domingo, 19 de dezembro de 2010

Uma história da leitura - Os leitores silenciosos


(atualizado em novembro/2015)


"Leitores silenciosos": na foto, estou em Turin, Itália.
Na OIT, 2009.

"Séculos depois, do outro lado de um oceano que para Agostinho talvez fosse o limite da terra, Ralph Waldo Emerson, que devia sua fé àqueles antigos protestadores (os protestantes de Lutero), aproveitou-se da arte que tanto surpreendera o santo. Na igreja, durante os longos e frequentemente tediosos sermões a que comparecia devido a seu senso de responsabilidade social, lia em silêncio as Pensées de Pascal. E à noite, em seu quarto frio em Concord, 'com cobertores até o queixo, lia os Diálogos de Platão. ('Ele associava Platão, mesmo mais tarde, com o cheiro de lã', observou um historiador.) Embora achasse que havia livros demais para ler, e que os leitores deviam compartilhar suas descobertas contando uns aos outros o ponto essencial de seus estudos, Emerson acreditava que ler um livro era um assunto privado e solitário. 'Todos esses livros', escreveu ele, fazendo uma lista de textos 'sagrados' que incluía os upanixades e as Pensées, 'são a expressão majestosa da consciência universal e servem mais aos nossos propósitos diários do que o almanaque do ano ou o jornal de hoje. Mas eles são para o gabinete e devem ser lidos sobre os joelhos dobrados. Suas comunicações não devem ser dadas ou tomadas com os lábios e a ponta da língua, mas com o fulgor da face e o coração palpitante.' Em silêncio."


Estive na OIT (Turin) em 2009, a trabalho, representando
os trabalhadores brasileiros através da CUT.

COMENTÁRIO:


Cara, que livro maravilhoso este do Alberto Manguel.


Do excerto acima, tenho duas reflexões:


A primeira tem relação com este blog e um de seus objetivos: partilhar minhas leituras e minhas reflexões acerca das coisas, das aulas que tive na Faculdade de Letras, e minha visão dos acontecimentos do mundo.


A segunda tem relação com uma fala de um professor na USP, certa vez, que nos disse que mais valiam as leituras de obras clássicas como um texto de Shakespeare do que a leitura de um jornal ou revista contemporâneos.


A parte grifada em destaque é um pouco sobre essas observações.



Bibliografia:


MANGUEL, Alberto. Uma História da Leitura. Companhia Das Letras. Edição 1999, 4ª reimpressão.

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