José Martí. |
Refeição Cultural - Cuba (II)
Osasco, 6 de janeiro de 2023.
"Todo lo quiere para su gente Martí: libertad primero, holgura y cultura luego, felicidad finalmente" (In: "La lengua de Martí", Gabriela Mistral)
A leitura do livro de Leonardo Padura - O homem que amava os cachorros - não será fácil, é um livro grande, uma leitura que exige atenção. Além do contato com esse autor cubano moderno, também comecei a leitura sobre José Martí, escritor e político cubano do século XIX. Adquiri uma edição comemorativa de Martí, uma antologia com sua obra poética completa. Até o momento, li dois artigos sobre ele, um do nicaraguense Rubén Darío e outro da chilena Gabriela Mistral.
A passos de tartaruga, estou retomando meu contato com o idioma espanhol. A leitura dos textos em espanhol é uma estratégia importante por causa do vocabulário e da sintaxe. Também estou ouvindo mais o idioma e vendo umas aulas de língua espanhola no ICL para relembrar as formalidades gramaticais do idioma.
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JOSÉ MARTÍ
"La lengua de Martí", por Gabriela Mistral (do livro Martí en su universo. Una antología)
"Guardó a España la verdadera lealtad que le debemos, la de la lengua, y ahora que los ojos españoles peninsulares pueden mirar a un antillano sin tener atravesada la pajuela de la independencia, desde Madrid le dirán leal a este insurrecto, porque conservó una fidelidad más dificil de cumplir que la de la política, y que es esta de la expresión."
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"Ahora que sabemos que la originalidad de Martí ha sufrido la prueba de los magisterios posibles, veamos de averiguar en qué consiste esta originalidad en sí misma. Parece ser que ella tiene estos trazos: originalidade de tono, originalidad de vocabularios, originalidad de sintaxis."
Tom - Mistral explica que Martí tinha o dom da oratória sem as características do discurso em público, não precisava gritar nem usar de gestos agressivos para dominar o público:
"El secreto de Martí orador consiste tal vez en que, manejando un género de virtudes falsas, él lo sirve con virtudes verdaderas..."
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Martí da língua espanhola culta e popular
"Martí, por el contrario, vivirá las edades formadoras, infancia y adolescencia, sumergindo en su lengua hablada por las tres castas, abonándose con el español culto de los cultos y con el gustoso y pimentado del pueblo. Cuando salió al destierro, llevaba, sólida y segura como las entrañas que no nos dejan, una lengua completa y viva, chupada veinte años en la cubana."
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Martí, sobretudo um poeta
"No olvidaremos tampoco que este hombre es sobre todo un poeta; que puesto en el mundo a una hora de necesidades angustiosas, él aceptará ser conductor de hombres, periodista y conferenciante, pero que si hubiese nacido en una Cuba adulta, sin urgencia de problemas, tal vez se hubiese quedado en hombre exclusivo de canto mayor y menor, de canto absoluto."
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As metáforas de Martí vêm do coração
"Al lado de la extraordinaria sintaxis de Martí está, pues, como el otro pilar de su magistralidad, su metáfora. La tiene impensada y no extravagante; la tiene original e no estrambótica; la tiene virgínea..."
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"el corazón es el proveedor de la metáfora en Martí, así la tiene de espontánea, de fresca y de cándida, aun cuando le sirve a veces para la santa cólera."
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O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS
A incompreensão do suicídio
"Perguntou a si mesmo que angústias podiam atormentar o cérebro de um homem sensível e expansivo como Maiakóvski para que renunciasse voluntariamente ao perfume de um guisado, à magia de um entardecer, à visão do encanto feminino, entregando-se ao mutismo irreversível da morte." (p. 69)
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A solidão do exílio
"Sentiu que, naquele preciso instante, começava o seu exílio: verdadeiro, total, sem ter onde se agarrar. Para além da família e de alguns poucos amigos que lhe tinham reiterado a sua solidariedade, era um homem aflitivamente só. Seus únicos aliados úteis numa luta que devia iniciar (como?, por onde?) continuavam isolados em campos de trabalho ou já tinham claudicado, mas permaneciam todos dentro das fronteiras da União Soviética, e a relação com eles ia se apagando com a distância, a repressão e o medo." (p. 72)
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"sentiu que nem sequer seu otimismo inabalável ou sua fé na causa podiam libertá-lo da sensação invasiva de solidão que o embargava." (p. 79)
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A morte, uma contingência da revolução
"A morte, no entanto, podia ser considerada apenas uma contingência inevitável: Liev Davidovich sempre pensara que as vidas de um, de dez, de cem, de mil homens podem e até devem ser devoradas se o turbilhão social assim o exigir para atingir seus fins transformadores, pois o sacrifício individual é muitas vezes a lenha que se queima na pira da revolução." (p. 73)
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A irracionalidade do terrorismo
"Naquela noite conversaram durante horas sobre poesia russa e francesa (coincidiam na admiração por Baudelaire) e sobre a irracionalidade dos métodos terroristas (se uma bomba resolve tudo, para que servem os partidos, para que serve a luta de classe?)..." (p. 78)
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Ditadura do proletariado
"A teoria marxista, que Lênin e ele utilizavam para validar todas as suas decisões, nunca considerara a circunstância de os comunistas, uma vez no poder, perderem o apoio dos trabalhadores. Pela primeira vez desde o triunfo de Outubro deveriam ter se interrogado (interrogamo-nos alguma vez?, perguntaria a Natália Sedova) se era justo instaurar o socialismo contra ou à margem da vontade majoritária. A ditadura do proletariado devia eliminar as classes exploradoras, mas deveria reprimir também os trabalhadores?" (p. 83)
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COMENTÁRIO FINAL
Ler, estudar, exercitar o cérebro que nos faz ser o que somos é uma obrigação e uma necessidade vital. Estudemos então.
Estou com vários textos começados, mas todos exigem pesquisa, exigem ânimo e exigem reflexão sobre a tecitura dos mesmos. Enquanto os textos não são produzidos, vamos lendo e estudando algumas coisas.
A primeira postagem dessa série de estudos sobre Cuba pode ser lida aqui.
William
Bibliografia:
MARTÍ EN SU UNIVERSO - UNA ANTOLOGÍA. Edición Conmemorativa. Real Academia Española e Asociación de Academias de La Lengua Española. Alfaguara - Lengua Viva, Madrid.
PADURA, Leonardo. O homem que amava os cachorros. Tradução de Helena Pitta. 2ª ed. - São Paulo: Boitempo, 2015.
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