não acordar...

Eu me lembro com muita clareza o papel que a fé teve em minha vida na primeira metade da existência. Me lembro mesmo. A crença numa sequência de vida após a morte é algo muito tentador, gera um conforto incrível! Ainda mais se a pessoa se convencer que a sequência será melhor que a realidade dela antes do morrer. Os dogmas diversos, as doutrinas do faça isso, faça aquilo, não faça isso, não faça aquilo, é pecado, olha o castigo etc, talvez tenham feito com que eu quisesse morrer em alguns momentos e que eu não quisesse morrer em outros. É uma coisa doida, mas muito real para todas as pessoas que creem em algum tipo de religião.

Neste exato momento em que escrevo, início da tarde de domingo, não tenho controle algum sobre absolutamente nada que vá acontecer no minuto seguinte, nem comigo, nem com as pessoas que gosto, nem com o mundo onde vivo. Isso é uma verdadeira merda para um homo sapiens! Que impotência do caralho! Posso receber a notícia de uma morte. Posso ter um mal súbito sentado escrevendo e cair morto. O genocida criminoso no poder pode ser reeleito com as fraudes ilegais que estão cometendo. Lula pode vencer no dia 30. E não temos o menor domínio do que vá acontecer no minuto seguinte, seja com o verme no poder seja com a esperança que Lula representa. Como suportar toda essa incerteza na vida e toda a certeza de nosso fim? Só com abstrações, só com estratégias humanas para criar sentidos no viver. As estratégias são as mais diversas possíveis porque são criações do cérebro humano.

É isso. Os anjos de Wim Wenders na Alemanha dos anos oitenta me fizeram pensar um pouco sobre a vida, o mundo, as abstrações humanas, o Brasil desse momento trágico da história.

William


quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Lula ou Bolsonaro? Em jogo a nossa vida



Opinião

Eleger Lula presidente do Brasil dia 30 de outubro é uma tarefa civilizatória de todas as pessoas no país que ainda não abraçaram o mal em todas as suas formas e significações em nosso cotidiano de vida e no lugar geográfico onde vivemos


Nosso país tem mais de 200 milhões de pessoas. São eleitores mais de 156 milhões de pessoas. Em poucos dias, vamos decidir quem vai ser o presidente do Brasil, Lula ou Bolsonaro. Não gosto de ser obrigado a escolher uma de duas opções, o mundo não deveria ser bipolar, isso ou aquilo, porque é verdade que entre o preto e o branco há diversas tonalidades de cores, mas é o que está em questão dia 30 de outubro.

O que vamos decidir dia 30 de outubro é o que vai acontecer com a nossa vida após o resultado no fim do dia. O que está em jogo é o que vai acontecer com o nosso meio ambiente, o lugar onde vivemos, a terra, o chão, tanto o lugar onde moramos como os biomas que permitem a vida nos lugares onde moramos, porque registros de imóveis não separam o ar, a água, o calor ou frio, a ira da natureza.

Minha visão do processo eleitoral em andamento e da realidade histórica do Brasil no qual vivo tem feito com que eu alterne dias de esperança em vencer a barbárie instalada desde o golpe (pra não falar dos 500 anos) com dias de pessimismo da razão, que me fazem avaliar como uma tarefa quase impossível a de superar todas as fraudes sendo executadas para manter o criminoso no poder.

Hoje de manhã li uma postagem do excelente jornalista Luiz Carlos Azenha (no Twitter), que mexeu comigo, serviu pra mim.

"Quem viveu sob a ditadura, como eu, sabe que não cabe medo. Se você está ansioso, é melhor ficar quieto do que compartilhar apreensão e baixar a moral alheia. Deixe que a gente cuida de tentar a vitória por você. Ninguém vai te cobrar nada! Relaxe, deixe com a gente!"

Li também um artigo do historiador Fernando Horta, com o título "Um plano nacional de fraude às eleições" (Brasil247), que de certa forma enumera o que eu tenho refletido a respeito da dificuldade que temos de vencer o gigantismo das fraudes para manter no poder essa máfia que tomou conta do país desde o golpe perpetrado contra a democracia e o povo brasileiro em 2016.

O comentário de Azenha me pegou de jeito, me senti culpado por qualquer desabafo público que tenha feito sobre as dificuldades em vencer essa guerra contra o fascismo que chegou ao poder por golpe em nosso querido Brasil. O filme Tropa de Elite 2 nunca poderia ter sido mais visionário do que foi: a milícia chegou ao poder no Planalto Central.

A repreensão de Azenha também me afetou como uma das ideias de Jordan Peterson:

"Deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo" (Jordan B. Peterson)

Vi essa ideia-chave em outubro do ano passado. A ideia é o nome de um dos capítulos de um livro de Jordan B. Peterson - 12 regras para a vida - Um antídoto para o caos. Um companheiro e amigo estava lendo este livro e comentou em redes sociais quando fui ler a respeito do livro e autor na internet.

