Refeição Cultural
Sempre que penso em parar de escrever, depois de alguns dias volto atrás e venho aqui burilar alguma coisa do que vai em minh'alma.
A memória é um suporte orgânico de registros de experiências e pensamentos: conhecimentos e culturas.
Todo organismo morre porque é parte da natureza. Tudo se transforma, muda o tempo todo. Somos parte dos ciclos do Carbono e do Nitrogênio. É o que somos, natureza.
A memória é uma ferramenta essencial dos seres vivos. Nos humanos a memória é seletiva. O animal humano é um contador de histórias, somos todos forrest gumps.
Meus textos têm uma importância para ao menos um leitor: eu mesmo, aquele que fui no momento do registro.
Já tive a vaidade de todos nós de achar que nossas coisas têm serventia no mundo. Não têm.
Escrevo hoje e se estiver por aqui amanhã, poderei ver o que escrevi naquele instante, se ainda me lembrar quem sou no amanhã.
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Incomunicabilidade
Lendo sobre neurociência e tecnologia atual - leio Miguel Nicolelis - compartilho a percepção dele de que o mundo digital pode mudar a espécie humana de forma permanente, uma outra espécie talvez surja, uma espécie de homo digital, que não necessariamente será inteligente como a homo sapiens.
Faz tempo que venho lendo e observando o mundo e os humanos ao meu redor... degeneração da espécie não é uma expressão exagerada para denominar o que eu vejo ao meu redor.
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Neste instante, ouvindo música na piscina da colônia de férias dos professores num domingo frio, me sinto verdadeiramente de férias, até de minha casa. Férias de tudo. São só uns dias. O caos está ao redor. O autoritarismo fascista está ao redor... Não estamos preparados.
No livro de H. G. Wells "Deuses humanos", de 1923, o personagem sr. Barnstaple quer férias e vai parar em Utopia. Até onde li, ele, um liberal, está achando o máximo aquele mundo "perfeito", sem doenças, sem insetos, sem governantes, sem as complexidades do mundo dos humanos. Uma porra de mundo fascista. Todas as facilidades pensadas na sociedade utopiana têm uma coisa meio fascista, a ideia vendida de um mundo perfeito. Do tipo: não quer insetos e sujeira, cimenta o chão que tinha uma floresta e pronto.
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Com o advento das plataformas digitais, algoritmos, IAs, a captura da mente humana por alguns humanos (corporações), a economia da atenção baseada no ódio, seremos bilhões de humanos sem conseguir consenso algum. A tribalização da espécie está acelerada.
Não conseguimos ser ouvidos sequer por nossos pais, filhos, amigos, membros de grupos afins. Discordância é algo impossível. Guerra de todos contra todos. É o que vem por aí.
Vejam a guerra entre ICL e Brasil247. É só um exemplo.
Eu percebi faz tempo isso na nossa espécie. Discordar ou opinar é a morte em vida, o cancelamento.
No meu caso: não diga nada sobre a Cassi, o BB, o PT, a CUT, o sindicalismo, a Articulação Sindical... não diga nada que não seja amém aos que estão ao meu redor. Amém!
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Férias de tudo neste momento sozinho no solzinho frio da piscina da colônia de férias dos professores. Férias só estes dias.
Depois, o caos na minha vida e no meu mundo.
Instantes.
Este é único. Nunca mais!
William
13/07/25
Que maravilha! Tomei a frase inicial como mote! Saudade de vocês, meus amigos!
ResponderExcluirOlá, querida Marili! Eu vi no blog seu texto crônica e poema. Adorei! Bjos na família linda!
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