Uma vida humana
O homem acordou naquele dia, olhou um pouco para o teto, até firmar a consciência sonolenta, e se levantou. Começava mais um dia em sua vida.
Entre o quarto e a sala, olhou para a bagunça ao redor, pensando no que arrumar ou limpar naquela manhã: dois dias antes havia estabelecido o propósito de fazer alguma coisa todo dia, nem que fosse por meia hora.
Tomou um copo d'água e olhou a cozinha. Pensou se mexia ali ou na sala. Foi ao banheiro com o kindle na mão. Leu alguns parágrafos do livro "O trato dos viventes", do Alencastro.
A Corte portuguesa através de alvarás em 1554 e 1559 lançava incentivos fiscais para se desenvolver engenhos na Terra de Santa Cruz cobrando dos "empreendedores" um terço das taxas na aquisição de 120 africanos por engenho criado. Capturar pessoas e vendê-las era uma atividade de "empresários" e de Estado.
O homem pegou frutas, leite, um pão de dois dias, fez uma vitamina, passou o pão no fogo, tomou seu café naquele sábado, lavou a louça e foi limpar o pó acumulado na estante da sala.
Para o dia, havia ainda o desejo de terminar a leitura de um livro de ficção e ler textos de um blog de uma professora poeta.
O passado descrito por Alencastro pode ser o futuro no tempo daquele homem vivendo mais um dia no lindo planeta azul.
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