Consegui uma boa sequência de corridas neste mês de abril. Corri ou caminhei 18 dias. Isso me ajudou a suportar o mês estressante de formação de chapa em meu Sindicato e a finalizar o curso de formação que inicio na segunda lá na região centro norte.
Felizmente meu primo que se acidentou de moto está se recuperando bem e está com melhores perspectivas de ficar com poucas sequelas na perna.
Li um pouco mais este mês. Inclusive terminei "Utopia" de Thomas More, além de ter conhecido alguma coisa sobre Rosa Luxemburgo.
Fiz uma curta porém gostosa viagem com a família para Natal.
Ontem à noite assisti a um filme na TV Cultura chamado "Armênia" de 2006. Muito interessante. Hoje pela manhã já li algumas coisas para saber um pouco mais sobre o país e o povo.
Uma frase de um senhor idoso me comoveu na hora. Ele apontou para o Monte Ararat - hoje em poder dos turcos - e disse para a mulher francesa, para quem ele trabalhou como motorista por uns dias:
Disse que todo homem deve ter um sonho para viver, e que o dele é um dia os turcos devolverem para os armênios o Monte Ararat - pois é só um monte de pedras sem nenhum valor comercial - e ele só quer subir até lá, sentar e ficar olhando para seu País e acender um cigarro e ficar ali. Só isso!
Me comoveu muito!
sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Efeito multiplicador da moeda
(fiz essa explicação em 2008 na época da crise financeira. O que o governo está fazendo agora devido ao risco de inflação é o inverso: ele quer diminuir a expansão do crédito)
2008
Para que nossos leitores possam compreender melhor o que significa nesses tempos de crise o governo brasileiro liberar mais de R$100 bi dos depósitos compulsórios, no intuito de manter a liquidez do crédito na economia brasileira, apresento aqui um excerto sobre o efeito multiplicador da moeda escritural, ou moeda bancária.
4.2) A Multiplicação dos Depósitos Bancários
Os empréstimos concedidos pelos bancos dão origem a novos depósitos. Baseados em dados estatísticos de qual o percentual das contas as pessoas mantêm em bancos, esses, quando permitidos, geram créditos sobre os depósitos à vista. Ocorre que os recebedores dos empréstimos, realizam pagamentos a outros, que por sua vez colocam parte deles de volta nos bancos, sob a forma de depósitos, os quais servem de base para a concessão de novos créditos.
Essa capacidade dos bancos denomina-se de Sistema de Reservas Fracionárias, ou seja: os bancos têm a faculdade de manter em caixa apenas uma fração de seus depósitos totais. Em decorrência a capacidade do sistema bancário criar moeda depende de seu montante de Reservas Fracionárias e da quantidade de dinheiro que - ao sair do sistema bancário - não retorna (drenagem).
Até tão recentemente como os anos 70 e 80, o Banco Central mantinha como política o estabelecimento de depósitos compulsórios sobre os depósitos à vista que variavam entre 27% para 33% para manutenção da Taxa de Reserva Obrigatória (depósito compulsório) sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais (vide Resolução 375 do Banco Central).
Com Uma reserva de 33% e uma taxa de drenagem de 7%, o que ocorre com a capacidade de criação de moeda dos bancos?
Processo de Expansão da Moeda Bancária
BANCO | Depósito | Reserva (Depó sito Compul sório) (r) | Emprés timos | Drena gem (d) | Volta para o Sistema Bancário |
---|---|---|---|---|---|
Banco A | 1.000,00 | 330,00 | 670,00 | 70,00 | 600,00 |
Banco B | 600,00 | 198,00 | 402,00 | 42,00 | 360,00 |
Banco C | 360,00 | 118,80 | 241,20 | 25,20 | 216,00 |
Banco D | 216,00 | 71,28 | 144,72 | 15,12 | 129,60 |
Banco E | 129,60 | 42,77 | 86,83 | 9,07 | 77,76 |
Banco F | 77,76 | 25,66 | 52,10 | 5,44 | 46,66 |
Banco ... | ... | ... | ... | ... | ... |
TOTAL | 2500,00 (*) | 825,00 | 1675,00 | 175,00 | 1500,00 |
(*)k = 1 / (r + d), onde:
k = Multiplicador
r = Taxa de Reserva (Depósito Compulsório)
d = Drenagem
Substituindo os valores:
k = 1 / (0,33 + 0,07) = 1 / 0,4 = 2,5
Com um multiplicador de 2,5 os $1.000,00 iniciais em depósitos se transformam em $2.500,00.
Com uma Taxa de Reserva de 100% (igual a 1) não existe a possibilidade de multiplicação dos depósitos bancários. Desde a implantação do Plano Real a política monetária do governo brasileiro tem sido de manter o Depósito Compulsório em 100% sobre os saldos dos depósitos à vista, como medida anti-inflacionária.
fonte: http://www.dearaujo.ecn.br/cgi-bin/asp/moedaebancos.asp
Já houve períodos em que o governo FHC manteve o compulsório a 100% (segundo o autor do excerto, Osnaldo Araújo)
Minha consulta original foi em meu velho livro de economia do prof. Rosseti, Introdução à economia, ainda da época de minha faculdade de Ciências Contabéis.
É isso. Quanto mais moeda escritural liberada para o sistema bancário, maior a capacidade de multiplicá-la na economia e aumentar o crédito e a liquidez do sistema.
Do contrário, quanto menos moeda escritural, maior o aperto no crédito e na economia.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Brazil’s UN vote on Iran marks first great difference between Dilma and Lula da Silva
Brazil’s vote in the UN Human Rights Council in support of a rapporteur to monitor human rights in Iran, proposed by the US, signals the first great divergence in foreign policy between the current administration of President Dilma Rousseff and her predecessor and mentor Lula da Silva.
Saturday, March 26th 2011 - 08:20 UTC
This is the first time in the last ten years that Brazil adopts such a position together with 20 other countries including Colombia and Panama. Against such a motion voted among others Ecuador and Cuba.
The Geneva vote by Ambassador Maria de Nazaré Farani marks the opening of the “Dilma era” in foreign policy with a special attention to human rights, both inside and outside the country.
Former Foreign Affairs minister Celso Amorim said he would have most probably voted against the motion in line with what had been the Lula da Silva administration focus since 2003.
“Brazil believes that all countries, no exception, have challenges to face in this field. President Rousseff made it quite plain that she will closely monitor the human rights situation globally, beginning with Brazil”, said Ambassador Maria de Nazaré Farani.
A few days before taking office January first, the former cabinet chief of President Lula da Silva marked her differences in foreign policy with the founder of the Brazilian Workers party, having criticized Brazil’s abstention at the UN Human rights council vote on Iran in 2010.
“That is not my position”, was Rousseff’ strong reply. She added in an interview with the Washington Post that the capital punishment sentence by lapidating imposed on the Iranian woman Sakineh Ashtiani for alleged complicity in the killing of her husband was “unacceptable”.
Brazil justified the vote in support of the US motion arguing that “it is a motive of particular concern for us the non observance of a moratorium on the death penalty, not only in Iran but in all those countries that still practice such an execution as punishment”.
The reference is obvious and looks for a balance since the United States like Iran continues to apply the death penalty.
Interviewed in Sao Paulo former Foreign Secretary Amorim said that “probably I would have not voted. If we want to be coherent we need a rapporteur for Iran, for Guantamano, for immigrants in Europe. Further more, on naming a rapporteur you severe the chances of dialogue with Iran”.
He added that currently there are two positions regarding Iran: “dialogue or condemnation” and defended Lula da Silva attempt to mediate, with the Turkish Prime Minister Tavvip Erdogan, on the Iranian nuclear program. The mediation reached an understanding on uranium enrichment outside Iran, which Washington ignored point blank.
“Brazil never had a strategic alliance with Iran: we were only after relations with a large country such as Iran. This idea that Brazil is a good buddy of Iran is a distorted version of events launched by the US press and was followed by the rest”, insisted Celso Amorim.
He revealed that Lula da Silva was “stimulated” by President Obama to find a framework of trust with President Mahmud Ahmadinejad, and when it was reached, the US turned its back and voted sanctions on Teheran.
Amorim added that Lula da Silva’s policy was effective in solving problems and obtaining the liberation of foreigners in Iran.
The vice-president of the Brazilian Upper House Foreign Affair Committee, Senator Cristovam Buarque, from the Democratic Labour party, member of the ruling coalition described the vote in Geneva as “correct” and accepted there are differences between Rousseff and Lula da Silva.
“There are differences between Dilma and Lula. The vote was correct, it does not condemn Iran; rather it accepts an investigation. The bottom line is that Brazil believes there are certain universal policies that define human rights”, said Senator Buarque who was Education minister with the Lula da Silva administration.
The Geneva-based U.N. Human Rights Council approved the resolution Thursday with 22 votes in favor, seven against and 14 abstentions. Four of the 47 member-nations did not vote.
Iran has labeled “political” the decision of the top U.N. human rights body to appoint a rapporteur to monitor human rights abuses in that country. A spokesman for the Iranian foreign ministry said Friday the decision is “unjust, unjustifiable, and totally political.” He said the move is meant to divert attention from human rights violations in the West, particularly in the United States.
Iran is not a member of the council and has not admitted international human rights experts into the country for at least a decade.
In Washington, White House National Security Adviser Tom Donilon welcomed the decision as “a historic milestone that reaffirms the global consensus and alarm about the dismal state of human rights in Iran.”
The U.N. Human Rights Council was established in 2006 as a successor to the widely criticized U.N. Commission on Human Rights. The United States became a member in 2009.
Fonte: http://en.mercopress.com/2011/03/26/brazil-s-un-vote-on-iran-marks-first-great-difference-between-dilma-and-lula-da-silva
Former Foreign Affairs minister Celso Amorim criticized the decision saying its cuts all chances of dialogue with Teheran |
Brazil’s vote in the UN Human Rights Council in support of a rapporteur to monitor human rights in Iran, proposed by the US, signals the first great divergence in foreign policy between the current administration of President Dilma Rousseff and her predecessor and mentor Lula da Silva.
Saturday, March 26th 2011 - 08:20 UTC
This is the first time in the last ten years that Brazil adopts such a position together with 20 other countries including Colombia and Panama. Against such a motion voted among others Ecuador and Cuba.
The Geneva vote by Ambassador Maria de Nazaré Farani marks the opening of the “Dilma era” in foreign policy with a special attention to human rights, both inside and outside the country.
Former Foreign Affairs minister Celso Amorim said he would have most probably voted against the motion in line with what had been the Lula da Silva administration focus since 2003.
“Brazil believes that all countries, no exception, have challenges to face in this field. President Rousseff made it quite plain that she will closely monitor the human rights situation globally, beginning with Brazil”, said Ambassador Maria de Nazaré Farani.
A few days before taking office January first, the former cabinet chief of President Lula da Silva marked her differences in foreign policy with the founder of the Brazilian Workers party, having criticized Brazil’s abstention at the UN Human rights council vote on Iran in 2010.
“That is not my position”, was Rousseff’ strong reply. She added in an interview with the Washington Post that the capital punishment sentence by lapidating imposed on the Iranian woman Sakineh Ashtiani for alleged complicity in the killing of her husband was “unacceptable”.
Brazil justified the vote in support of the US motion arguing that “it is a motive of particular concern for us the non observance of a moratorium on the death penalty, not only in Iran but in all those countries that still practice such an execution as punishment”.
The reference is obvious and looks for a balance since the United States like Iran continues to apply the death penalty.
Interviewed in Sao Paulo former Foreign Secretary Amorim said that “probably I would have not voted. If we want to be coherent we need a rapporteur for Iran, for Guantamano, for immigrants in Europe. Further more, on naming a rapporteur you severe the chances of dialogue with Iran”.
He added that currently there are two positions regarding Iran: “dialogue or condemnation” and defended Lula da Silva attempt to mediate, with the Turkish Prime Minister Tavvip Erdogan, on the Iranian nuclear program. The mediation reached an understanding on uranium enrichment outside Iran, which Washington ignored point blank.
“Brazil never had a strategic alliance with Iran: we were only after relations with a large country such as Iran. This idea that Brazil is a good buddy of Iran is a distorted version of events launched by the US press and was followed by the rest”, insisted Celso Amorim.
He revealed that Lula da Silva was “stimulated” by President Obama to find a framework of trust with President Mahmud Ahmadinejad, and when it was reached, the US turned its back and voted sanctions on Teheran.
Amorim added that Lula da Silva’s policy was effective in solving problems and obtaining the liberation of foreigners in Iran.
The vice-president of the Brazilian Upper House Foreign Affair Committee, Senator Cristovam Buarque, from the Democratic Labour party, member of the ruling coalition described the vote in Geneva as “correct” and accepted there are differences between Rousseff and Lula da Silva.
“There are differences between Dilma and Lula. The vote was correct, it does not condemn Iran; rather it accepts an investigation. The bottom line is that Brazil believes there are certain universal policies that define human rights”, said Senator Buarque who was Education minister with the Lula da Silva administration.
The Geneva-based U.N. Human Rights Council approved the resolution Thursday with 22 votes in favor, seven against and 14 abstentions. Four of the 47 member-nations did not vote.
Iran has labeled “political” the decision of the top U.N. human rights body to appoint a rapporteur to monitor human rights abuses in that country. A spokesman for the Iranian foreign ministry said Friday the decision is “unjust, unjustifiable, and totally political.” He said the move is meant to divert attention from human rights violations in the West, particularly in the United States.
Iran is not a member of the council and has not admitted international human rights experts into the country for at least a decade.
In Washington, White House National Security Adviser Tom Donilon welcomed the decision as “a historic milestone that reaffirms the global consensus and alarm about the dismal state of human rights in Iran.”
The U.N. Human Rights Council was established in 2006 as a successor to the widely criticized U.N. Commission on Human Rights. The United States became a member in 2009.
Fonte: http://en.mercopress.com/2011/03/26/brazil-s-un-vote-on-iran-marks-first-great-difference-between-dilma-and-lula-da-silva
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Leituras: Utopia (1516) - Thomas More
Minha edição de Utopia. |
Bom, finalmente li a obra de More (ou Morus). O livro é bem maluco se pensarmos o ano em que foi publicado: 1516.
Há conceitos surpreendentes na obra e acredito que muita gente fala sobre Utopia sem ter a mínima noção do que se trata (como eu fazia).
É a velha questão dos clássicos, em que boa parte das pessoas nunca leu mas de certa forma "já conhece", pois a obra cai no conhecimento popular com leituras e interpretações, ora fidedignas, ora enviesadas. Outro exemplo muito comum de clássicos pouco lidos e muito "sabidos" por todos é Dom Quixote de La Mancha.
Veja abaixo a apresentação do livro com a biografia de Thomas More, pois eu não sabia nada sobre ele e achei bastante interessante. Em relação às teses e conceitos surpreendentes da obra, pode ser que volte ao blog para comentá-las (principalmente, à medida que vá lendo outras obras filosóficas que representem o eterno debate de ideias sobre tipos de sociedades reais e idealizadas).
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO:
Uma ilha recém-descoberta, que abriga um Estado preocupado com a felicidade do povo e com a organização da produção, onde a propriedade privada e o dinheiro não existem. Esta é Utopia, a sociedade ideal criada pelo inglês Thomas More em 1516. A obra ganhou tamanha importância que deu início a um novo gênero literário, a ficção utópica, seguida por Francis Bacon e Tommaso Campanella.
As ideias surpreendentes de More sobre a sociedade dos sonhos são enriquecidas pelo interessante jogo de palavras criado pelo autor. A palavra utopia foi criada por ele a partir da junção do advérbio grego ou (não) ao substantivo topos (lugar), significando, portanto, "lugar que não existe". Quem visita a ilha e a descreve, segundo More, é Rafael Hitlodeu, cujas raízes gregas do sobrenome (hytlos+daios) significam "especialista em disparates". Muitas outras coisas na ilha de Utopia também têm nomes significativos, como o rio Anidra - ou "sem água" - a capital Amaurota - "obscurecida" - ou o príncipe Àdemo: "sem povo", literalmente.
Utopia é inspirado nas ideias apresentadas por Platão em A República, também trazido a você pela coleção Biblioteca Clássica, e tornou-se um dos livros que mais influenciou o pensamento ocidental. A república de Utopia é surpreendente e pode representar tanto um local extremamente agradável de se viver, onde não existe fome ou desigualdade, quanto um pesadelo em que a individualidade é um conceito quase desconhecido. (destaque sublinhado pelo blog)
O escritor e estadista Thomas More nasceu em Londres, em 1478, e formou-se em Direito nos Inns of Court. Conheceu vários humanistas, entre eles o holandês Erasmo de Roterdã. Protetor das artes e dos direitos humanos, tornou-se juiz municipal e foi nomeado sub-xerife de Londres em 1510. Alguns anos depois passou a fazer parte do conselho do rei Henrique VIII, de quem logo se tornou secretário. Foi, também, conselheiro literário da majestade, quando Henrique VIII decidiu escrever contra as ideias protestantes de Martinho Lutero.
Ainda assim, conseguiu tempo para escrever suas obras literárias. Traduziu poemas gregos e criou suas próprias poesias. Também escreveu algumas biografias históricas, sendo a História do rei Ricardo III a mais expressiva. Para escrever Utopia, More fez uso de sua experiência em Direito e Política, e o texto foi fortemente influenciado pelas crenças humanistas do autor.
Em 1529 tornou-se lorde chanceler mas logo renunciou ao cargo por não concordar com a política recentemente adotada pelo rei Henrique VIII, que travava uma disputa inédita com a Igreja Católica para ter seu casamento com Catarina de Aragão anulado - e assim poder desposar Ana Bolena. More era religioso e recusou-se a prestar o juramento de lealdade, instituído por Henrique VIII, que colocava o rei inglês acima de qualquer outro soberano estrangeiro, entre eles o Papa, criando assim a Igreja anglicana. Por essa razão foi preso em 1534 e acusado de alta traição por perjúrio. Recebeu inúmeros pedidos para retratar-se e prestar o juramento ao rei, mas não cedeu. Foi condenado à morte e decapitado em 6 de julho de 1535.
COMENTÁRIO
Esta é a apresentação da editora sobre a obra. É instigante ou não é? A obra é pequena e de fácil leitura. Para dirigentes sindicais e militantes sociais é de leitura obrigatória.
