domingo, 31 de maio de 2020

Instantes (15h34)


Imagem de divulgação.

(atualizado em 24/7/20)

O estudante sabia que tinha que fazer a lição até o dia seguinte, o último dia de prazo. A lição havia sido pedida há uns quinze dias. Mas ele queria descansar um pouco daquele tema, língua japonesa. Deixa que no domingo ele faz e sobe o arquivo. Ao zapear a TV para ver se teria algo interessante na programação, viu que à noite iria passar o filme Blow-Up, de Michelangelo Antonioni. O filme era um clássico de um diretor clássico baseado num conto clássico de Julio Cortázar. Ele nunca leu o conto do escritor argentino, apesar de tê-lo bem ali na estante de casa, numa pequena coleção que comprou numa viagem de passeio a Buenos Aires. Decidiu que veria o filme à noite.

O filme foi bem interessante. O cinquentenário gosta mais de filmes antigos do que de filmes atuais. Sua companheira detesta filmes assim. Já ele prefere, apesar de conhecer pouco sobre filmes. O filme de Antonioni é de 1966. E o conto de Cortázar que inspirou o diretor é de 1959. No filme, um fotógrafo meio doidão tira fotos num parque e decide fotografar um casal, a mulher se incomoda e pede ao fotógrafo que lhe entregue o filme. Ele diz que depois o fará e vai embora. A mulher é uma morena e o procura depois. O filme é bem psicodélico, com uma cena envolvendo um monte de gente num apartamento em meio a drogas, bebidas e orgias. No filme todos são muito muito magros. Isso chamou a atenção. O filme tem um final que deixa a imaginação pensando a respeito dos acontecimentos. 

O eterno estudante pegou o livro na estante e decidiu que na manhã seguinte iria ler o conto de Cortázar, "Las babas del diablo", do livro Las armas secretas. Logo pela manhã, "logo" seria lá pelo meio-dia porque ele não teve saco de levantar-se cedo e ficou enrolando na cama até tarde. Gostou muito do conto. Gostou. No conto, o casal não é de uma mulher e um homem mais velho; é de uma mulher adulta e loira e um jovem de quatorze para quinze anos. As estórias são diferentes. A marca comum é a paisagem erma no parque, a terceira pessoa que observa, além do fotógrafo, e do vento forte naquele instante. O final é doido também, aberto. 

Esses clássicos são muito instigantes para ele, dão-lhe uma sensação de mais uma etapa vencida em seu antigo desejo de conhecer os clássicos da cultura universal.

O domingo segue. Ele tem que pegar a lição de japonês e estudar aqueles kanjis...

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