domingo, 10 de maio de 2020

100520 (d.C.) - Diário e reflexões





Domingo de luar, Dia das Mães, Osasco, país jabuticaba, novo dia depois da pandemia do vírus Covid-19.

Vencemos mais um dia. Vamos para mais um amanhã. Tantas coisas que fazer ainda. Tantas coisas possíveis. Tantas coisas que eram possíveis até pouco tempo atrás. Tantas coisas que talvez não sejam mais possíveis para mim. Vai saber como será a semana neste mundo novo.

Neste momento de fim de noite de domingo das mães, o quadro estatístico sobre infectados e mortos pelo novo coronavírus aponta que estão infectados 4,1 milhões de pessoas no mundo e morreram até agora 282,7 mil seres humanos. No país jabuticaba, temos oficialmente 162,7 mil infectados e 11.123 vítimas fatais. Mas aqui é um dos países que menos realizam testes para identificar infectados, e os números podem ser muito maiores. O monstro que meus concidadãos elegeram em 2018 comemorou os números andando de Jet Ski. Aqui é assim...

Eu decidi estudar a Língua Japonesa neste ano porque gosto da cultura japonesa e porque o desafio poderia exercitar meu cérebro e auxiliá-lo a funcionar bem após meio século de vida. Estava indo muito bem através de um curso pago na internet e de uma matéria presencial em minha graduação em Letras na USP. Aí veio a quarentena, a parada do mundo. O isolamento social se somou à tristeza com a destruição do meu mundo pela ascensão do mal ao poder por golpe e por adesão de parte do povo que eu amava. Bateu um desânimo perigoso para o meu viver. O corpo por dentro está morrendo, sinto isso em meu abdômen. É triste e não é porque quero.

Como a vida seguiu nesta semana, e segue a partir de amanhã, a gente segue fazendo coisas que são possíveis. Eu sempre tive sonhos de cultura e conhecimento. Queria ser um erudito, um sábio, um intelectual. Admiro muito pessoas com grande acúmulo de conhecimento. Admiro mais ainda quando essas pessoas usam o conhecimento para o bem coletivo. 

Esse desejo de saber me fez começar projetos de leituras e nunca terminar quase nada, pois começava um livro, pegava outro, começava mais um, pegava outro e assim ia. 

Pensando em parar com isso, dei uma rápida olhada na estante e identifiquei vários livros que poderia retomar e ganhar aquela experiência de leitura. 

Tudo está estranho, sem sentido, sem razão lógica e sem prazer a esta altura de minha vida. É lógico que isso é um processo psicológico, somos humanos. Estou tentando me agarrar numa tese que ouvia de alguns professores que diziam sobre clássicos da literatura mundial que era sempre melhor lê-los que não lê-los. 

E sempre tem os livros novos também, alguns humanos continuam produzindo coisas interessantes de se ler.

Foi assim que li algumas centenas de páginas nesses dias. Terminei um livro de romance ao ler mais de cem páginas de uma vez. Agora estou terminando outro do mesmo jeito, acabo amanhã. 

Tem cada livro referencial que estou no meio... Hobsbawn, Galeano, Dostoiévisk, Hobbes, Jessé Souza, Gorbachev, Marx, Mandela, José Dirceu... (pensa dezenas e dezenas de leituras inacabadas).

Chega de registros por hoje. Vamos ver o que a vida nos reserva para a semana.

William
Um leitor

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