Estou com um projeto de melhorar minha bagagem literária com a leitura de obras que marcam fortemente o debate mundial e histórico acerca de sociedades humanas.
Preciso ler a República de Platão, pois li mais da metade há uma década e tenho lembranças horríveis das teses ali defendidas.
Li há pouco tempo O Príncipe de Maquiavel. Agora estou lendo o Leviatã de Hobbes e depois quero ler Contrato Social de Rousseau. São obras complexas e de leitura lenta.
Camaradas e amigos, LEIAM DIARIAMENTE, nem que seja por 30 minutos.
Bibliografia:
MORE, Thomas. Utopia. Coleção Biblioteca Clássica. Editora Rideel. 1ª edição, tradução de Heloisa da Graça Burati.
Marcadores:
Biografias,
CEM Clássicos,
Democracia,
Distopia,
Filosofia,
História,
lacunas culturais,
Leituras de livros,
Literatura Inglesa,
Política,
Questões internacionais,
Thomas More
"O que somos é feito do que fomos" (Antonio Candido)
Esta frase é maravilhosa. É uma frase inclusiva, sábia, que respeita nossas orígens e nossa vivência de ontem.
"O que somos é feito do que fomos, de modo que convém aceitar com serenidade o peso negativo das etapas vencidas."
De Antonio Candido de Mello e Souza, no Prefácio da 6a edição (1981) de Formação da Literatura Brasileira - Momentos Decisivos de 1957.
"O que somos é feito do que fomos, de modo que convém aceitar com serenidade o peso negativo das etapas vencidas."
De Antonio Candido de Mello e Souza, no Prefácio da 6a edição (1981) de Formação da Literatura Brasileira - Momentos Decisivos de 1957.
domingo, 24 de abril de 2011
Formação da Literatura Brasileira - Antonio Candido
Peguei hoje com certa reverência o grosso tomo de Antonio Candido para matar saudades de leitura específica de crítica literária. Para rever por alguns instantes uma linguagem específica sobre literatura.
Que delícia! Que agradável!
Li poucas páginas, cerca de 30.
Nos três prefácios - 1957, 1962 e 1981 - Candido diz das razões do livro. Explica a sua teoria sobre a literatura como sistema, que gera tradição e que tem uma continuidade no tempo.
Seu livro aborda o que ele chama de "momentos decisivos" para que se possa perceber uma Literatura Brasileira como sistema a partir de 1750. Duas referências: Arcadismo e Romantismo.
Sua tese é muito bem elaborada. Tem sentido. Ele não desconsidera ou diminui a literatura anterior, mas diz que a partir dos árcades e dos românticos se tem uma tradição literária unindo autores, obras e públicos.
Foram alguns momentos de leitura só para lembrar o quanto eu gostaria de ter me dedicado ao tema e ser um erudito na área, por puro prazer.
Mas minha vida caminhou para outro sentido e outras estradas...
Desejo aos amantes da literatura que apreciem o quanto puderem a crítica literária, pois ela lhes dará um horizonte imenso de novas interpretações e noções muitas vezes não percebidas pelo leitor comum.
Que delícia! Que agradável!
Li poucas páginas, cerca de 30.
Nos três prefácios - 1957, 1962 e 1981 - Candido diz das razões do livro. Explica a sua teoria sobre a literatura como sistema, que gera tradição e que tem uma continuidade no tempo.
Seu livro aborda o que ele chama de "momentos decisivos" para que se possa perceber uma Literatura Brasileira como sistema a partir de 1750. Duas referências: Arcadismo e Romantismo.
Sua tese é muito bem elaborada. Tem sentido. Ele não desconsidera ou diminui a literatura anterior, mas diz que a partir dos árcades e dos românticos se tem uma tradição literária unindo autores, obras e públicos.
Foram alguns momentos de leitura só para lembrar o quanto eu gostaria de ter me dedicado ao tema e ser um erudito na área, por puro prazer.
Mas minha vida caminhou para outro sentido e outras estradas...
Desejo aos amantes da literatura que apreciem o quanto puderem a crítica literária, pois ela lhes dará um horizonte imenso de novas interpretações e noções muitas vezes não percebidas pelo leitor comum.
Leituras políticas: artigo de FHC e dois artigos sobre a proibição do véu (burca) na França
Sobre o longo artigo de FHC dando a linha de como a oposição ao governo do PT deve se comportar, digo que ele é mais do mesmo em se tratando de FHC e PSDB. O artigo ficou famoso por dizer que a oposição deve abandonar a ideia de tentar conquistar os movimentos populares e o povão. O artigo tem quase 35 mil toques e oito páginas. CARA, LI PORQUE SOU TEIMOSO!
Deixo abaixo os dois artigos que li sobre a proibição antivéu na França. Um é favorável e o outro desfavorável. Eu sou contrário a essa lei discriminatória e xenófoba feita pelo governo de direita da França, de Sarkozy.
Favorável ao véu - LUIZA NAGIB ELUF é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Foi secretária nacional dos Direitos da Cidadania no governo FHC e subprefeita da Lapa na gestão Serra/Kassab. É autora de "A Paixão no Banco dos Réus" e de "Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha", entre outros
Contrário à proibição ao véu - Gostei muito do artigo do ROBERTO LIVIANU, 42, doutor em direito pela USP, promotor de Justiça e presidente do Movimento do Ministério Público Democrático
Fonte: FSP de 23/4/2011
Seção: Tendências / Debates
A lei antivéu na França fere o Estado laico?
SIM
O véu da intolerância
ROBERTO LIVIANU
Há duas semanas, os franceses vivem sob a batuta de uma lei que trouxe a toda humanidade mais intolerância, segregação e subcidadania. A lei antivéu, que proíbe muçulmanas de cobrir o rosto nas ruas, nasceu impregnada de xenofobia e caráter discriminatório, em movimento estatal não isolado.
Por isso, a França tem sido palco nos últimos anos de uma série de atos e manifestações intensas de repúdio a posturas estatais antiestrangeiros. E o que causa maior perplexidade é a justificativa que adota o governo francês, no sentido de que a medida vem em defesa do caráter laico do Estado. Cogita-se agora ir além: proibir muçulmanos de orar em espaços públicos.
Durante muito tempo, Estado e Igreja foram quase como gêmeos siameses, quando, no século 16, por ocasião da Reforma protestante, Martinho Lutero apontou corajosamente os malefícios sociais advindos da adoção do Direito canônico como instrumento regulador da sociedade e enfatizou a necessidade de se ter leis laicas, racionais e mutáveis, pregando o não ao dogma -verdade histórica absoluta, imutável e inquestionável.
A reflexão proposta por Lutero foi de extrema importância para a construção do conceito moderno de cidadania. Na França, em especial, há 222 anos foram banidos de prédios públicos os símbolos religiosos e se extinguiu o ensino religioso em escolas.
Abominar o véu que as mulheres islamitas usam para cobrir o rosto é desconsiderar que a indumentária das pessoas se relaciona às suas matrizes culturais e históricas. Será que, se um grupo de francesas protestantes mais fervorosamente puras quisessem cobrir os rostos com véus, apenas por isso seriam abordadas pela polícia?
Viola-se, em nome da laicidade do Estado, da transparência e da segurança dos cidadãos, o direito à soberania cultural dos povos, o direito à personalidade e o próprio direito à liberdade de expressão, já que o trajar é uma verdadeira forma de expressão.
Desrespeitar estrangeiros parece ter virado algo tolerável. É ilustrativa, neste sentido, uma cena do filme "O Plano Perfeito", de Spike Lee, em que um estrangeiro -que, na verdade, era apenas uma das vítimas do assalto ao banco- tem seu turbante arrancado em público, à força, e puxadas com violência as tranças de seu cabelo de forma humilhante, indigna e constrangedora, logo sendo colocado por sua condição de estrangeiro no patamar de suspeito.
No fundo, não há defesa alguma do caráter laico do Estado, que não passa de mero pretexto jurídico-político para agredir e desrespeitar pessoas adeptas de uma determinada religião, ferindo de morte a liberdade de credo.
Ou alguém já ouviu falar de lei proibindo os sacerdotes da igreja católica e de outros credos de usarem suas largas batinas em espaços públicos em prol da segurança pública, em função do risco de ocultarem armamentos?
Não podemos nos esquecer jamais de que as ideias do Iluminismo francês determinaram profunda revisão de conceitos universais, substituindo-se o eixo central de preocupação da civilização, que era Estado/igreja e passou a ser a dignidade humana. E de que, nas democracias modernas, os governantes são escolhidos pela maioria, mas devem governar para todos, inclusive para as minorias.
Em tempos de celebração da Páscoa cristã e do Pessach judeu, espera-se que a forte simbologia humanista dessas festas possa reacender a trilogia libertária francesa de 1789 -liberdade, igualdade e fraternidade-, assim como a relembrança sobre as deliberações da conferência da Unesco (Paris, 1995) que institui o Dia Internacional da Tolerância.
--------------------------------------------------------------------------------
ROBERTO LIVIANU, 42, doutor em direito pela USP, é promotor de Justiça e presidente do Movimento do Ministério Público Democrático.
A lei antivéu na França fere o Estado laico?