Todas as ideias-chave do livro são para se pensar, mas essa me travou de forma estranha. Provavelmente a ideia bateu fundo em algum problema que carrego há tempo, acho que é isso. Me esforcei no cuidado da representação das lutas coletivas, mas descuidei do cuidado com as questões de minha casa.

Enfim, voltando a Lula ou Bolsonaro, decisão que temos que tomar no dia 30 de outubro, vou seguir contribuindo como eu achar que posso até o instante final dessa guerra entre a civilização e a barbárie, na qual está em jogo a nossa vida e a existência de nosso mundo, o Brasil, onde quer que estejamos vivendo nesse país continente.

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LULA É POSSIBILIDADE DE CONQUISTAS PARA O POVO

MANUTENÇÃO DE BANCOS PÚBLICOS - Eleger Lula é a possibilidade de continuar lutando pela manutenção do Banco do Brasil público e servindo ao país, mesmo sabendo que a frente ampla contra o fascismo é liberal e quer o fim das coisas públicas.

MANUTENÇÃO DE PREVI E CASSI - Eleger Lula é a possibilidade de nossa Previ e Cassi seguirem existindo a médio e longo prazo, com perspectiva de lutas do funcionalismo pela manutenção de direitos. A existência da Cassi e autogestões como a nossa diminui a demanda de vagas no sistema público (SUS) para milhões de pessoas sem planos de saúde, pois quase 5 milhões de trabalhadores são assistidos pelo sistema de autogestões. Previdências complementares como a nossa mantêm a qualidade de vida dos participantes mesmo recebendo benefícios pequenos da previdência pública e também diminuem a carga da previdência pública complementando rendimentos a partir de determinados tetos públicos.

REORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO POPULAR POR DIREITOS - Eleger Lula é a possibilidade de tentar corrigir nossos erros no movimento social e popular de esquerda - sindical, partidário, estudantil, do campo e cidade - para fazer enfrentamento popular e democrático ao movimento social de direita e extrema-direita que agora é uma realidade no Brasil, com pautas conservadoras e reacionárias, movimento organizado e sedento de ódio e sangue contra nossas lutas seculares por direitos dos povos.

LULA É RESPEITO AO DIFERENTE, É DEMOCRACIA - Eleger Lula é a possibilidade de muitas coisas caras a nós que somos apreciadores do amor, da amizade, do contato humano, da cultura em suas diversas formas, da ciência e educação para todos, das liberdades individuais, da diversidade, da natureza em toda a sua amplitude, da conciliação através da solução pacífica das controvérsias como diz a CF 1988. É a possibilidade de acreditar pessoalmente naquilo que quiser, mas respeitando a crença dos outros, fé é algo de âmbito pessoal, religião não pode se misturar com o Estado, isso nunca deu coisa boa.

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LULA E A FRENTE AMPLA SÃO A CIVILIZAÇÃO CONTRA A BARBÁRIE E A MISÉRIA

Eu acompanho os temas de comunicação, linguagem e tecnologia da informação há quase duas décadas. Sei que os seres humanos foram afetados pelas tecnologias criadas nessas áreas. Os algoritmos, os malditos algoritmos, foram utilizados pelo capitalismo para destruir a liberdade e a criatividade humana, nossa essência. Acho que Jaron Lanier tem razão em seu livro Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais. Estamos nos perdendo. Mas a gente pensa nisso após salvar a democracia!

Se você não abraçou todo o mal que Bolsonaro significa, vamos juntos eleger Lula e a frente ampla que ele representa e vamos nos reorganizar enquanto sociedade para que Lula não seja impedido e para que seu programa possa ter uma chance de execução, que as pessoas - TODAS - possam ter direito a alimentação, moradia, emprego, educação, saúde, segurança, cultura e perspectivas de amor, amizade e felicidade.

Dia 30 de outubro, votem #LulaPresidente

William Mendes

Caso tenham interesse, vejam o vídeo que fiz sobre esse texto clicando aqui

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Leitura: Gen Pés Descalços (1) - Keiji Nakazawa



Refeição Cultural

Gen Pés Descalços - O nascimento de Gen, o trigo verde

Volume 1


A leitura do primeiro volume de Gen Pés Descalços foi um desafio prazeroso para mim como leitor acostumado a livros e revistas ocidentais. Ganhei de presente de meu filho a coleção completa desse clássico mangá de keiji Nakazawa e após uma vida inteira quase sem ler HQ, fiz a leitura com calma e cuidado, sem pressa e vivendo intensamente cada detalhe dos traços belíssimos do mangá.

