terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Diário e reflexões (24/01/23)


Já estava com saudades do
céu da minha janela.

Refeição Cultural

Osasco, 24 de janeiro de 2023. Terça-feira, fim de noite.


"Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

(Tabacaria, Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)


Por uma semana eu não liguei o notebook para escrever. Até entrei por pouco tempo em páginas de veículos de informação na internet. Também vi um pouco das exposições das pessoas através de suas redes sociais. Enfim, não escrevi nem comentei nada sobre as coisas, mas vi de forma não aprofundada as tragédias sociais de nosso tempo. Que desacorçoo em relação ao ser humano!

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O Brasil

GENOCÍDIO INDÍGENA - Veio a público o genocídio dos povos indígenas no Brasil. Muita gente da sociedade está fazendo cara de espanto e de surpresa... quanta hipocrisia em nossa espécie animal! Era sabido que havia um genocídio dos povos indígenas desde que o genocida e seus financiadores, apoiadores e cúmplices assumiram o poder em 2019. O inominável e seus ministros são responsáveis pelo genocídio do povo yanomami e pela invasão e destruição de dezenas de reservas indígenas de diversas etnias. 

Nos tempos de Hitler e o 3º Reich, a Europa inteira fazia de conta que não sabia do genocídio de judeus, ciganos, pessoas com deficiência, gays, adversários do nazismo e qualquer pessoa que discordasse dos "patriotas" da Alemanha, os poderosos alemães bem armados e com maior capacidade de eliminação de inimigos entre todos os povos da primeira metade do século XX. O ser humano é um animal hipócrita!

CARTÃO CORPORATIVO - E o cartão corporativo da presidência da república na mão do miliciano e sua família e seus financiadores, apoiadores e cúmplices, então? Esse fato, essa verdade, pelo menos o povo não sabia dos detalhes porque estava sob sigilo de 100 (cem) anos. 

Enquanto as crianças e idosos e adultos yanomamis morriam de fome e sede e de contaminação provocada pela mineração dos "parças" do inominável, milhares e milhões de reais do erário público eram gastos em motociatas, picanhas, vibradores, lanches, comidas, regalias diversas do clã, gastos num mesmo endereço e com notas fiscais bem estranhas... E tem gente que não acha nada demais a famiglia comprar dezenas de imóveis em dinheiro vivo... O ser humano é um animal hipócrita!

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Piscina da Colônia do Sinpro SP, no litoral.
O que mudou na paisagem foram esses prédios
que a especulação imobiliária traz a Praia grande.

VIAGEM COM A FAMÍLIA

Nesta semana que passou, estivemos na Colônia do Sinpro SP na Praia Grande (SP). Adoramos aquele lugar simples e tranquilo. Durante a estadia por lá, li o livro Torto arado (2019), de Itamar Vieira Junior. Que romance duro! Que texto bem escrito! Também li um pouco dos textos do cubano José Martí. A leitura do romance de Itamar Vieira era para a aula presencial de hoje do curso "13 livros para compreender o Brasil" no Instituto Conhecimento Liberta (ICL), mas não deu certo comparecer à aula porque chegamos um pouco além do horário que havíamos programado. Paciência!

É isso! Obrigado presidente Lula por tanta mudança em pouco mais de três semanas de mandato! Sua disposição para ajudar as pessoas e reconstruir o país e as relações com o mundo lá fora é notável! Você nos representa presidente.

NÃO SOU NADA...

Ah, ia me esquecendo...

A citação que abre o diário é porque fiquei pensando algo que já me traz certa inquietação há tempos.

Hoje é Dia do Aposentado. Recebi email de felicitações por parte de nossa Caixa de Previdência, a Previ. Sou beneficiário da nossa Caixa. Mas não sou ainda aposentado pela previdência pública. Gozo o benefício antecipado por ter cumprido as regras conquistadas por nós na luta ao longo da história do funcionalismo do BB. 

Pago contribuição mensalmente à previdência pública para poder gozar do direito à aposentadoria. Já são 33 anos de contribuição. Porém, as reformas que fizeram para que nós da classe trabalhadora nunca mais nos aposentássemos foram bem-sucedidas. Nos fodemos. A gente morre antes, mas não aposenta nunca.

Como diz a música da banda The Verve: "I'm a lucky man". Sou um afortunado, um homem de sorte por ter sido funcionário de um banco público. Todo cidadão brasileiro deveria ter direito a uma previdência. Como poucos têm esse direito, o benefício acaba sendo um privilégio de poucos.

Eu convivo com um incômodo antigo. Não sou professor. Não sou contador. Me formei em Letras e Contábeis, mas nunca atuei nas áreas nas quais estudei. Fui bancário, que é uma ocupação. Minha esposa foi professora a vida toda. Hoje é aposentada. É professora aposentada. Fez por merecer ser reconhecida como uma profissional da educação e ela educou crianças por décadas.

Antes eu era funcionário de um banco público. Não sou mais. Virei beneficiário de previdência privada, mas não sou aposentado... que foda!

Não sou professor, não sou contador, não sou funcionário do BB, não sou aposentado... acho que não sou nada. 

Não sou nada... E mesmo assim, "tenho em mim todos os sonhos do mundo", como diz o poeta.

Parei por hoje.

William


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