NÃO
Ninguém pode gostar da burca ou do niqab
LUIZA NAGIB ELUF
É evidente que não se pode fazer qualquer barbaridade em nome da religião. Já tivemos casos, no Brasil, em que seguidores de determinadas crenças, em seus rituais macabros, sacrificaram crianças.
Os autores dessas atrocidades não escaparam da aplicação da lei penal alegando direito de manifestação religiosa. O Brasil, assim como a França, é um Estado laico, ou seja, permite que todas as religiões se expressem e, ao mesmo tempo, não abraça nenhuma delas como crença oficial.
É claro que o exemplo citado é aberrante, mas é justamente por isso que o escolhi: torna claro que a liberdade religiosa só vai até onde começam os direitos da cidadania, bem como as leis estabelecidas para vigorar em determinado território. Não existe direito absoluto.
A proibição do uso da burca e do niqab, na França, é correta e não fere o princípio do Estado laico. Primeiro, porque, conforme as leis francesas, a humilhação ou a escravização da mulher não é permitida.
Segundo, porque o Alcorão não determina o uso do véu. O que é dito no livro sagrado do islã é uma recomendação para que os fiéis se vistam modestamente, nada além.
Portanto, a cobertura total e completa do corpo da mulher (e só da mulher, os homens podem se vestir sem as mesmas restrições) resulta de imposição cultural, e não exatamente religiosa. Tanto que nem todas as muçulmanas usam o véu integral e nem por isso deixam de praticar suas crenças.
Em terceiro lugar, é preciso lembrar que as regras mais elementares de segurança pública recomendam que as pessoas não cubram suas faces e não se ponham mascaradas ao frequentar espaços de uso comum. Parte da comunidade muçulmana na França sentiu-se cerceada pela proibição do véu integral, mas a reação não foi unânime.
O imã Taj Hargey, da Congregação Islâmica de Oxford, na Inglaterra, em entrevista à imprensa, declarou que muitos pensadores islâmicos ao redor do mundo deram boas-vindas às determinações restritivas ao véu na França, pois a mencionada indumentária é atentatória aos direitos femininos.
Por outro lado, quando algumas mulheres árabes se posicionam publicamente a favor da burca ou do niqab (os dois tipos de véu que cobrem o rosto, bem como todo o corpo e até as mãos), essas declarações demonstram a total falta de percepção da realidade e de sua própria condição. São pessoas que foram condicionadas a esse uso durante toda a existência e começaram a acreditar que são felizes assim.
No entanto, é óbvio que permanecer sufocada dentro de uma vestimenta, perdendo a própria identidade, anulando-se enquanto ser humano, submetendo-se totalmente ao poder do homem e aceitando a desigualdade como uma situação bem-vinda demonstra que essas mulheres foram destruídas no âmago do seu ser e assumiram a "servidão voluntária". Ninguém pode gostar da burca ou do niqab.
As sociedades ocidentais passaram por séculos de debates sobre os direitos da cidadania, o combate ao poder absolutista e, mais recentemente, sobre a conscientização dos oprimidos, explicada por Marx.
Toda a história da esquerda política trata da tomada de consciência das dominações toleradas e aceitas e do combate para libertar suas vítimas. A religião, de fato, é um fundamento para a dominação difícil de ser superado, porque se trata de discutir com Deus. Por essa razão, o governo francês precisou intervir para estender a cidadania feminina a toda a população.
A reação às medidas tomadas deve ser favorável, e não de indignação. É de se lembrar o ditado: "Em Roma, faça como os romanos".
--------------------------------------------------------------------------------
LUIZA NAGIB ELUF é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Foi secretária nacional dos Direitos da Cidadania no governo FHC e subprefeita da Lapa na gestão Serra/Kassab. É autora de "A Paixão no Banco dos Réus" e de "Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha", entre outros.
Deixo abaixo os dois artigos que li sobre a proibição antivéu na França. Um é favorável e o outro desfavorável. Eu sou contrário a essa lei discriminatória e xenófoba feita pelo governo de direita da França, de Sarkozy.
Favorável ao véu - LUIZA NAGIB ELUF é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Foi secretária nacional dos Direitos da Cidadania no governo FHC e subprefeita da Lapa na gestão Serra/Kassab. É autora de "A Paixão no Banco dos Réus" e de "Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha", entre outros
Contrário à proibição ao véu - Gostei muito do artigo do ROBERTO LIVIANU, 42, doutor em direito pela USP, promotor de Justiça e presidente do Movimento do Ministério Público Democrático
Fonte: FSP de 23/4/2011
Seção: Tendências / Debates
A lei antivéu na França fere o Estado laico?
SIM
O véu da intolerância
ROBERTO LIVIANU
Há duas semanas, os franceses vivem sob a batuta de uma lei que trouxe a toda humanidade mais intolerância, segregação e subcidadania. A lei antivéu, que proíbe muçulmanas de cobrir o rosto nas ruas, nasceu impregnada de xenofobia e caráter discriminatório, em movimento estatal não isolado.
Por isso, a França tem sido palco nos últimos anos de uma série de atos e manifestações intensas de repúdio a posturas estatais antiestrangeiros. E o que causa maior perplexidade é a justificativa que adota o governo francês, no sentido de que a medida vem em defesa do caráter laico do Estado. Cogita-se agora ir além: proibir muçulmanos de orar em espaços públicos.
Durante muito tempo, Estado e Igreja foram quase como gêmeos siameses, quando, no século 16, por ocasião da Reforma protestante, Martinho Lutero apontou corajosamente os malefícios sociais advindos da adoção do Direito canônico como instrumento regulador da sociedade e enfatizou a necessidade de se ter leis laicas, racionais e mutáveis, pregando o não ao dogma -verdade histórica absoluta, imutável e inquestionável.
A reflexão proposta por Lutero foi de extrema importância para a construção do conceito moderno de cidadania. Na França, em especial, há 222 anos foram banidos de prédios públicos os símbolos religiosos e se extinguiu o ensino religioso em escolas.
Abominar o véu que as mulheres islamitas usam para cobrir o rosto é desconsiderar que a indumentária das pessoas se relaciona às suas matrizes culturais e históricas. Será que, se um grupo de francesas protestantes mais fervorosamente puras quisessem cobrir os rostos com véus, apenas por isso seriam abordadas pela polícia?
Viola-se, em nome da laicidade do Estado, da transparência e da segurança dos cidadãos, o direito à soberania cultural dos povos, o direito à personalidade e o próprio direito à liberdade de expressão, já que o trajar é uma verdadeira forma de expressão.
Desrespeitar estrangeiros parece ter virado algo tolerável. É ilustrativa, neste sentido, uma cena do filme "O Plano Perfeito", de Spike Lee, em que um estrangeiro -que, na verdade, era apenas uma das vítimas do assalto ao banco- tem seu turbante arrancado em público, à força, e puxadas com violência as tranças de seu cabelo de forma humilhante, indigna e constrangedora, logo sendo colocado por sua condição de estrangeiro no patamar de suspeito.
No fundo, não há defesa alguma do caráter laico do Estado, que não passa de mero pretexto jurídico-político para agredir e desrespeitar pessoas adeptas de uma determinada religião, ferindo de morte a liberdade de credo.
Ou alguém já ouviu falar de lei proibindo os sacerdotes da igreja católica e de outros credos de usarem suas largas batinas em espaços públicos em prol da segurança pública, em função do risco de ocultarem armamentos?
Não podemos nos esquecer jamais de que as ideias do Iluminismo francês determinaram profunda revisão de conceitos universais, substituindo-se o eixo central de preocupação da civilização, que era Estado/igreja e passou a ser a dignidade humana. E de que, nas democracias modernas, os governantes são escolhidos pela maioria, mas devem governar para todos, inclusive para as minorias.
Em tempos de celebração da Páscoa cristã e do Pessach judeu, espera-se que a forte simbologia humanista dessas festas possa reacender a trilogia libertária francesa de 1789 -liberdade, igualdade e fraternidade-, assim como a relembrança sobre as deliberações da conferência da Unesco (Paris, 1995) que institui o Dia Internacional da Tolerância.
--------------------------------------------------------------------------------
ROBERTO LIVIANU, 42, doutor em direito pela USP, é promotor de Justiça e presidente do Movimento do Ministério Público Democrático.
A lei antivéu na França fere o Estado laico?
NÃO
Ninguém pode gostar da burca ou do niqab
LUIZA NAGIB ELUF
É evidente que não se pode fazer qualquer barbaridade em nome da religião. Já tivemos casos, no Brasil, em que seguidores de determinadas crenças, em seus rituais macabros, sacrificaram crianças.
Os autores dessas atrocidades não escaparam da aplicação da lei penal alegando direito de manifestação religiosa. O Brasil, assim como a França, é um Estado laico, ou seja, permite que todas as religiões se expressem e, ao mesmo tempo, não abraça nenhuma delas como crença oficial.
É claro que o exemplo citado é aberrante, mas é justamente por isso que o escolhi: torna claro que a liberdade religiosa só vai até onde começam os direitos da cidadania, bem como as leis estabelecidas para vigorar em determinado território. Não existe direito absoluto.
A proibição do uso da burca e do niqab, na França, é correta e não fere o princípio do Estado laico. Primeiro, porque, conforme as leis francesas, a humilhação ou a escravização da mulher não é permitida.
Segundo, porque o Alcorão não determina o uso do véu. O que é dito no livro sagrado do islã é uma recomendação para que os fiéis se vistam modestamente, nada além.
Portanto, a cobertura total e completa do corpo da mulher (e só da mulher, os homens podem se vestir sem as mesmas restrições) resulta de imposição cultural, e não exatamente religiosa. Tanto que nem todas as muçulmanas usam o véu integral e nem por isso deixam de praticar suas crenças.
Em terceiro lugar, é preciso lembrar que as regras mais elementares de segurança pública recomendam que as pessoas não cubram suas faces e não se ponham mascaradas ao frequentar espaços de uso comum. Parte da comunidade muçulmana na França sentiu-se cerceada pela proibição do véu integral, mas a reação não foi unânime.
O imã Taj Hargey, da Congregação Islâmica de Oxford, na Inglaterra, em entrevista à imprensa, declarou que muitos pensadores islâmicos ao redor do mundo deram boas-vindas às determinações restritivas ao véu na França, pois a mencionada indumentária é atentatória aos direitos femininos.
Por outro lado, quando algumas mulheres árabes se posicionam publicamente a favor da burca ou do niqab (os dois tipos de véu que cobrem o rosto, bem como todo o corpo e até as mãos), essas declarações demonstram a total falta de percepção da realidade e de sua própria condição. São pessoas que foram condicionadas a esse uso durante toda a existência e começaram a acreditar que são felizes assim.
No entanto, é óbvio que permanecer sufocada dentro de uma vestimenta, perdendo a própria identidade, anulando-se enquanto ser humano, submetendo-se totalmente ao poder do homem e aceitando a desigualdade como uma situação bem-vinda demonstra que essas mulheres foram destruídas no âmago do seu ser e assumiram a "servidão voluntária". Ninguém pode gostar da burca ou do niqab.
As sociedades ocidentais passaram por séculos de debates sobre os direitos da cidadania, o combate ao poder absolutista e, mais recentemente, sobre a conscientização dos oprimidos, explicada por Marx.
Toda a história da esquerda política trata da tomada de consciência das dominações toleradas e aceitas e do combate para libertar suas vítimas. A religião, de fato, é um fundamento para a dominação difícil de ser superado, porque se trata de discutir com Deus. Por essa razão, o governo francês precisou intervir para estender a cidadania feminina a toda a população.
A reação às medidas tomadas deve ser favorável, e não de indignação. É de se lembrar o ditado: "Em Roma, faça como os romanos".
--------------------------------------------------------------------------------
LUIZA NAGIB ELUF é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Foi secretária nacional dos Direitos da Cidadania no governo FHC e subprefeita da Lapa na gestão Serra/Kassab. É autora de "A Paixão no Banco dos Réus" e de "Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha", entre outros.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Conhecendo Rosa Luxemburgo
Foto de William Mendes |
Refeição Cultural
Finalmente pude ler um pouquinho a respeito de Rosa Luxemburgo e diminuir minha total ignorância sobre personagem tão importante da história.
Li o livro "Reforma ou Revolução" escrito por ela na virada do século XIX para o XX e publicado em 1900.
Também assisti ao filme "Rosa Luxemburgo" de 1986, dirigido por Margarethe Von Trotta e rodado na Tchecoslováquia e Alemanhã.
Deu para entender um pouco sobre a questão em debate na época entre ela e Bernstein - líder teórico do partido socialdemocrata alemão. Ela o considerava revisionista em relação ao marxismo.
Luxemburgo contesta cada ponto da tese de Bernstein sobre a possibilidade de se atingir o socialismo somente através de reformas sociais, maior poder para os sindicatos que focavam salários melhores e menor exploração capitalista, criação de cooperativas de produção e consumo, e maior participação proletária nos processos da democracia burguesa.
Luxemburgo não concorda de forma alguma que se poderia chegar ao socialismo amenizando os males do capitalismo. Somente mudando o modo de produção capitalista é a possibilidade de se chegar ao sistema socialista.
Voltarei ao tema mais adiante, pois em muitos capítulos fiquei vendo exatamente o que é hoje o Novo Sindicalismo brasileiro surgido no final dos anos setenta.
Eu não endosso tudo o que Rosa Luxemburgo diz. Mas minhas divergências são em relação ao papel dos sindicatos nessas 3 décadas brasileiras.
Vejo claramente que a CUT e o PT não são revolucionários e acho que eles só deram certo e o Brasil e os trabalhadores brasileiros avançaram justamente por não focarem a estratégia revolucionária.
É um bom debate...
Marcadores:
Capitalismo,
Comentários sobre filmes,
CUT,
lacunas culturais,
Leituras de livros,
Literatura Polonesa,
Marxismo,
PT,
Refeição Cultural,
Rosa Luxemburgo,
Socialismo
domingo, 17 de abril de 2011
Pernas e olhos
Sigo conseguindo correr ou caminhar quase todos os dias deste abril. Hoje fiz mais um longão de 8 km. Nos dias anteriores corri ou caminhei entre 5 e 3 km.
PERNAS
Tenho cismado sobre a vida nestes dias. Como é bom ter pernas para correr e olhos para ler.
Estou com meu primo internado após um grave acidente de moto. Ele ainda corre risco de perder a perna. Estou torcendo muito por ele.
Andei por dez anos de moto em São Paulo. Cheguei até a viajar por estradas por muito tempo. Apesar de alguns acidentes, não tive nenhuma sequela por ser motociclista. Mas os tempos têm piorado para esse transporte. Já perdi um primo há poucos anos e agora tenho outro na Santa Casa lutando para não perder a perna.
Nestes dias tenho corrido pelas manhãs com certa gratidão por minhas pernas. Não sei o que faria se algo acontecesse a elas. Já fiquei várias vezes me lamuriando sobre tristezas e tempos difíceis... mas de repente, saio e vou correr... e tudo melhora. E sigo adiante.
OLHOS
Há anos reclamo também de meus olhos ardidos. Tenho vista seca e às vezes tenho dores de cabeça por isso. Sem contar que sou míope desde os 20 anos.
Como já sofri em certos momentos por isso! Era um problema ir pra cavernas, saltar de paraquedas, jogar bola e fazer rapel. Andar de moto...
Usei lente por muito tempo e depois passei a não suportá-las mais. Sofri por um tempo ao pensar em minhas corridas. O que fazer? Depois acabei me acostumando a correr de óculos. Depois disso já fiz 4 São Silvestres.
Também sinto gratidão ao meu corpo por me permitir ver, e com isso poder ler. Minha vida seria muito difícil, mas muito mais difícil, se eu não pudesse LER e CORRER.
Curtam seus olhos e suas pernas. Usem bem seus olhos e suas pernas. São apetrechos fantásticos do corpo humano.
É isso!
PERNAS
Tenho cismado sobre a vida nestes dias. Como é bom ter pernas para correr e olhos para ler.
Estou com meu primo internado após um grave acidente de moto. Ele ainda corre risco de perder a perna. Estou torcendo muito por ele.
Andei por dez anos de moto em São Paulo. Cheguei até a viajar por estradas por muito tempo. Apesar de alguns acidentes, não tive nenhuma sequela por ser motociclista. Mas os tempos têm piorado para esse transporte. Já perdi um primo há poucos anos e agora tenho outro na Santa Casa lutando para não perder a perna.
Nestes dias tenho corrido pelas manhãs com certa gratidão por minhas pernas. Não sei o que faria se algo acontecesse a elas. Já fiquei várias vezes me lamuriando sobre tristezas e tempos difíceis... mas de repente, saio e vou correr... e tudo melhora. E sigo adiante.
OLHOS
Há anos reclamo também de meus olhos ardidos. Tenho vista seca e às vezes tenho dores de cabeça por isso. Sem contar que sou míope desde os 20 anos.
Como já sofri em certos momentos por isso! Era um problema ir pra cavernas, saltar de paraquedas, jogar bola e fazer rapel. Andar de moto...
Usei lente por muito tempo e depois passei a não suportá-las mais. Sofri por um tempo ao pensar em minhas corridas. O que fazer? Depois acabei me acostumando a correr de óculos. Depois disso já fiz 4 São Silvestres.
Também sinto gratidão ao meu corpo por me permitir ver, e com isso poder ler. Minha vida seria muito difícil, mas muito mais difícil, se eu não pudesse LER e CORRER.
Curtam seus olhos e suas pernas. Usem bem seus olhos e suas pernas. São apetrechos fantásticos do corpo humano.
É isso!
sábado, 16 de abril de 2011
Refeição Cultural 73
(atualizado em 25.6.11)
Tenho tido pouco tempo para reflexões filosóficas e refeições culturais. As últimas semanas foram difíceis.
Em relação à vida profissional e sindical, eu estava deixando o movimento até o meio da semana. Já havia acertado o retorno para meu local de trabalho em julho. No último dia de formação da chapa da unidade dos bancários (CUT, CTB e Intersindical) em nossa base sindical acabei aceitando disponibilizar meu nome mais uma vez para apresentar à categoria nesta eleição em junho. Agora são os bancários que decidirão se os representaremos ou não nos próximos três anos.
Em relação à família e entes queridos também foram semanas difíceis. Meu primo sofreu um grave acidente de moto e ainda corre riscos de perder parte da perna. Já perdi um primo em acidente de moto há poucos anos. Meus tios e família sofreram um assalto violento em casa no mesmo dia que meu primo se acidentou. E tenho conseguido visitar pouco meus pais, uma casa com três idosos com problemas de saúde e falta de atendimento médico, pois só temos o SUS para eles e infelizmente não melhorou nada o atendimento público de saúde no Brasil nas últimas décadas.
COMENTÁRIOS:
1.ganhamos as eleições do Sindicato (83,5% dos votos) e estaremos dirigindo as lutas do bancários paulistas nos próximos 3 anos.
2.felizmente, os médicos da Santa Casa fizeram um excelente trabalho e meu primo contou com uma série de acertos que lhe ajudaram a manter a perna. Já está se recuperando em casa.
Estou lendo sobre Rosa Luxemburgo para tentar sanar um pouco de minhas lacunas culturais e históricas. Me parece que foi uma mulher impressionante, ainda mais em seu tempo. Já confirmei um pouco do que aprendi nessa década em relação à CUT e ao PT - não são organizações revolucionárias. Talvez por isso mesmo deram certo nessas três décadas e ajudaram a mudar para melhor as condições sociais dos trabalhadores e do povo brasileiro. Acredito nessa tese.
COMENTÁRIO: consegui acabar o livro sobre Rosa Luxemburgo
Estou fazendo uma matéria de leituras hispano-americanas na USP, pois não consegui me desligar de meu Curso de Letras. Ao mesmo tempo que busco ali uma válvula de escape para meu mundo diário estressante, também posso manter o contato semanal com o idioma espanhol, já que minha professora é uma argentina. Terei que conviver com a frustração de não ser um letrado no que diz respeito à gramática e às línguas. Meu tempo de me apropriar disso não foi favorável, é uma pena.
COMENTÁRIO: decidi não tentar fazer a prova final "nas coxas". Mas já valeu as aulas que pude participar.
Em um esforço muito grande, focado, estou conseguindo correr e caminhar quase todos os dias neste mês de abril. Preciso persistir para manter a casa de minha mente funcionando enquanto eu estiver vivo.
Acho que alimentarei o desejo de ser um intelectual ou letrado até o fim dos dias. De certa forma, meu tempo livre não permite muito o aumento de conhecimento erudito, mas percebo que meu eu não deixa de aproveitar uma oportunidade que seja de tentar conhecer algo que eu ainda não saiba. Pelo menos isso eu faço.
Fim
Tenho tido pouco tempo para reflexões filosóficas e refeições culturais. As últimas semanas foram difíceis.
Em relação à vida profissional e sindical, eu estava deixando o movimento até o meio da semana. Já havia acertado o retorno para meu local de trabalho em julho. No último dia de formação da chapa da unidade dos bancários (CUT, CTB e Intersindical) em nossa base sindical acabei aceitando disponibilizar meu nome mais uma vez para apresentar à categoria nesta eleição em junho. Agora são os bancários que decidirão se os representaremos ou não nos próximos três anos.
Em relação à família e entes queridos também foram semanas difíceis. Meu primo sofreu um grave acidente de moto e ainda corre riscos de perder parte da perna. Já perdi um primo em acidente de moto há poucos anos. Meus tios e família sofreram um assalto violento em casa no mesmo dia que meu primo se acidentou. E tenho conseguido visitar pouco meus pais, uma casa com três idosos com problemas de saúde e falta de atendimento médico, pois só temos o SUS para eles e infelizmente não melhorou nada o atendimento público de saúde no Brasil nas últimas décadas.
COMENTÁRIOS:
1.ganhamos as eleições do Sindicato (83,5% dos votos) e estaremos dirigindo as lutas do bancários paulistas nos próximos 3 anos.
2.felizmente, os médicos da Santa Casa fizeram um excelente trabalho e meu primo contou com uma série de acertos que lhe ajudaram a manter a perna. Já está se recuperando em casa.
Estou lendo sobre Rosa Luxemburgo para tentar sanar um pouco de minhas lacunas culturais e históricas. Me parece que foi uma mulher impressionante, ainda mais em seu tempo. Já confirmei um pouco do que aprendi nessa década em relação à CUT e ao PT - não são organizações revolucionárias. Talvez por isso mesmo deram certo nessas três décadas e ajudaram a mudar para melhor as condições sociais dos trabalhadores e do povo brasileiro. Acredito nessa tese.
COMENTÁRIO: consegui acabar o livro sobre Rosa Luxemburgo
Estou fazendo uma matéria de leituras hispano-americanas na USP, pois não consegui me desligar de meu Curso de Letras. Ao mesmo tempo que busco ali uma válvula de escape para meu mundo diário estressante, também posso manter o contato semanal com o idioma espanhol, já que minha professora é uma argentina. Terei que conviver com a frustração de não ser um letrado no que diz respeito à gramática e às línguas. Meu tempo de me apropriar disso não foi favorável, é uma pena.
COMENTÁRIO: decidi não tentar fazer a prova final "nas coxas". Mas já valeu as aulas que pude participar.
Em um esforço muito grande, focado, estou conseguindo correr e caminhar quase todos os dias neste mês de abril. Preciso persistir para manter a casa de minha mente funcionando enquanto eu estiver vivo.
Acho que alimentarei o desejo de ser um intelectual ou letrado até o fim dos dias. De certa forma, meu tempo livre não permite muito o aumento de conhecimento erudito, mas percebo que meu eu não deixa de aproveitar uma oportunidade que seja de tentar conhecer algo que eu ainda não saiba. Pelo menos isso eu faço.
Fim
terça-feira, 12 de abril de 2011
Sacrifícios x Mediocridade: T. S. Eliot
Sabe, estou tomando decisões muito difíceis em minha vida nesses dias. Juro que o intuito é não aceitar participar de mediocridades.
Vou sacrificar os meus dependentes por minhas decisões, mas não vou continuar em algo que não vejo mais possibilidade de atuar com independência como sempre fiz em quase uma década de representação dos trabalhadores.
Vou me reinventar. Acredito nisso.
COMENTÁRIO (Post Scriptum):
Outubro/2011 - na época, estávamos formando a chapa do Sindicato e eu havia decidido sair por divergências internas. Aceitei a proposta de ficar por acreditar na forma de sindicalismo que aprendi, que inclui muita atenção aos bancários na base, transparência e prioridade na representação sindical.
domingo, 10 de abril de 2011
Corridas de abril
Diferente do mês de março que foi quase todo sem tempo pra corridas ou caminhadas, neste mês de abril estou muito focado.
Estou achando um tempo pra correr todos os dias. Corri nos dias 1, 2 e 3 e folguei dia 4 quando viajei. Corri dias 5, 6 e 7 e folguei no dia 8. Corri ontem e hoje.
Estou correndo em trote bem leve, pois quero ganhar resistência física. Fiz dois longas maiores - de uns 7k - no domingo passado e hoje. Durante a semana corro pela manhã uns 3k.
OUTONO, MUDANÇA DE ESTAÇÃO NA VIDA
Eu poderia ter sido tanta coisa nessa vida. Poderia ter sido contador e não exerci a profissão após o fim do curso. Poderia ter sido profissional do esporte, mas tive que interromper o curso por falta de dinheiro e hoje carrego essa frustração. Poderia ter sido professor da área de letras, mas fiz um curso nas coxas na Usp enquanto fui sindicalista nessa década e não estou preparado para essa profissão.
Ao deixar de ser sindicalista, vejo muitas dificuldades de viver como escriturário de banco com quarenta anos e duas famílias pra criar, a minha e a de meus pais.
Terei que me reinventar neste ano.
Estou achando um tempo pra correr todos os dias. Corri nos dias 1, 2 e 3 e folguei dia 4 quando viajei. Corri dias 5, 6 e 7 e folguei no dia 8. Corri ontem e hoje.
Estou correndo em trote bem leve, pois quero ganhar resistência física. Fiz dois longas maiores - de uns 7k - no domingo passado e hoje. Durante a semana corro pela manhã uns 3k.
OUTONO, MUDANÇA DE ESTAÇÃO NA VIDA
Eu poderia ter sido tanta coisa nessa vida. Poderia ter sido contador e não exerci a profissão após o fim do curso. Poderia ter sido profissional do esporte, mas tive que interromper o curso por falta de dinheiro e hoje carrego essa frustração. Poderia ter sido professor da área de letras, mas fiz um curso nas coxas na Usp enquanto fui sindicalista nessa década e não estou preparado para essa profissão.
Ao deixar de ser sindicalista, vejo muitas dificuldades de viver como escriturário de banco com quarenta anos e duas famílias pra criar, a minha e a de meus pais.
Terei que me reinventar neste ano.
sábado, 9 de abril de 2011
O mio babbino caro - Puccini
(atualizado 25/3/12)
Navegando por meu blog em busca de prazer, cheguei a esta postagem e identifiquei problemas. O vídeo de Maria Callas havia sido removido. O que fiz, então? Busquei outro na rede mundial e o substitui pelo que vocês podem curtir abaixo.
Para a postagem ficar melhor ainda, estou incluindo a interpretação que, para mim, é a melhor. Conheci a música através de Kiri Te Kanawa (ela não é asiática!).
Segue abaixo a minha observação de 2011 e, a seguir, a de Richard Jakubaszko em sua postagem inicial.
2011
"Caramba! Vi e multiplico aqui três interpretações de uma das músicas mais lindas de todos os tempos. A interpretação da soprano russa Anna Netrebko é de tocar lá no fundo do eu. É de arrepiar.
Replico aqui a postagem do blog de Richard Jakubaszko."
Inesquecíveis canções V - O Mio Babbino Caro
Richard Jakubaszko
Da série de músicas inesquecíveis, O Mio Babbino Caro, de Puccini, tem cadeira cativa em qualquer seleção de bom gosto, independentemente do gênero musical. Pelo menos na minha opinião, é claro.
Abaixo mostro três interpretações, iniciando com Maria Callas, a diva inesquecível e sempre perfeita, que está excessivamente técnica, perfeita, mas pouco emocional e interpretativa como em muitas outras canções que gravou. Callas era um nervo exposto. Era grega de nascimento, dramática na vida profissional e pessoal.
Depois, outra diva, Montserrat Caballe, a catalã mais perfeita de todos os tempos, tecnicamente perfeita, e muita emoção.
Na sequência Anna Netrebko, soprano russa, natural de San Petersburgo, muito talentosa, e que tem potencial de ser uma futura diva, pois ainda é jovem. Curiosidade: Anna Netrebko era faxineira no Teatro Mariinsky, de São Petersburgo quando foi descoberta e lá iniciou estudos de música.
Maria Callas:
Montserrat Caballe:
Anna Netrebko:
Fonte: http://richardjakubaszko.blogspot.com/2011/04/inesqueciveis-cancoes-v-o-mio-babbino.html
AQUI A INTERPRETAÇÃO MARAVILHOSA DE KIRI TE KANAWA:
Navegando por meu blog em busca de prazer, cheguei a esta postagem e identifiquei problemas. O vídeo de Maria Callas havia sido removido. O que fiz, então? Busquei outro na rede mundial e o substitui pelo que vocês podem curtir abaixo.
Para a postagem ficar melhor ainda, estou incluindo a interpretação que, para mim, é a melhor. Conheci a música através de Kiri Te Kanawa (ela não é asiática!).
Segue abaixo a minha observação de 2011 e, a seguir, a de Richard Jakubaszko em sua postagem inicial.
2011
"Caramba! Vi e multiplico aqui três interpretações de uma das músicas mais lindas de todos os tempos. A interpretação da soprano russa Anna Netrebko é de tocar lá no fundo do eu. É de arrepiar.
Replico aqui a postagem do blog de Richard Jakubaszko."
Inesquecíveis canções V - O Mio Babbino Caro
Richard Jakubaszko
Da série de músicas inesquecíveis, O Mio Babbino Caro, de Puccini, tem cadeira cativa em qualquer seleção de bom gosto, independentemente do gênero musical. Pelo menos na minha opinião, é claro.
Abaixo mostro três interpretações, iniciando com Maria Callas, a diva inesquecível e sempre perfeita, que está excessivamente técnica, perfeita, mas pouco emocional e interpretativa como em muitas outras canções que gravou. Callas era um nervo exposto. Era grega de nascimento, dramática na vida profissional e pessoal.
Depois, outra diva, Montserrat Caballe, a catalã mais perfeita de todos os tempos, tecnicamente perfeita, e muita emoção.
Na sequência Anna Netrebko, soprano russa, natural de San Petersburgo, muito talentosa, e que tem potencial de ser uma futura diva, pois ainda é jovem. Curiosidade: Anna Netrebko era faxineira no Teatro Mariinsky, de São Petersburgo quando foi descoberta e lá iniciou estudos de música.
Maria Callas:
Montserrat Caballe:
Anna Netrebko:
Fonte: http://richardjakubaszko.blogspot.com/2011/04/inesqueciveis-cancoes-v-o-mio-babbino.html
AQUI A INTERPRETAÇÃO MARAVILHOSA DE KIRI TE KANAWA:
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Artigo: Consequências de um voto
Por Celso Amorim
1 de abril de 2011 às 11:51h
Se excluirmos o Haiti, cuja inclusão se deve sobretudo aos efeitos de catástrofes naturais e contou com o apoio do próprio governo de Porto Príncipe, todos os demais (Camboja, Mianmar, Somália etc.) foram palco de tragédias humanitárias graves. São em geral países muito pobres, ditos de menor desenvolvimento relativo, em que o Estado, seja por incapacidade (Burundi, Haiti), seja em razão de sistemas políticos autocráticos (Coreia do Norte, Myanmar), não atende minimamente às necessidades dos seus cidadãos.
Mesmo países, certa ou erradamente, considerados pelas potências ocidentais como ditaduras (Cuba, China e Líbia, antes dos últimos acontecimentos) ou que passaram a ser qualificados como tais recentemente (Egito e Tunísia, antes da Revolução do Jasmim) não fazem parte dessa lista infamante. Noto, a propósito, que um recente artigo publicado no Herald Tribune dava conta da opinião de um ex-diplomata norte-americano sediado em Teerã de que haveria no Irã mais elementos de democracia do que no Egito de Mubarak, então apontado como exemplo de líder árabe moderado. Que eu me recorde, o Irã é o único país que poderia ser classificado como uma potência média que está sujeita a esse tipo de escrutínio. Não procedem explicações que procuram minimizar a importância da decisão com comparações do tipo: “O Brasil também recebe relatores” ou “não houve condenação”.
Não há como comparar os relatores temáticos que têm visitado o Brasil com a figura de um relator especial por país. Na semiologia política do Conselho de Direitos Humanos e de sua antecessora, a Comissão, a nomeação de um relator especial (ressalvados os casos de desastres naturais ou situações pós-guerras civis, em que o próprio país pede ou aceita o relator) é o que pode haver de mais grave. Se não se trata de uma condenação explícita, implica, na prática, colocar o país no banco dos réus. Quando fui ministro do presidente Itamar Franco, viajei a Cuba com uma carta do nosso chefe de Estado, a qual, além de referir-se à ratificação do Tratado de Tlatelolco, sugeria que Cuba fizesse algum gesto na área de direitos humanos.
Cuba admitiu convidar o Alto Comissário das Nações Unidas para o tema, mas recusou-se terminantemente a receber o relator especial sobre o país. Conto isso não para justificar a atitude de Havana, mas para ilustrar a reação que desperta a figura do relator especial. Não cabe assim diminuir a importância do voto da semana passada. Pode-se concordar ou não com ele, mas dizer que não afetará as nossas relações com Teerã ou a percepção que se tem da nossa postura internacional é tapar o sol com a peneira.
Nos últimos meses e anos, o Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano, tanto estrangeiros quanto nacionais daquele país. É difícil determinar qual o peso exato que nossas démarches tiveram em situações como a da norte-americana Sarah Shroud ou do cineasta Abbas Kiarostami. No primeiro caso, a jovem alpinista veio nos agradecer em pessoa. Em outros casos, como a da francesa Clotilde Reiss, não hesito em afirmar que a ação brasileira foi absolutamente determinante. Mesmo no triste caso da mulher ameaçada de apedrejamento, Sakineh Ashtiani, os apelos do nosso presidente, seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad, certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado.
Poderia mencionar outros, como o do grupo de bahais, cuja condenação à morte parecia iminente. Evidentemente, tais ações só puderam ser tomadas e só tiveram efeito porque havia um certo grau de confiança na relação entre Brasília e Teerã, grau de confiança que não impediu que o presidente Lula tenha demonstrado ao presidente iraniano o absurdo de suas declarações que negavam a existência do Holocausto ou que propugnavam pela eliminação do Estado de Israel. Parece-me muito improvável que o governo brasileiro se sinta à vontade para esse tipo de démarche depois do voto do dia 24. Ou caso se sinta, que os nossos pedidos venham a ser atendidos. Muito menos terá o Brasil condições de participar de um esforço de mediação como o que empreendemos com a Turquia, em busca de uma solução pacífica e negociada para a questão do programa nuclear iraniano (o que, certamente, fará a alegria daqueles que desejam ver o Brasil pequeno e sem projeção internacional). Oxalá eu esteja errado.
Fonte: CartaCapital
1 de abril de 2011 às 11:51h
Se excluirmos o Haiti, cuja inclusão se deve sobretudo aos efeitos de catástrofes naturais e contou com o apoio do próprio governo de Porto Príncipe, todos os demais (Camboja, Mianmar, Somália etc.) foram palco de tragédias humanitárias graves. São em geral países muito pobres, ditos de menor desenvolvimento relativo, em que o Estado, seja por incapacidade (Burundi, Haiti), seja em razão de sistemas políticos autocráticos (Coreia do Norte, Myanmar), não atende minimamente às necessidades dos seus cidadãos.