Na infância nos anos setenta eu lia gibi. Não tive contato com essa forma de cultura durante a vida adulta, mas durante os primeiros anos de vida, pude ler muitos gibis antes dos 10 anos de idade. Nunca me esqueço de ter aprendido sobre a mosca tsé-tsé num almanaque do Tio Patinhas. Depois dos 11 anos a vida foi muito diferente da primeira infância e não tive mais tempo e condições de curtir gibis, programas de TV e outras mídias culturais de meu tempo. Comecei a trabalhar no que dava dali em diante.

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O IMPÉRIO JAPONÊS E A 2ª GUERRA MUNDIAL

A história da família Nakaoka se passa num cenário de muita privação e miséria para o povo japonês. Fome. Muita fome! Ataques aéreos o tempo todo... O Japão está lutando ao lado da Alemanha nazista e da Itália fascista contra os aliados, na história simbolizados pelos inimigos Estados Unidos e Inglaterra. A história começa nos momentos finais da guerra, em abril de 1945. O império japonês resiste a qualquer preço e parece lutar até que não sobre um sobrevivente sequer.

A primeira página do mangá traz uma sabedoria ancestral ensinada de uma geração para outra. O pai da família Nakaoka ensina aos filhos sobre a força do trigo, que deve ser pisado quando germina no inverno para que produza raízes fortes e profundas que permitam que a planta cresça forte e resistente para suportar geadas, ventos e neve até que produza espigas grandes e robustas.

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PISOTEADOS E FORTES COMO O TRIGO

"Filho, quero que vocês cresçam como este trigo", diz o pai. E os filhos respondem: "firmes e fortes, mesmo se pisoteados. A gente já sabe, pai. Você já falou um milhão de vezes."

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HIROSHIMA E A BOMBA ATÔMICA

A família Nakaoka vive na cidade de Hiroshima e o autor desde o início da obra vai preparando o leitor para o que vai acontecer no dia 6 de agosto de 1945: a explosão da bomba atômica "Little Boy" sobre a cidade, lançada pelos Estados Unidos através do bombardeiro B-29 "Enola Gay". 

A história todos nós conhecemos. Mas ver o assassinato daquela população japonesa através de uma História em Quadrinhos, um mangá escrito por um sobrevivente daquela tragédia quando tinha 6 anos, ver os traços marcantes do mangá descrevendo essa tragédia é algo muito forte!

Ao longo do primeiro volume, o leitor vivencia todo o clima da guerra, a loucura que toma conta de todas as pessoas dos países envolvidos no conflito bélico. Tem violência o tempo todo. 

A família do senhor Nakaoka é uma família pacifista e ela sofre na pele a consequência de ser contra a guerra, ou seja, contra o imperador e "contra o Japão". São tratados como antipatriotas e humilhados o tempo todo.

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O ÓDIO QUE SE SEMEIA...

Brasil da milícia no poder - Impossível não nos lembrarmos do que é e o que significa o governo fascista do Brasil (Bolsonaro), regime que só foi possível graças à cultura de ódio disseminada pela grande imprensa nas duas últimas décadas. 

Ucrânia - Impossível não nos lembrarmos do que está acontecendo neste momento no conflito bélico na Ucrânia, entre os imperialistas do momento, Estados Unidos e Rússia, e novamente o risco de uma guerra nuclear. 

A leitura do clássico Gen Pés Descalços não poderia se dar em momento mais oportuno.

Vamos para o segundo volume do mangá. Nakazawa publicou o mangá em 1973 e a tradução brasileira é de Drik Sada, publicado no Brasil em 2011 pela Conrad.

Seguimos na leitura!

William


Post Scriptum: ler aqui os comentários sobre a leitura do 2º volume.


sábado, 8 de outubro de 2022

47. Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado



Refeição Cultural - Cem clássicos

Terminei a leitura de Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado. O "esboço do processo histórico da formação da economia brasileira", como o autor nos diz na introdução do livro foi escrito em 1957. 

A edição que li faz parte de uma coleção de livros organizada pela Folha de São Paulo no ano 2000 - Grandes nomes do pensamento brasileiro - e repousa em minha estante há duas décadas. Só agora pude terminar uma leitura que tentei fazer há muito tempo.

A coleção de pensadores brasileiros que tenho é composta por 13 livros e li Furtado num momento muito especial da vida nacional. Temos que eleger Lula 13 para presidente no dia 30 de outubro e salvar o Brasil da completa barbárie e destruição que já vivemos desde que o crime organizado chegou ao poder após o golpe de 2016.

CONTEXTO DE LEITURA DA OBRA

Li quase a metade do livro em 2009 quando fui eleito secretário de formação da confederação dos bancários. Naquela época, quis ler e estudar tudo que me ajudasse a compreender o Brasil e o que somos. Acho que a metade que li foi muito útil para o meu exercício de representação dos colegas trabalhadores. Estudei o máximo que pude na época.

