quinta-feira, 16 de março de 2023

Vendo filmes e documentários mais recentes (IV)


Pôster de divulgação do filme.

Refeição Cultural

Osasco, 16 de março de 2023. 


Pensando um pouco a questão do sentir-se pertencente a alguma coisa ao ver o filme Nomadland, tenho um sentimento um pouco diverso em relação a Fern, porém que me dá uma sensação de banzo... hoje eu não seria de forma alguma um "houseless" como disse a personagem Fern, mas me sinto um "homeless" mesmo rodeado de paredes próprias e bens materiais. 

William

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- Nomadland - (2020) - Filme com direção e roteiro de Chloé Zhao e estrelado por Frances McDormand, que também é produtora do filme. Após a morte do marido Bob e do fechamento da fábrica onde eles viviam e trabalhavam no meio do deserto, Fern (McDormand) acaba por passar a viver em sua van, conseguindo algum recurso financeiro de trabalho intermitente em trabalho intermitente como ocorre nos grandes galpões da Amazon, ou colhendo toneladas de beterrabas, ou limpando privadas de camping, ou em lojas de fast foods etc. O filme aborda a situação de penúria dos trabalhadores norte-americanos após a crise do subprime em 2009.

Comentário: Quando vi Nomadland em 2021, se não me engano, acabei percebendo a profundidade da história somente horas após ver o filme, que levou o Oscar de melhor filme, melhor direção e melhor atriz. Quis ver o filme novamente à época, mas não consegui. Agora vi mais duas vezes nesta semana e, se chorei um pouco na 1ª vez, na 2ª chorei várias vezes. Sobre a crise econômica e social do capitalismo norte-americano, tem uma passagem no filme que a legenda não deu uma tradução adequada. Uma garota que teve aulas de reforço com Fern lhe pergunta se ela é uma "homeless" e ela diz que não, ela é uma "houseless". E ao ver o filme a gente acaba compreendendo um pouco o que Fern quis dizer. São muitas passagens que me tocaram, se postasse aqui tudo que gostei no filme o texto ficaria enorme. 

Ao acompanhar Fern ao longo de sua história, tive a impressão que ela não conseguiu sentir mais pertencimento a nada após a perda da vida que levava com seu marido, naquela vila industrial e naquela casinha no meio do nada. Estou me sentindo assim, e isso me toca muito nas passagens do filme. Não consegui mais sentir pertencimento a nada após a vida que tive e que acabou.

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- Todos já sabem (2018) - Filme dirigido por Asghar Farhadi e protagonizado por grandes figuras do cinema espanhol e argentino como Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín. Sinopse: Laura (Penélope Cruz) volta à Espanha com os filhos para o casamento de uma de suas irmãs, seu marido fica na Argentina por compromissos inadiáveis. Chegando ao vilarejo espanhol, Laura reencontra Paco (Javier Bardem), com quem namorou antes de se casar e mudar para a América. Durante o casamento acontece algo inesperado e o marido de Laura, Alejandro (Ricardo Darín), precisa vir com urgência. 

Comentário: filme muito bom! O enredo vai envolvendo todas as pessoas da família no incidente ocorrido no dia do casamento, de maneira que todo mundo desconfia de todo mundo. Magoas passadas e presentes vêm à tona e o telespectador se vê dentro de uma história que poderia estar acontecendo no seio de sua própria família. Muito bom! Para mim, que estou relembrando a língua espanhola, é muito legal ver as diferenças de acento e tratamento entre espanhóis e argentinos.

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- A lavagem cerebral do meu pai (2015) - Documentário produzido e dirigido por Jen Senko demonstra o poder das mídias empresariais em alterar o comportamento das pessoas. Jen Senko percebeu a mudança de comportamento de seu pai, uma pessoa dócil e progressista, e passou a investigar o caso. Ela percebeu a influência da Fox News e de grupos de mídia que atuam com técnicas de manipulação de milhões de pessoas através de ódio, medo e mentiras. 

Comentário: o documentário é excelente e assustador, nós vimos isso acontecer no Brasil e no mundo inteiro. As pessoas são capturadas por essas redes e esses manipuladores profissionais e sofrem uma verdadeira lavagem cerebral. Eu tenho observado isso faz tempo e escrevo no blog a respeito. Eu fico me perguntando se ainda é possível frear e reverter esse processo de manipulação em larga escala em milhões de pessoas por parte de meia dúzia de bilionários e seus sofistas manipuladores. Como vamos salvar a sociedade humana dessa coisa?

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Post Scriptum: clicando aqui é possível ver o comentário anterior sobre filmes.


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