Mesmo países, certa ou erradamente, considerados pelas potências ocidentais como ditaduras (Cuba, China e Líbia, antes dos últimos acontecimentos) ou que passaram a ser qualificados como tais recentemente (Egito e Tunísia, antes da Revolução do Jasmim) não fazem parte dessa lista infamante. Noto, a propósito, que um recente artigo publicado no Herald Tribune dava conta da opinião de um ex-diplomata norte-americano sediado em Teerã de que haveria no Irã mais elementos de democracia do que no Egito de Mubarak, então apontado como exemplo de líder árabe moderado. Que eu me recorde, o Irã é o único país que poderia ser classificado como uma potência média que está sujeita a esse tipo de escrutínio. Não procedem explicações que procuram minimizar a importância da decisão com comparações do tipo: “O Brasil também recebe relatores” ou “não houve condenação”.
Não há como comparar os relatores temáticos que têm visitado o Brasil com a figura de um relator especial por país. Na semiologia política do Conselho de Direitos Humanos e de sua antecessora, a Comissão, a nomeação de um relator especial (ressalvados os casos de desastres naturais ou situações pós-guerras civis, em que o próprio país pede ou aceita o relator) é o que pode haver de mais grave. Se não se trata de uma condenação explícita, implica, na prática, colocar o país no banco dos réus. Quando fui ministro do presidente Itamar Franco, viajei a Cuba com uma carta do nosso chefe de Estado, a qual, além de referir-se à ratificação do Tratado de Tlatelolco, sugeria que Cuba fizesse algum gesto na área de direitos humanos.
Cuba admitiu convidar o Alto Comissário das Nações Unidas para o tema, mas recusou-se terminantemente a receber o relator especial sobre o país. Conto isso não para justificar a atitude de Havana, mas para ilustrar a reação que desperta a figura do relator especial. Não cabe assim diminuir a importância do voto da semana passada. Pode-se concordar ou não com ele, mas dizer que não afetará as nossas relações com Teerã ou a percepção que se tem da nossa postura internacional é tapar o sol com a peneira.
Nos últimos meses e anos, o Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano, tanto estrangeiros quanto nacionais daquele país. É difícil determinar qual o peso exato que nossas démarches tiveram em situações como a da norte-americana Sarah Shroud ou do cineasta Abbas Kiarostami. No primeiro caso, a jovem alpinista veio nos agradecer em pessoa. Em outros casos, como a da francesa Clotilde Reiss, não hesito em afirmar que a ação brasileira foi absolutamente determinante. Mesmo no triste caso da mulher ameaçada de apedrejamento, Sakineh Ashtiani, os apelos do nosso presidente, seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad, certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado.
Poderia mencionar outros, como o do grupo de bahais, cuja condenação à morte parecia iminente. Evidentemente, tais ações só puderam ser tomadas e só tiveram efeito porque havia um certo grau de confiança na relação entre Brasília e Teerã, grau de confiança que não impediu que o presidente Lula tenha demonstrado ao presidente iraniano o absurdo de suas declarações que negavam a existência do Holocausto ou que propugnavam pela eliminação do Estado de Israel. Parece-me muito improvável que o governo brasileiro se sinta à vontade para esse tipo de démarche depois do voto do dia 24. Ou caso se sinta, que os nossos pedidos venham a ser atendidos. Muito menos terá o Brasil condições de participar de um esforço de mediação como o que empreendemos com a Turquia, em busca de uma solução pacífica e negociada para a questão do programa nuclear iraniano (o que, certamente, fará a alegria daqueles que desejam ver o Brasil pequeno e sem projeção internacional). Oxalá eu esteja errado.
Fonte: CartaCapital
domingo, 3 de abril de 2011
Refeição Cultural - Nihil
1969 - naquele ano houve o festival de Woodstock que marcou uma geração. Também foi o ano que o homem pisou na lua. Vera Fisher foi miss Brasil naquele ano. Depois de várias tentativas meus pais conseguiam ter um filho. Antes adotaram uma menininha.
127 horas - acabei de assistir ao filme da história do jovem Aron, que cresceu apaixonado pelos canions de Utah e um dia quase ficou por lá para sempre. A cena da decisão mais difícil de sua vida é fortíssima. É duro não se emocionar, mas fiquei muito pensativo sobre a vida. Sobre as vidas.
1996 - foi um ano de intensas emoções e sensações. Foi um dos anos mais marcantes de minha existência. Sem dúvida alguma, as marcas que deixou em meu mundo estão por aí. Estão dentro de mim. Estão ao meu redor. Como a vida segue ainda, não sei como terminará a relação com todas essas marcas.
09.09.1992 - depois de trabalhar desde os 12 anos de idade em tudo quanto é tipo de trabalho braçal e sem registro a maior parte deles, entrei em uma empresa pública. Achei que minha vida financeira estava resolvida para a vida futura. Muita coisa foi desilusão dali adiante. Entendi que o mundo era muito mais complicado do que eu pensava e sentia.
03 de abril - houve uma madrugada desse dia que cheguei em casa depois de umas brejas com colegas da faculdade. Cheguei com minha CB 450 TR branquinha. Era uma moto linda. Eu havia acabado de pagá-la. Parece que eu não conseguia dormir direito. Levantei-me e fui até a janela da garagem para espiar lá fora. O portão estava aberto e minha moto já não estava lá. Sentei no meio da rua e fiquei ali descabriado. Eu não tinha seguro.
2002 - foi um ano de grandes mudanças também. Eu, reles cidadão pouco politizado, entrei para um novo mundo chamado sindicalismo. Conheci a CUT. Conheci a Articulação Sindical. Conheci a grandeza da história do Partido dos Trabalhadores. Dei o meu quinhão para ajudar a eleger Luiz Inácio Lula da Silva presidente do Brasil. Hoje vivo em um país melhor para os pobres e miseráveis. Apesar disso, o país vive o regime capitalista (um lixo que jamais permitirá um mundo melhor) e os 5% mais ricos fazem o que querem por aqui. Falta muito ainda.
1996 - que ano heim! Estou ouvindo "The man who sold the world". Kurt Cobain dei um tiro em si mesmo e acabou-se o Nirvana. Me lembro muito daquele ano. Depois de uma vida inteira acreditanto em Deus ou algum tipo de religião, passei a não crer em mais nada. Foi o fim daquela organização criada pelo homem de que a vida tem algum sentido que não termina aqui. Foi o fim daquilo pra mim.
1980 - era meu primeiro ano em Uberlândia MG. Meu mundo infantil mudou drasticamente. Meus amigos ficaram lá em São Paulo, no Rio Pequeno. O Nenê. O Júnior. O Alexandre. Outros moleques. Outro mundo. Outra casa. Outra escola. Outro mundo. A impressão que ficou é que cheguei em um mundo duro e que tive que me adaptar àquele mundo endurecendo.
2004 - como dirigente sindical, eu e muitos, nunca esqueceremos daquele ano e daquela campanha salarial dos bancários. Houve muito desrespeito por parte de nossos adversários políticos. Houve muito golpe baixo. Dezenas de pessoas de meu time caíram em depressão no fim da batalha. Eu suportei. Eu suportei. Meu coro é grosso. Mas o ano foi duríssimo e todos amadureceram muito.
15.11.2009 - a morte de minha tia me marcou muito. Mudou muita coisa em minha família mineira depois disso. Nunca mais foi a mesma coisa. Eu sempre achei que vale a pena lutar por um mundo melhor por causa de gente humilde como ela. É muito dolorido lembrar que nós a perdemos. Quando discuto com meus colegas do PSTU e demais "revolucionários" a primeira coisa que penso é se as propostas deles vão melhorar a vida dos milhões de pessoas como a minha tia ou se é uma proposta que pode prejudicar os simples e humildes em nome de algumas vanguardas bem alimentadas e sem dificuldades materiais. Eu sei de que lado estou.
2011 - mais um ano de decisões. Todos os dias e anos são assim. Tomamos decisões a cada minuto. Quer dizer, muitas vezes as decisões nos tomam. As decisões nos pegam. Vou ser pego por várias no correr dos dias e meses. Meus pais me disseram, há pouco, aquelas palavras bonitas que os entes queridos nos dizem - sou importante para eles, nosso caso é de amor, e me aconselharam que viva intensamente cada minuto de minha vida como se fosse o último... Que seja assim, se esse for o último, foi.
13.01.2019 - Nada... iria escrever "nada de novo no front" (em referência ao livro e à guerra), mas não seria fidedigna a descrição da realidade. O front de batalha da classe trabalhadora e do povo brasileiro pobre sofreu a maior das derrotas com o novo regime que começa: o império da ignorância e da autodestruição. As batalhas agora são fragmentadas nos indivíduos, isolados em seus mundos virtuais e enganadoramente auto-suficientes. Os poucos com consciência política têm que combater a tristeza e a depressão para suportarem ver a idiotização dos seres ao redor de si mesmos e ainda buscarem forças e inteligência para pensarem uma saída e mudarem essa realidade estúpida. Superar essa batalha do ser é etapa sine qua non para fazer o que deve ser feito para tentar reverter o domínio do poder planetário por parte de um pequeno grupo de humanos e suas corporações globais, grupo que utiliza a Terra e bilhões de humanos como combustível, como bateria, para seu deleite momentâneo. Acredito que não podemos desistir de salvar a Terra e os seres vivos, incluindo os humanos, que deveriam ser racionais. Isso é algo para além de uma vida individual, é uma missão humana coletiva. Como reverter o quadro nacional e mundial de dominação por parte de alguns poucos? Pensemos!
Assinar:
Postagens (Atom)