sexta-feira, 29 de abril de 2011

Efeito multiplicador da moeda


(fiz essa explicação em 2008 na época da crise financeira. O que o governo está fazendo agora devido ao risco de inflação é o inverso: ele quer diminuir a expansão do crédito)


2008

Para que nossos leitores possam compreender melhor o que significa nesses tempos de crise o governo brasileiro liberar mais de R$100 bi dos depósitos compulsórios, no intuito de manter a liquidez do crédito na economia brasileira, apresento aqui um excerto sobre o efeito multiplicador da moeda escritural, ou moeda bancária.


4.2) A Multiplicação dos Depósitos Bancários

Os empréstimos concedidos pelos bancos dão origem a novos depósitos. Baseados em dados estatísticos de qual o percentual das contas as pessoas mantêm em bancos, esses, quando permitidos, geram créditos sobre os depósitos à vista. Ocorre que os recebedores dos empréstimos, realizam pagamentos a outros, que por sua vez colocam parte deles de volta nos bancos, sob a forma de depósitos, os quais servem de base para a concessão de novos créditos.

Essa capacidade dos bancos denomina-se de Sistema de Reservas Fracionárias, ou seja: os bancos têm a faculdade de manter em caixa apenas uma fração de seus depósitos totais. Em decorrência a capacidade do sistema bancário criar moeda depende de seu montante de Reservas Fracionárias e da quantidade de dinheiro que - ao sair do sistema bancário - não retorna (drenagem).

Até tão recentemente como os anos 70 e 80, o Banco Central mantinha como política o estabelecimento de depósitos compulsórios sobre os depósitos à vista que variavam entre 27% para 33% para manutenção da Taxa de Reserva Obrigatória (depósito compulsório) sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais (vide Resolução 375 do Banco Central).

Com Uma reserva de 33% e uma taxa de drenagem de 7%, o que ocorre com a capacidade de criação de moeda dos bancos?

Processo de Expansão da Moeda Bancária


BANCODepósitoReserva (Depó sito Compul sório)
(r)
Emprés timosDrena gem
(d)
Volta para o Sistema Bancário
Banco A1.000,00330,00670,0070,00600,00
Banco B600,00198,00402,0042,00360,00
Banco C360,00118,80241,2025,20216,00
Banco D216,0071,28144,7215,12129,60
Banco E129,6042,7786,839,0777,76
Banco F77,7625,6652,105,4446,66
Banco ..................
TOTAL2500,00
(*)
825,001675,00175,001500,00
O efeito multiplicador (k) do depósito original (do) se esgota quando o valor acumulado de (r) mais o valor acumulado de (d) alcançam esse valor. No caso (r + d = do) --> ($825,00 + $175,00 = $1.000,00).
(*)k = 1 / (r + d), onde:

k = Multiplicador
r = Taxa de Reserva (Depósito Compulsório)
d = Drenagem

Substituindo os valores:

k = 1 / (0,33 + 0,07) = 1 / 0,4 = 2,5

Com um multiplicador de 2,5 os $1.000,00 iniciais em depósitos se transformam em $2.500,00.

Com uma Taxa de Reserva de 100% (igual a 1) não existe a possibilidade de multiplicação dos depósitos bancários. Desde a implantação do Plano Real a política monetária do governo brasileiro tem sido de manter o Depósito Compulsório em 100% sobre os saldos dos depósitos à vista, como medida anti-inflacionária.

fonte: http://www.dearaujo.ecn.br/cgi-bin/asp/moedaebancos.asp


Já houve períodos em que o governo FHC manteve o compulsório a 100% (segundo o autor do excerto, Osnaldo Araújo)

Minha consulta original foi em meu velho livro de economia do prof. Rosseti, Introdução à economia, ainda da época de minha faculdade de Ciências Contabéis.

É isso. Quanto mais moeda escritural liberada para o sistema bancário, maior a capacidade de multiplicá-la na economia e aumentar o crédito e a liquidez do sistema.

Do contrário, quanto menos moeda escritural, maior o aperto no crédito e na economia.

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