Refeição Cultural
"1
É verdade, eu vivo em tempos negros.
Palavra inocente é tolice. Uma testa sem rugas
Indica insensibilidade. Aquele que ri
Apenas não recebeu ainda
A terrível notícia.
Que tempos são esses, em que
Falar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Aquele que atravessa a rua tranquilo
Não está mais ao alcance de seus amigos
Necessitados?"
("Aos que vão nascer", Bertolt Brecht)
Primeiro dia do ano de 2021. Osasco, São Paulo.
Estou lendo Bertolt Brecht, um livro de poemas selecionados e traduzidos por Paulo César de Souza, publicado pela Editora 34. Ao ler a respeito do autor na "Cronologia da vida e da obra de Brecht", à página 345 da edição, fiquei surpreso. Que história; que vida! Que produção na dramaturgia! E eu sou um completo desconhecedor de sua obra. É uma confissão necessária.
Eu adquiri o livro entre o final de 2017 e início de 2018. Ao reler postagens do blog, vi que os poemas de Brecht foram escolhidos por mim para me acompanharem nas viagens pelo Brasil durante a campanha eleitoral da Cassi, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, entre fevereiro e março daquele ano. Fiz duas postagens na época, ler aqui e aqui. Naquela oportunidade, li cerca de 150 páginas do livro. Agora, retomei para acabar a leitura.
Brecht nasceu na Alemanha em 1898 e morreu vítima de um enfarte em 1956, ou seja, morreu relativamente novo, aos 58 anos. Foi um dramaturgo e poeta que viveu as duas grandes guerras, a grande depressão econômica dos anos 30 e a Guerra Fria. Aos 26 anos, já tinha 3 filhos com 3 mulheres diferentes. Leu O Capital, de Karl Marx aos 28 anos. Leu Ulisses, de James Joyce, aos 30. Foi amigo de Walter Benjamin. Como refugiado, viveu em diversos países. Foi uma vida intensa e uma produção importante para nós que nos situamos na classe trabalhadora.
A leitura de seus poemas nos faz pensar muito, além de nos fazer sentir as emoções que a leitura de poesia nos faz.
Vamos ver se dedico esse período que se inicia hoje, o dificílimo ano de 2021 (com pandemia e sem vacina, com Bolsonaro e bolsonarismo, sem emprego e sem auxílio emergencial para o povo), com muita leitura, muitos estudos e com algum tipo de produção textual inovadora, que traga algo de novo para os leitores que acessarem o blog. A narrativa curta que produzi hoje tem esse intuito (ler aqui). Vamos ver se crio algo interessante no campo da ficção literária.
Temos que vencer o ódio e o medo, que nos cegam e imobilizam, e temos que vencer a divisão da classe trabalhadora. Só assim nascerá uma perspectiva de reverter a destruição do país e a miséria absoluta na qual o povo foi colocado após o golpe de Estado em 2016, o ano que ainda não terminou.
Abraços e boas leituras neste ano de 2021. Que eu e vocês encontremos amor, tolerância, resistência e imaginação.
William
Bibliografia:
BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. Seleção e tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Editora 34, 2012 (7ª edição).
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