terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Diário e reflexões - Cuba I (03/01/23)



Refeição Cultural - Cuba

Osasco, 3 de janeiro de 2023. Terça-feira.


(atualizado em 06/01/23, às 19h10)

Para o ano que se inicia, defini que vou estudar um pouco sobre a história de Cuba e de seu povo. Conheço pouca coisa sobre Cuba. Diria que tenho noções, mas são noções muito vagas. Revolução cubana, Fidel Castro e Che Guevara, socialismo, embargo econômico há décadas etc. Sei muito pouco. Espero ter noções melhores nos próximos meses.

Iniciei a leitura de um romance que me recomendaram a leitura muitas vezes. Vários companheiros do movimento sindical sempre me perguntaram se eu havia lido o livro O homem que amava os cachorros (2009), do cubano Leonardo Padura. E eu dizia... "ainda não", como a maioria dos livros que me perguntavam. 

Agora vou conhecer essa obra. Já saí do movimento e sigo sem ter lido uma quantidade enorme de livros e autores que me citavam nas rodas de conversa. Sem problema. Calhou que o autor é cubano e que agora vou me envolver um pouco com a história de Cuba e dos cubanos e assim a vida segue, sigo lendo e estudando.

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O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS

Quatro cachorros em três capítulos...

Até agora, já conheci Tato e Truco, dois cachorros do casal cubano Ana e Iván. Tato foi salvo por Iván no início de sua relação com Ana e depois da morte de Tato - aos 16 anos - eles pegaram um cachorrinho sarnento na rua e cuidaram dele, Truco, que viu Ana falecer.

Depois conheci Maya, a cadela de Liev Davidovitch, um cachorro galgo russo, vivendo em meio ao gelo do Quirguistão, nos anos vinte do século passado. Liev Davidovitch é conhecido pelo nome de Trótski.

Por fim, conheci o cachorro Churro, um cãozinho peludo que acompanhava Ramón ao ir se encontrar com a camarada Caridad, na região da Catalunha. Caridad é mãe de Ramón e ela não é nada "caridosa" com os animais, que o diga o cãozinho peludo Churro.

Em todos os cenários onde estão personagens humanos e cachorros - Cuba, Quirguistão e Espanha -, muita escassez de recursos e fome.

Não quis ler nada sobre o romance para não me atrapalhar a leitura, não li sequer as notas nas orelhas do livro, nem o prefácio de Gilberto Maringoni. A narrativa aborda a figura lendária de Trótski. Mas não quero ser antecipado em nada na leitura.

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FRASES E IDEIAS VIBRANTES

"fileiras de campas e jazigos, carcomidos pelo sol, pela intempérie e pelo esquecimento, tão mortos como seus inquilinos..." (p. 32)

Jazigos carcomidos pelo esquecimento...

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"a dor e a miséria figuram entre aquelas poucas coisas que, quando repartidas, tornam-se sempre maiores." (p. 33)

Ou seja, se possível, guarde pra si sua dor e sua miséria...

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"Mas, enquanto não acontecia o que desejavam, seus adversários tinham decidido aproveitar o tempo e dedicaram-se a liquidá-lo da história e da memória, que também tinham se tornado propriedade do Partido." (p. 41)

Caralho... já vi isso! A história e a memória como propriedade do partido, do sindicato etc.

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"foi obrigado a responder a si próprio que o ódio é uma doença incontrolável." (p. 51)

Sabemos disso... nós, brasileiros, sabemos disso.

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BRASIL, RECOMEÇO COM LULA

O presidente Lula teve uma agenda intensa nos dois primeiros dias de mandato. Já desfez algumas merdas do regime anterior (fascista) como, por exemplo, cancelar as portarias que permitiam armamento pesado na mão de civis. Também expediu ordens em favor do meio ambiente e dos povos indígenas. E já está recolocando o Brasil no mapa do mundo diplomático.

É isso. Será um desafio diário reconstruir o Brasil e a cidadania do povo. A imagem do governo Lula para mim é sem dúvida a imagem da subida dele na rampa com o povo brasileiro representado por aquelas pessoas lindas que entregaram a faixa presidencial ao Lula. 

Chorei ao ver o líder indígena Raoni entre as representações. Uma catadora de materiais recicláveis entregar a faixa a Lula é algo muito simbólico do fim do regime daquele ser repugnante e do Mal que ocupou a cadeira da presidência de nosso país durante a longa noite de terror que vivemos até 31 de dezembro.

William


Bibliografia:

PADURA, Leonardo. O homem que amava os cachorros. Tradução de Helena Pitta. 2ª ed. - São Paulo: Boitempo, 2015.


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