Como eu tinha uma formação na área de administração, contabilidade e economia, sempre tive facilidade com a temática que Furtado nos descreve de forma simples e para leigos como ele diz na introdução. Além de ser formado em Ciências Contábeis, fiz curso de extensão em economia pelo Cesit da Unicamp em 2004 e nos anos noventa estudei muito economia para concursos públicos.

A leitura neste momento pessoal e da história do Brasil e do mundo tem uma característica bem distinta das leituras daquela época de militância política e representação de classe. Sigo com desejo de novos conhecimentos como sempre tive desde muito jovem. Sem educação, formação e cultura não vamos a lugar algum na sociedade humana e na busca pessoal por compreender a vida humana.

FURTADO DESCREVE A ECONOMIA COMO UMA SÉRIE DE STREAMING

A leitura desse clássico em seu gênero foi feita de uma forma muito especial por mim, foi feita como se eu assistisse a uma série em canais de streaming. Li os 36 capítulos em 36 dias de leitura da obra. Cada dia lia somente um capítulo e comentava alguma coisa simplória no blog. Foi bem interessante. Li entre os dias 9 de junho e ontem 7 de outubro.

Durante minha vida de representação da classe trabalhadora, busquei atuar de uma forma que diariamente e ao longo do tempo pudesse politizar as pessoas que representava com mandatos eletivos. Ao observar que os trabalhadores têm pouco tempo para estudos, formação e cultura, cabe a um dirigente da classe pensar formas de informar e formar seus pares. 

Passei 16 anos fazendo esse esforço na base na qual atuei, a categoria bancária. Sempre tentei passar noções das coisas aos meus colegas, noções. Quem quisesse se aprofundar nos temas, que estudasse mais.

Da leitura e dos comentários que fiz ao longo desses meses ficam as noções sobre economia e sobre os efeitos das decisões econômicas na vida das pessoas em uma sociedade. A economia é muito importante em nossas vidas. Não deixem que destruam sua vida com os efeitos econômicos que poucos tomam. Isso é política!

Comecei a reler os comentários que fui fazendo desde o capítulo um e achei bem legais para relembrar a ideia central do que Furtado descreveu em cada uma das 5 partes nas quais o livro se divide:

1. Fundamentos econômicos da ocupação territorial

2. Economia escravista de agricultura tropical (século XVI e XVII)

3. Economia escravista mineira (século XVIII)

4. Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

5. Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

Para os leitores e leitoras que tiverem interesse na leitura e nos comentários sobre essa obra fundamental de Celso Furtado, comentários bem descontraídos, com algum palavrão às vezes (dá muita raiva conhecer a nossa história de exploração), é só ler as postagens no blog. Estou revisando elas e colocando o link de uma para a outra para a pessoa ler o primeiro e ter o link para a seguinte.

NOÇÕES DE ECONOMIA NOS LEMBRAM DO DIA 30 DE OUTUBRO: CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?

Digo a vocês o quanto a leitura de Furtado me trouxe de volta as lembranças dos efeitos econômicos e políticos na nossa vida comum e cotidiana das decisões que alguns caras da elite e seus apaniguados tomam na calada da noite nos governos das mais diversas formas de organização - monarquia, república etc.

Furtado nos ensina bastante sobre os efeitos nocivos das alterações nas taxas cambiais em favor das elites e para dividir os prejuízos da casa-grande quando alguma coisa dá merda pra eles. Salva-se o patrimônio e o negócio dos ricos e o povão sofre as consequências. Inflação, desemprego, carência de direitos sociais e violência de uns contra os outros são algumas das consequências de decisões econômicas de governos.

Pergunto: é algo diferente do que está acontecendo neste exato momento de nossas vidas aqui no Brasil dominado por uma elite racista, lesa-pátria, criminosa e genocida?

Enfim, mais um clássico lido. Deixo aqui o link da primeira postagem da leitura do livro de Furtado. As seguintes estarão disponíveis. 

No momento em que publico este texto ainda não coloquei link nas 36 postagens, mas vou colocar em todas elas. Dá trabalho a releitura e a diagramação no blog. Faço o possível para que o blog seja agradável para ler, já que aqui tem muitas letras e palavras... (como critica o genocida no poder sobre textos didáticos e educacionais).

Leiam e estudem! Os tempos são de elogios à ignorância. Vocês podem não acreditar, mas tem estratégia por trás da ignorância coletiva. Os poucos que detêm o poder econômico e político no mundo têm método e têm estratégia por trás da pregação da ignorância coletiva. Busquem a formação, a cultura e a ciência.

William


Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXVI)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXVI. Perspectivas dos próximos decênios


"Essa disparidade de níveis de vida, que se acentua atualmente entre os principais grupos de população do país, poderá dar origem a sérias tensões regionais..." (Furtado)


Visionário, não?

