sábado, 11 de abril de 2020
Lendo Decamerão, de Giovanni Boccaccio
Refeição Cultural
Hoje é sábado, dia 11 de abril de 2020 do mundo depois do vírus Covid-19 (d.C.).
Dias atrás, comecei a leitura desse clássico da literatura mundial. Giovanni Boccaccio escreveu Decamerão entre os anos de 1348 e 1353, período no qual a Europa e demais países da Eurásia enfrentavam uma pandemia mortal, a Peste Negra ou simplesmente Peste. Dezenas de milhões de pessoas morreram na época.
Como estamos vivendo um período parecido de pandemia mundial, achei interessante pegar o livro e ver no que dá. Cheguei a ler em 2008 perto de 200 páginas das quase 800 páginas dessa edição que tenho. Aliás, a edição não é boa. Percebo que a tradução é ruim e não teve revisão bem feita. Porém, neste momento da história e da minha vida isso não tem importância alguma.
A pandemia mundial do novo coronavírus avança com velocidade no mundo globalizado. Na primeira postagem que fiz sobre o Decamerão, na semana passada (ler aqui), mais de um milhão de pessoas havia contraído o vírus e 60 mil delas tinham perdido a vida. Os dados atualizados até ontem indicam que agora mais de 1,7 milhão de pessoas contraiu o Covid-19 e o número de mortos saltou para perto de 104 mil.
No país jabuticaba, onde tudo é único no Planeta, o demente no poder e seus apoiadores, incluindo alguns governadores como o de Minas Gerais, continuam defendendo o inverso das medidas recomendadas pelas autoridades de saúde do mundo todo. Contra a quarentena e o isolamento, a contenção das pessoas para amenizar a velocidade de contágio do vírus, o bolsonarismo prega que todos saiam e levem a vida normalmente. Detalhe: os números oficiais daqui também são jabuticabas. Não são verdadeiros, são subnotificados.
Terminei a leitura da primeira jornada, com Pampinéia à frente das moças e rapazes isolados em uma bela propriedade nos arredores de Florença. Cada um deles, as sete moças e os três rapazes, contaram uma história ou novela no primeiro dia de estadia deles naquele isolamento voluntário.
Enquanto lia as narrativas, eu pensava em nosso mundo capitalista com trumps e bolsonarismo; pensava na indústria de manipulação de parte dos neopentecostais evangélicos e outras indústrias de religião, abusando da legítima fé das pessoas; pensava nos algoritmos e robôs que atuam nas redes sociais. Pensava na concentração da riqueza na mão de 1% de predadores humanos enquanto o restante (gado?) se acotovela nos cercados miseráveis das cidades.
Que tristeza! Ao ver o cenário em que vivemos, o comportamento dos seres humanos que habitam nosso cotidiano, vi que estamos numa situação bem pior que a descrita no cenário das novelas do Decamerão. Lá, ainda se consegue ao menos alterar o comportamento de pessoas que praticam vilania mediante lições de moral. Aqui, o que vemos é o mal e a ignorância arrebanharem cada vez mais adeptos. Não sabemos até onde a humanidade vai chegar. Não sabemos!
Eu iria falar um pouco sobre as novelas que já li, mas fica para uma próxima postagem. Esses registros são quase que desabafos parecidos com diários para si mesmo, em que quase ninguém os lê. Palavras ao vento.
William
Marcadores:
A morte,
Brasil,
CEM Clássicos,
Cenas cotidianas,
Cenas literárias,
Diário,
Giovanni Boccaccio,
História,
Itália,
Leituras de livros,
Medo,
Pandemia,
Política,
Refeição Cultural,
Tempo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário