Refeição Cultural - Cem clássicos
Completei a leitura do primeiro de meus livros do escritor argentino Julio Cortázar, Las armas secretas (1959). Algumas narrativas do livro são consideradas verdadeiros clássicos do autor e da literatura hispano-americana do século XX como os contos "Las babas del diablo" e "El perseguidor".
Neste livro temos reunidos os contos: "Cartas de mamá", "Los buenos servicios", "Las babas del diablo", "El perseguidor" e "Las armas secretas". Todos muito bons!
Cortázar é um autor de leitura exigente, pelo menos na minha opinião. O escritor nos coloca a pensar durante a leitura de seus textos. Ele é um dos principais autores do Boom latino-americano dos anos sessenta e setenta.
Ao ouvir um trecho de uma entrevista com Cortázar fiquei encantado com ele. Ao falar sobre o período (Boom), os autores e as obras da época, ele diz ser mentira a tese de que as editoras que teriam sido responsáveis por darem a linha editorial para os contos e romances do Boom.
Cortázar explica que o que contribuiu para os argumentos e enredos das narrativas latino-americanas nos anos sessenta foram as consequências da exploração imperialista aos países e povos da região. Alguns bons autores passaram a ser lidos e editados por grandes editores após o público reconhecer suas obras. E não o inverso.
Ele Cortázar disse que produziu suas narrativas na solidão e na miséria e só depois do público leitor reconhecer seu valor foi que as editoras passaram a recepcioná-lo como grande escritor.
Minha estreia na leitura de Cortázar foi no início do curso de Letras, quando fiz uma disciplina das mais interessantes: vimos como autores latino-americanos abordavam a questão da morte e as diversas crenças no pós morte em seus textos literários. Dele, lemos "Cartas de mamá", o primeiro conto deste livro.
O conto "Las babas del diablo" foi inspiração para o filme Blow-up (1966), do diretor Michelangelo Antonione. O final da estória é aberto e nos coloca a refletir sobre a narrativa. Os textos de Cortázar trabalham muito com o estranho, com situações que sejam incomuns, que chamem a atenção ou que de alguma forma incomodem o leitor. Este conto não é diferente.
O conto "O perseguidor" é muito bom. Traz como pano de fundo o mundo do jazz e o personagem principal, Johnny Carter, é inspirado em Charlie Parker (1920-1955). Bird, como era conhecido, foi um fenômeno incompreendido em seu tempo, que buscou (ou perseguiu) quase o impossível através de suas improvisações musicais.
O último conto do livro, "Las armas secretas" é bem difícil. Li duas vezes, uma após a outra, para compreender melhor a narrativa. Novamente, a estória trabalha com o estranho.
Enfim, mais um clássico da literatura mundial.
William
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