Neste último capítulo, Furtado recupera em linhas gerais o que desenvolveu ao longo do livro e deixa algumas perspectivas do que poderia ocorrer no Brasil em seguida. Ele foi certeiro em algumas previsões.

"Se se prolonga a contração da procura externa, tem início um processo de desagregação e a consequente reversão a formas de economia  de subsistência. Esse tipo de interdependência entre o estímulo externo e o desenvolvimento interno existiu plenamente na economia brasileira até a Primeira Guerra Mundial, e de forma atenuada até fins do terceiro decênio deste milênio," (p. 245)

Na etapa seguinte, após a 1ª GM e os anos trinta, tem-se maiores investimentos no setor industrial e serviços conexos. Governo controla importações (foco em bens de capital e matéria prima) para fortalecer a indústria nascente e o mercado interno de consumo de produtos nacionais.

Furtado discorre sobre as relações comerciais entre as regiões do país, o Sudeste com o Sul e com o Nordeste, principalmente. A industrialização quase toda na região Sudeste vai beneficiar a população local em relação à renda per capita (ver epígrafe que cito no início do texto).

SUL - "Esse processo de articulação começou, conforme já indicamos, com a região sul do país. Por uma feliz circunstância a região rio-grandense - culturalmente a mais dissímil das demais zonas de povoamento - foi a primeira a beneficiar-se da expansão do mercado interno induzida pelo desenvolvimento cafeeiro." (p. 248)

NORDESTE - "A articulação com a região nordestina se faz por intermédio da própria economia açucareira. Nesse caso, a luta pelo mercado em expansão da região cafeeira não se realiza contra concorrentes externos, e sim contra produtores locais. A partir da segunda metade dos anos vinte, o sul do país passa a representar um mercado mais importante para o Nordeste (não incluída a Bahia) que o exterior." 

AMAZÔNIA - "Por último, a Amazônia se incluiu entre os beneficiários da grande expansão da região cafeeira-industrial. O mercado desta passa a absorver a totalidade da produção de borracha e permite a abertura de novas linhas de produção na região, como foi o caso da juta." 

INDUSTRIALIZAÇÃO CONCENTRADA EM UMA REGIÃO É PROBLEMA

Furtado diz que a industrialização começou no Brasil concomitantemente em quase todas as regiões, mas isso foi mudando ao longo do tempo por diversos fatores. As manufaturas têxteis, por exemplo, começaram no Nordeste a partir de 1844 (p. 249)

"(...) Com efeito, a participação de São Paulo no produto industrial passou de 39,6 para 45,3 por cento, entre 1948 e 1955. Durante o mesmo período a participação do Nordeste (incluída a Bahia) desceu de 16,3 para 9,6 por cento. A consequência tem sido uma disparidade crescente nos níveis de renda per capita. Em 1955, São Paulo com uma população de 10.330.000 habitantes, desfrutou de um produto 2,3 vezes maior que o do Nordeste, cuja população no mesmo ano alcançou 20.100.000. A renda per capita na região paulista era, por conseguinte, 4,7 vezes mais alta que a da região nordestina. Essa disparidade de níveis de vida, que se acentua atualmente entre os principais grupos de população do país, poderá dar origem a sérias tensões regionais. Assim como na interdependência econômica - à medida que se articulavam as distintas regiões em torno do centro cafeeiro-industrial em rápida expansão - na segunda poderá aguçar-se o temor de que o crescimento intenso de uma região é necessariamente a contrapartida da estagnação de outras." (p. 249-50)

Furtado explica no capítulo alguns motivos pelos quais a região Nordeste tem uma renda per capita menor do que a região Sudeste. 

Uma explicação do economista sobre o quanto a monocultura é complexa quanto aos efeitos bons ou ruins para a coletividade, vale a pena citar meio século depois de publicado por Furtado, por causa da condição em que se encontra o Brasil neste ano de 2022, após o golpe de Estado em 2016 e a transformação do país num fazendão exportador do agro "pop".

"O sistema de monocultura é, por natureza, antagônico a todo processo de industrialização. Mesmo que, em casos especiais, constituam uma forma racional (do ponto de vista econômico) de utilização de recursos de terra, a monocultura só é compatível com um alto nível de renda per capita quando a densidade demográfica é relativamente baixa. Ali onde é elevada essa densidade - o que ocorre na faixa úmida do Nordeste - a monocultura possibilita alcançar formas superiores de organização da produção. Com efeito, nas regiões densamente povoadas uma elevada densidade de capital por homem - condição básica para o aumento de produtividade - só se consegue com a industrialização." (p. 251-52)

E assim, cheguei ao fim da leitura do livro de Celso Furtado. Após fazer breves comentários em 36 postagens dos capítulos, farei uma postagem final de registro da leitura de mais um clássico lido em meus roteiros de busca de conhecimento pessoal. 

William


Leia aqui comentário sobre a leitura de mais um clássico da literatura brasileira e mundial, neste caso na área das ciências econômicas.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXV)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXV. Os dois lados do processo inflacionário


"Vejamos agora alguns dos aspectos básicos do problema da elevação do nível de preços. Assinalamos, em capítulo anterior, a tendência histórica da economia brasileira para elevar o seu nível de preços, tendência essa que refletia o processo pelo qual o setor exportador transferia para o conjunto da coletividade as suas perdas nas baixas cíclicas ou nas etapas de superprodução. Indicamos, demais, como esse mecanismo tendente a fazer subir permanentemente o nível dos preços dificultava o funcionamento do sistema do padrão-ouro..." (p. 237)


Penúltimo capítulo do "esboço" de Celso Furtado. Neste capítulo, o professor nos explica um pouco sobre os processos inflacionários. Que aula! O livro é dos anos cinquenta (escreveu em 1957). Eu fui jovem trabalhador nos anos oitenta. Me lembro da inflação alta, de dois dígitos ou mais.

Comecei a ler este livro entre 2008 e 2009, queria na época me aprofundar em economia, já que era secretário de formação da categoria bancária. Como quase tudo que li naquele período, fui até a metade do livro e deixei de acabar a leitura por outros afazeres.

Ler agora, retirado do movimento e dos mandatos eletivos, tem sua validade pelo puro prazer de estudar e ler e adquirir conhecimento. Que aula de Furtado ao longo de vários capítulos! Relembrei e aprendi noções sobre câmbio, efeitos micro e macroeconômicos de decisões políticas de governo, como o mercado se movimenta de uma ou outra forma etc.

Até a metade do livro, eu achava que ele tinha a mesma pegada do livro de Galeano - As veias abertas da América Latina - que fala das etapas de exploração dos recursos dos povos sul-americanos, mas depois que passei da metade do livro de Furtado vi que as temáticas são diferentes, neste muito mais focado em fundamentos de economia mesmo.

O QUE É INFLAÇÃO? 

Alguns excertos do capítulo nos abrem as portas para o entendimento do que seria inflação. Vale a pena a pessoa ler o capítulo inteiro. Mas duas citações ajudam a iniciar a análise.

"As observações feitas no parágrafo anterior põem a descoberto certas articulações básicas do mecanismo da inflação no Brasil. A inflação é o processo pelo qual a economia tenta absorver um excedente de procura monetária. Essa absorção faz-se por meio da elevação do nível de preços, e tem como principal consequência a redistribuição da renda real. O estudo do processo inflacionário focaliza sempre esses dois problemas: a elevação do nível de preços e a redistribuição da renda..." (p. 238)

Outra citação interessante reforça essa acima. Inflação é luta entre grupos sociais pela redistribuição da renda real.

"As observações que vimos de fazer põem a claro que a inflação é fundamentalmente uma luta entre grupos pela redistribuição da renda real e que a elevação do nível de preços é apenas uma manifestação exterior desse fenômeno." (p. 240)

Eu vivi a vida laboral e de representação sabendo que na inflação quem se ferra é o povo, mas nunca tinha visto um conceito com essa referência na luta pela redistribuição que Furtado explica. Legal!

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CHANCES DE MUDANÇAS PARA O POVO À VISTA...

Como inflação afeta o povo e o povo tá sofrendo com o governo colocado no poder pelas elites e pelos poderosos da casa-grande (através de golpe em 2016 e 2018) neste momento histórico do Brasil, vamos mudar esse cenário no próximo dia 30 de outubro, elegendo o candidato da esperança, Lula.

#LulaPresidente

#HaddadGovernador

William


Clique aqui para ler comentários sobre o capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Lula (PT) X a mentira e a rejeição



Refeição Cultural

1. O que está em jogo nesses 25 dias que faltam para decidir o destino do Brasil e do povo brasileiro nas eleições em 2º turno no próximo dia 30? 

2. Qual a estratégia do inimigo para nos derrotar? 

3. Tem como combater milhões de mentiras repetidas milhões de vezes, como ensinou aos extremistas e poderosos o nazista Goebbels?


1. O que está em jogo é tentar superar numericamente a quantidade de eleitores que votarão no líder da extrema-direita somado com a quantidade de eleitores que não votam nele, mas que serão convencidos a também não votarem em Lula e no Partido dos Trabalhadores por rejeição maior do que o gesto de tentar impedir o genocida de continuar no poder. Isso pode se dar aumentando os nem-nem por votos brancos, nulos e não comparecimento no dia das eleições.

A estratégia está clara para mim. Comecei a estudar um pouco de comunicação e linguagem desde que fui secretário de imprensa da confederação dos bancários. Sou testemunha viva da aplicação no Brasil de Lula (PT) desde o início de 2003 da técnica usada por Goebbels e os nazistas no 3º Reich para convencer milhões de alemães a embarcarem no genocídio e na guerra total da Alemanha contra o mundo no século 20.

As ferramentas usadas para mudar o comportamento das pessoas e transformá-las naquilo que se pretende são as ferramentas da época. Na primeira metade do século 20, as ferramentas foram o rádio, o cinema, fotos, a imprensa adesista ao regime, discursos em grandes áreas para massas de pessoas. E os líderes de massas conseguiram levar multidões a segui-los até a morte em suas ideias justas ou criminosas. Não só Hitler usou dessas ferramentas. Os norte-americanos foram convencidos a irem à guerra com as mesmas técnicas.

O sobrevivente do Holocausto Victor Klemperer, filólogo e estudioso da linguagem, deixou para nós o livro LTI A Linguagem do 3º Reich para que as gerações futuras na Alemanha e outras nações entendessem como as massas foram enganadas e manipuladas através da linguagem do ódio, da intolerância e do ufanismo em um grupo em detrimento do restante do mundo. Hoje, sabemos que o ódio e medo engajam seis vezes mais nas redes sociais do que sentimentos do tipo amor e bondade. Vejam o documentário premiado "O dilema das redes".

Quando Lula e o Partido dos Trabalhadores chegaram ao poder político em 2003, os donos do poder econômico e financeiro derrotados (o capital) passaram a aplicar técnicas de linguagem que depois fui entender que se tratavam daquilo que Klemperer registrou ao longo de 12 anos de ascensão do nazismo (acho até melhor dizer Partido dos Trabalhadores do que "PT" após a aplicação da técnica nazista da linguagem LTI aplicada no Brasil).

São milhões e milhões de vezes ao longo de duas décadas de associações negativas das palavras Lula, PT, esquerda, sindicalismo, movimentos sociais etc em praticamente todos os meios formadores de opiniões dos donos do poder - os jornalões, revistas, rádios e TVs - criminalizando um segmento da sociedade em favor das pautas deles próprios da elite, da casa-grande. Klemperer explica como se dá essa mudança na linguagem e na mente das pessoas. Palavras, imagens, símbolos, cores ligadas à esquerda e suas pautas passaram a ser rejeitadas consciente ou principalmente inconscientemente pelo conjunto da sociedade. É muito forte isso! 

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"Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras. O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção conscientes. O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases que foram impostas pela repetição, milhares de vezes, e foram aceitas inconsciente e mecanicamente..." (Victor Klemperer)

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Amig@s, eu fui vendo o efeito do que fez a grande imprensa canalha ao longo de anos no primeiro e segundo governo de Lula e do Partido dos Trabalhadores e no governo de Dilma Rousseff. Cito o que Pulitzer fala sobre uma imprensa cínica, demagógica, mercenária e corrupta que cria um público tão vil quanto ela mesma. Pulitzer e Klemperer explicam bem o poder da linguagem totalitária martelando ininterruptamente mentiras, ilações, insinuações, fake news, maledicências sem prova alguma. É uma merda! Francamente!

Hitler e o nazismo associavam seus alvos inimigos a ratos, coisas nojentas, corrupção, sujeira, coisas abjetas. Judeus, outros povos, adversários políticos, todos foram coisificados, desumanizados. Feito isso, agredir e matar judeus, pessoas com deficiência, adversários políticos como socialistas, comunistas, social-democratas não era nada de mais grave, já que não eram humanos ou eram sub alguma coisa. Deu no que deu.

No Brasil, ao longo de duas décadas, foi feito a mesma coisa conosco, com a esquerda, com os movimentos sociais, sindicalistas, Lula, Dilma, PT, CUT etc. Quem começou fazendo isso foi a grande imprensa dos donos do poder. Agora é pior. Antes a gente via as mentiras e as merdas que eles inventavam contra nós, faziam as fake news publicamente. Dava até para tentar entrar na justiça por danos morais. Hoje, não. É nas redes sociais, direto pra cada indivíduo, é no Zap e no Telegram. E isso custa caro, milhões de dinheiro, mas tem quem financia e deve pagar em dinheiro vivo, não contabilizado. É foda!

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2. Qual a estratégia do inimigo para nos derrotar? 

A estratégia até 30 de outubro é aumentar a rejeição ao Lula, ao Partido dos Trabalhadores e a tudo que se relacione às ideias centrais que são base da extrema-direita e dos grupos de manipulação e fanáticos.

Com os algoritmos e os grupos de influência que a extrema-direita tem as mensagens de criação de rejeição chegam para cada um de acordo com o que a pessoa mais pode ser convencida, ódio, medo, fanatismo religioso etc. 

Vocês acham que não tem muito dinheiro por trás das eleições do Congresso neste domingo 2 de outubro? Na última semana e nos últimos dois dias praticamente todos os milhões e milhões de visualizações de vídeos no YouTube e nas demais redes sociais eram vídeos abertos com propagandas favoráveis ao genocida no poder e seus candidatos. Mesmo para pessoas como eu que só acessam sites progressistas. Toda visualização minha começava com o cara que defendia passar a boiada (eleito), com um ou outro extremista e fascista, o astronauta da terra plana etc... é muito difícil derrotar esse sistema.

Então, conversem com aqueles que já votaram em Lula no primeiro turno para não caírem em mentiras e para irem votar de novo: não acho simples manter os 57 milhões de votos em Lula. E tem os nem-nem, esse é o segmento que está sendo manipulado para a rejeição ao PT e ao Lula ser maior que a do inominável e o que ele significa.

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3. Tem como combater milhões de mentiras repetidas milhões de vezes, como ensinou aos extremistas e poderosos o nazista Goebbels?

É uma pergunta na qual eu não tenho resposta. Ficaria aliviado se ao menos os pensadores e coordenadores de nosso lado estiverem desenvolvendo estratégias para isso, pois o nosso lado nestas eleições é o da civilização que está lutando para tentar barrar a barbárie.

Só uma questão a se pensar: acho que estão certos aquel@s que têm dúvidas se a estratégia de campanha baseada no amor e na paz tem efeito neste cenário que descrevi acima. O inimigo tem a estratégia do ódio e da mentira e o foco em aumentar a rejeição ao Lula e ao PT. Se a rejeição for maior que os votos do genocida, perdemos a eleição e o Brasil. 

Enfim, o texto já ficou longo.

#LulaPresidente

William

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXIV)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXIV. Reajustamento do coeficiente de importações


Neste antepenúltimo capítulo do livro, Furtado nos conta que o governo Vargas - ele não cita quem governa mas o período no qual ele está analisando é o Brasil da era Vargas - tomou decisões políticas, econômicas e fiscais que contribuíram para o desenvolvimento do setor industrial brasileiro.

Com o fim da guerra, aumentaram as demandas por produtos de consumo importados... a economia iria ter os desequilíbrios de sempre na balança de pagamentos... mas o governo interveio na economia e na taxa de câmbio ao longo da década posterior à 2ª GM.

"Para corrigir esse desequilíbrio, as soluções que se apresentavam eram estas: desvalorizar substancialmente a moeda, ou introduzir uma série de controles seletivos das importações. A decisão de adotar a segunda dessas soluções teve profunda significação para o futuro imediato, se bem que foi tomada com aparente desconhecimento de seu verdadeiro alcance." (p. 229)

Aprendemos durante os capítulos anteriores do livro sobre os efeitos das mudanças das taxas cambiais para mais ou para menos e a influência disso na economia como um todo e na distribuição da renda monetária ou na acumulação da riqueza.

Lá no século 19, cada vez que os governos desvalorizavam a moeda nacional, os caras do agro "pop" (cafeeiros) eram beneficiados e o povão sentia o efeito inflacionário no consumo popular por causa da necessidade de importados nas coisas do dia a dia.

As soluções econômicas tiveram outra dinâmica após a crise de 1929 e após a 2ª Guerra Mundial. Houve foco na indústria e produção nacionais:

"Ao aumentar a produtividade, as indústrias transferiram parte do fruto dessa melhora para o conjunto da população, por meio de uma baixa relativa de preços. Assim, entre 1945 e 1953, a elevação dos preços dos produtos industriais de produção interna foi de cerca de 60 por cento enquanto o nível geral de preços da economia aumentava mais de 130 por cento..." (p. 231)

Em meados do século 20, o governo resolveu controlar mais a taxa de câmbio e fazer um controle seletivo das importações, facilitando a entrada de bens de capital e matéria prima para fortalecer as indústrias nacionais e o consumo interno do país. Por outro lado, dificultou a entrada de bens de consumo, também favorecendo a indústria nacional e o consumo das famílias.

Enfim, o capítulo termina mostrando que o setor de indústrias foi fortalecido e o consumo interno também.

"A política cambial, baixando relativamente os preços dos equipamentos e assegurando proteção contra concorrentes externos, criou a possibilidade de que esse enorme aumento de produtividade econômica fosse em grande parte capitalizado no setor industrial. Dessa forma a taxa de capitalização pôde elevar-se sem que com isso se impedisse um crescimento substancial do consumo..." (p. 234)

A leitura desse livro de Furtado foi uma aula para mim. Eu havia me esquecido de diversos conceitos de micro e macroeconomia e lendo aos poucos o esboço da Formação Econômica do Brasil pude entender bem melhor o porquê de as coisas serem como são no Brasil de hoje, a pior distribuição de renda do planeta.

Para termos mais chances de decisões econômicas favorecerem o povo em geral, afirmo sem dúvida que temos que eleger Lula presidente no próximo dia 30 de outubro.

#LulaPresidente!

William


Clique aqui para ler comentários sobre o capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.