Bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. |
Refeição Cultural
Osasco, 6 de agosto de 2022. Sábado.
"Em geral não se diz o que houve,
e sim o que ouve" (Oswald de Andrade)
SERÁ QUE HOUVE O QUE SE OUVE POR AÍ NOS TIK-TOKS DO MUNDO ATUAL, ORAL E VISUAL?
Num dia como este, 6 de agosto, em 1945, os norte-americanos jogaram uma bomba atômica sobre Hiroshima, Japão, dizimando a população civil daquela cidade instantaneamente. A guerra já estava resolvida, os países aliados vencedores da guerra já haviam triunfado, o exército vermelho dos soviéticos já havia derrotado Hitler e mesmo assim os Estados Unidos jogaram duas bombas atômicas sobre populações civis do Japão, em Hiroshima e depois em Nagasaki, no dia 9 de agosto. É bom que ninguém se esqueça disso. Num dia como esse, 6 de agosto, assassinaram centenas de milhares de seres humanos só para demonstrarem que podiam fazer isso. Essa coisa foi feita por seres humanos.
DA LINGUAGEM ORAL, INVENTAMOS A ESCRITA, NOS ALFABETIZAMOS, REGISTRAMOS A HISTÓRIA, E AGORA CAMINHAMOS PARA SERMOS ANALFABETOS (PRÉ-HISTÓRIA DE NOVO?)
Olhar para trás. Olhar o presente. Olhar o futuro. Existem passado, presente e futuro? Ou só existe o presente? Essa questão é uma questão pouco refletida por quase todos nós, seres humanos da era das redes sociais e dos algoritmos e das manipulações de massas com mentiras e ódios e medos. Quem liga para história e para filosofia? Quem liga?
Comecei esta reflexão lembrando do assassinato de centenas de milhares de pessoas por uma ordem de um governo de um país e depois citei a questão da noção de tempo, uma variável só existente na cabeça e no mundo dos homo sapiens.
O tempo não existe a não ser como um marcador de coisas a partir do olhar dos seres humanos. Uma barata não pensa no tempo. Nem um leão. Muito menos um ipê. Uma pedra nem se fale! Só nós pensamos nessa coisa chamada tempo, e com o tempo o passado, o presente e o futuro. A história.
Ao viver mais, ficar mais tempo vivo, vemos mais coisas, vemos mais acontecimentos, vemos mais mortes. Vemos mais coisas conforme as oportunidades que se colocam ao nosso alcance, conforme o lugar, a época e nossa condição.
Em alguns milênios (o tempo...) os homo sapiens classificaram os acontecimentos do tempo em história e pré-história, o marco que separa um período do outro foi a invenção da escrita, os registros que os animais humanos passaram a fazer sobre suas épocas. Nos últimos 7 mil anos, mais ou menos, deixamos de ser sociedades ágrafas e passamos a registrar a história.
Agora, no início dessa nova era, a era das redes sociais, do mundo oral e visual, do mundo do instantâneo, das dancinhas tik-tok e dos pets nas timelines, a humanidade passou a aprender a escrever na infância nas escolas para desaprender assim que para de usar a escrita e a leitura. Quando os humanos tik-tokers tentam escrever em comunicados rápidos de WhatsApp, aqueles signos são incompreensíveis...
Sei não. Me parece que avançamos da pré-história para a escrita, para a história, e agora caminhamos para a era dos analfabetos funcionais, para a pré-história da nova humanidade.
Não sei se num futuro próximo teremos registros de dias fatais e marcantes na história humana como o dia 6 de agosto de 1945 ou mesmo os acontecimentos do dia 6 de agosto de 2022, registrado e lido daqui a algumas décadas (o tempo...)
Como refletiu o poeta: vai ficar difícil saber se o que se ouve, houve...
William
Post Scriptum (25/8/22):
Yuval Harari, em Sapiens (2011), trabalha com um conceito mais amplo, talvez mais moderno, de marco que separa história de pré-história. Ao invés de se fixar na questão da escrita e dos registros das civilizações, ele trabalha com o conceito de culturas, as culturas das sociedades humanas seriam os marcos da separação entre história e pré-história, pelo que entendi da leitura que já fiz do livro até agora. Dessa forma, a história humana teria por volta de 70 mil anos, mais ou menos. Algo bem anterior à etapa na qual os homo sapiens passaram a desenvolver a agricultura. Vamos estudando e vendo o que os estudiosos dizem a respeito de nossa história.
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