quinta-feira, 6 de março de 2025

Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis (12)



Refeição Cultural 

"Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia!" (Citação de frase de Arthur C. Clarke, na p. 207)


Parei de ler com regularidade o romance de Miguel Nicolelis. Na verdade, parei de ler com rotina tudo que estava lendo. Sei de meu desejo e necessidade de ler diariamente. No entanto, defini outra prioridade na urgência e instabilidade do viver. Não farei nada até terminar a tarefa.

Nossos colegas da intelectualidade, da produção de cultura e da esquerda ou qualquer qualificação do tipo ficaram tão encantados com a tecnologia das últimas décadas que perderam a razão quase que por mágica... confiam toda nossa história humana às plataformas digitais de nossos inimigos. Atitude irracional de "homo sapiens".

Sabemos algo do passado porque meios físicos chegaram até nós ao longo de milênios. Argila, pedra, couro, papiro, tabuinhas, papel, pele, osso... no entanto, nada ficou da cultura humana que não estivesse registrada em algum material que durasse no tempo.

E neste momento da história humana, primeiro quarto do século XXI, boa parte do conhecimento humano que vem sendo produzido nas últimas 3 décadas não está salvo e registrado em nenhum meio físico, nenhum! Só no meio digital das big techs, dos "overlords", pra usar a linguagem do neurocientista e romancista Nicolelis. Salvo na máquina dos nossos inimigos... nas nuvens!

Eu mesmo tenho milhares de textos com a história coletiva do meu país, do meu segmento social, da minha vida privada - que não deixa de ser pública, pois somos legião, somos seres humanos - dispersos nas plataformas dos inimigos da humanidade. 

É uma obrigação ética de alguém consciente preservar em meios duráveis a nossa história humana. Por mais que a ideologia da classe dominante se imponha neste momento - a ignorância e o desprezo pela história - tenho (temos) que preservar e sistematizar nossa produção cultural e histórica.

Decidi não priorizar mais nada até terminar minha tarefa de preservar tudo que registrei na vida nas duas décadas que escrevi como dirigente da classe trabalhadora brasileira. 

E digo aqui que está dando muito trabalho fazer isso. Muito! Nem bunda tenho para tantas horas lendo, corrigindo textos, diagramando, salvando e encadernando. 

Sistematizar e preservar minha produção textual é um compromisso ético para com as pessoas que amo, que me consideram e para a imensidão de gente que está por aí - a humanidade -, capturada sem tempo de pensar, de ser gente humana, que está no "corre", sobrevivendo ao instante.

Seguirei trabalhando para preservar a nossa história humana, enquanto os overlords das plataformas digitais se preparam para dominar o mundo inteiro (reescrevendo e inventando a história).

William 


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