(fiz essa explicação em 2008 na época da crise financeira. O que o governo está fazendo agora devido ao risco de inflação é o inverso: ele quer diminuir a expansão do crédito)
2008
Para que nossos leitores possam compreender melhor o que significa nesses tempos de crise o governo brasileiro liberar mais de R$100 bi dos depósitos compulsórios, no intuito de manter a liquidez do crédito na economia brasileira, apresento aqui um excerto sobre o efeito multiplicador da moeda escritural, ou moeda bancária.
4.2) A Multiplicação dos Depósitos Bancários
Os empréstimos concedidos pelos bancos dão origem a novos depósitos. Baseados em dados estatísticos de qual o percentual das contas as pessoas mantêm em bancos, esses, quando permitidos, geram créditos sobre os depósitos à vista. Ocorre que os recebedores dos empréstimos, realizam pagamentos a outros, que por sua vez colocam parte deles de volta nos bancos, sob a forma de depósitos, os quais servem de base para a concessão de novos créditos.
Essa capacidade dos bancos denomina-se de Sistema de Reservas Fracionárias, ou seja: os bancos têm a faculdade de manter em caixa apenas uma fração de seus depósitos totais. Em decorrência a capacidade do sistema bancário criar moeda depende de seu montante de Reservas Fracionárias e da quantidade de dinheiro que - ao sair do sistema bancário - não retorna (drenagem).
Até tão recentemente como os anos 70 e 80, o Banco Central mantinha como política o estabelecimento de depósitos compulsórios sobre os depósitos à vista que variavam entre 27% para 33% para manutenção da Taxa de Reserva Obrigatória (depósito compulsório) sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais (vide Resolução 375 do Banco Central).
Com Uma reserva de 33% e uma taxa de drenagem de 7%, o que ocorre com a capacidade de criação de moeda dos bancos?
Processo de Expansão da Moeda Bancária
BANCO | Depósito | Reserva (Depó sito Compul sório) (r) | Emprés timos | Drena gem (d) | Volta para o Sistema Bancário |
---|---|---|---|---|---|
Banco A | 1.000,00 | 330,00 | 670,00 | 70,00 | 600,00 |
Banco B | 600,00 | 198,00 | 402,00 | 42,00 | 360,00 |
Banco C | 360,00 | 118,80 | 241,20 | 25,20 | 216,00 |
Banco D | 216,00 | 71,28 | 144,72 | 15,12 | 129,60 |
Banco E | 129,60 | 42,77 | 86,83 | 9,07 | 77,76 |
Banco F | 77,76 | 25,66 | 52,10 | 5,44 | 46,66 |
Banco ... | ... | ... | ... | ... | ... |
TOTAL | 2500,00 (*) | 825,00 | 1675,00 | 175,00 | 1500,00 |
(*)k = 1 / (r + d), onde:
k = Multiplicador
r = Taxa de Reserva (Depósito Compulsório)
d = Drenagem
Substituindo os valores:
k = 1 / (0,33 + 0,07) = 1 / 0,4 = 2,5
Com um multiplicador de 2,5 os $1.000,00 iniciais em depósitos se transformam em $2.500,00.
Com uma Taxa de Reserva de 100% (igual a 1) não existe a possibilidade de multiplicação dos depósitos bancários. Desde a implantação do Plano Real a política monetária do governo brasileiro tem sido de manter o Depósito Compulsório em 100% sobre os saldos dos depósitos à vista, como medida anti-inflacionária.
fonte: http://www.dearaujo.ecn.br/cgi-bin/asp/moedaebancos.asp
Já houve períodos em que o governo FHC manteve o compulsório a 100% (segundo o autor do excerto, Osnaldo Araújo)
Minha consulta original foi em meu velho livro de economia do prof. Rosseti, Introdução à economia, ainda da época de minha faculdade de Ciências Contabéis.
É isso. Quanto mais moeda escritural liberada para o sistema bancário, maior a capacidade de multiplicá-la na economia e aumentar o crédito e a liquidez do sistema.
Do contrário, quanto menos moeda escritural, maior o aperto no crédito e na economia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário