quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural 

Quinta-feira, 12 de setembro de 2024.


PRESERVAÇÃO DE CULTURA E CONHECIMENTO

Nesta semana, investi algumas horas de minha vida na revisão e diagramação de textos antigos do blog.

Escolhi um período no qual avalio que estava no auge de minha capacidade de produção política e intelectual: janeiro de 2013.

Os quinze textos são muito bons, os conteúdos me deixaram muito reflexivo. 

Aquele material merece ser preservado. Não por ter sido produzido por mim e sim pelos temas e pela forma como foram abordados: eles têm relevância. 

Mas também por terem sido produzidos por mim. A pessoa que escreveu aqueles textos era um dirigente nacional de uma das categorias profissionais mais organizadas do país. 

Ao falar de livros de literatura brasileira, ao preservar textos políticos publicados na extinta "Carta Maior", ao fazer análises críticas de filmes hollywoodianos e ao fazer artigos opinativos e crônicas o blog registrou uma época, com um olhar do mundo do trabalho. 

Os textos revisados deram pouco mais de sessenta páginas em Word. Foram feitos durante minhas férias daquele ano. A característica central dos textos é a diversidade temática. 

Tem de Stephen King a Guimarães Rosa e Fernando Sabino. Tem de "Rambo" a "Papillon", e tem uma interpretação do filme "A vida de Pi". Falo de morte e busca por sentidos na vida. Tem artigos de Izaías Almada questionando a esquerda que pedia "autocrítica" ao fazer coro com a perseguição criminosa feita a figuras históricas como Genoino e Zé Dirceu.

Enfim, avalio que aqueles textos têm relevância na nossa história de classe trabalhadora brasileira. Mesmo sendo produção individual, é produção de significado coletivo. 

É uma pena o quanto nossas lideranças sindicais e de esquerda desprezam a NOSSA história! 

Acompanho há tempos o sumiço de nossa história das páginas dos sindicatos. Cinzas... história apagada.

Nossas lideranças sindicais por descuido ou por querer são os bombeiros da distópica sociedade de Fahrenheit 451.

William Mendes 


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Sentidos (utopia)




Refeição Cultural

Sentidos (utopia)

A busca por sentidos tem relação com aquilo que chamamos de utopia. Relendo minhas reflexões escritas ao longo de minha vida de militante político percebo isso. O ter sentido tanto tem relação com a ideia de que o caminho é mais importante que o destino, quanto com a questão de que as buscas são mais importantes que as respostas. Vejo que minhas perguntas persistiram ao longo de décadas, mesmo após tantas respostas encontradas nos caminhos percorridos. É a utopia... o que nos move, mesmo? Pelo que estamos dispostos a viver ou morrer? Pelo que vale a pena fazer sacrifícios? É a utopia... (sem utopias, como seguir?)

William

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis (5)

 


Refeição Cultural 

"Essencialmente, a Brainet pode se transformar na nossa tecnologia mestra para promover a plataforma de 'um futuro sem futuro'; um estado global no qual o BARI por si só controlaria toda e qualquer decisão de todos os governos do planeta. E não só isso: todas as minúsculas decisões tomadas por todo e qualquer ser humano vivo, ou prestes a nascer ou morrer... pelo resto da existência da humanidade." (p. 73)


Li mais dois capítulos do romance do neurocientista Miguel Nicolelis. Estou gostando bastante!

BARI é um grande banco na ficção. O significado do nome é ótimo! Banco para Acordos e Rapina Internacional. 

A crítica do autor do romance ao mau uso das tecnologias chamadas comercialmente de Inteligência Artificial por parte das big techs é perceptível na leitura da ficção. Bem interessante!

Como dominar o mundo?

"(...) Nesse momento, como o senhor sabe, eles basicamente convenceram todos os governos do planeta a terceirizar decisões fundamentais, sejam elas econômicas, políticas ou sociais, para supercomputadores rodando programas baseados em métodos da chamada 'Inteligência artificial na nuvem'." (p. 74)

O enredo, quando está no presente narrativo, 2036, faz referências a eventos que se deram no passado, em nossa época atual aqui fora do romance, que fodeu geral a sociedade humana. Exemplo: desemprego de 83,5%.

É isso! Quem não conhece e não adquiriu ainda o primeiro romance do professor Nicolelis, aventure-se!

Estou curioso pra saber o que vai rolar na história. E o romance é enorme! 

William 


Post Scriptum: para ler o comentário seguinte é só clicar aqui.


Memorial de Aires - Machado de Assis (3)



Refeição Cultural 

"(...) Nada há pior que gente vadia, - ou aposentada, que é a mesma cousa; o tempo cresce e sobra, e se a pessoa pega a escrever, não há papel que baste." (p. 21)


O personagem Conselheiro Aires faz consigo mesmo uma ironia ao escrever em seu diário o pensamento acima. Ele queria escrever "meia dúzia de linhas" sobre uma reflexão e acabou se alongando por mais de uma página. 

Imaginem vocês, amigas e amigos leitores, essa citação ficcional dos diários de um personagem machadiano do início do século passado sendo lida e interpretada de forma descontextualizada por gente de qualquer matriz ideológica nos rápidos tempos de internet e redes sociais do século vigente...

IRONIA VAI MORRENDO

A redução da capacidade intelectual e interpretativa está tão grande nas últimas décadas que autores e escritores que se atrevem a fazer ironias se protegem com a já tradicional advertência "atenção, contém ironia".

A mais leve bobagem que ouviríamos do pensamento do personagem Aires seria dizer que o mestre Machado de Assis estaria chamando aposentados de vadios.

Dureza! Desalentador.

Perseverar é necessário, seguiremos lendo, estudando e compartilhando conhecimento de forma gratuita aqui nesta página de diário (blog). Seguiremos com ou sem ironias. 

Só o conhecimento liberta, já nos ensinava José Martí. 

William 


domingo, 8 de setembro de 2024

Operação Cavalo de Tróia (8) - J. J. Benítez



Refeição Cultural 

O Diário do Major detalha como se dará a "Operação Cavalo de Tróia" durante os onze dias nos quais a nave e os viajantes ficarão em Betânia e Jerusalém no Ano 30.

"A segunda - a mais arriscada e atrativa, sem dúvida - obrigava ao abandono do 'berço' por um dos exploradores, que deveria misturar-se com o povo judeu daquela época, convertendo-se em excepcional testemunha dos últimos dias de Jesus, o Galileu. Esse era o meu 'trabalho'." (p. 72)

Benítez descreve como o viajante no tempo, o Major, se preparou por dois anos, para se misturar ao povo judeu dos anos trinta.

LINGUAGEM 

"Boa parte desses vinte e um meses dediquei ao duro estudo da língua falada por Cristo: o aramaico ocidental ou galileu (...) não me foi muito difícil localizar os três únicos rincões do planeta onde ainda se fala o aramaico ocidental: a aldeia de Ma'lula, no Antilíbano e as pequenas povoações, hoje totalmente muçulmanas, de Yubb'adin e Bah'a, na Síria." (p. 72)

E depois o astronauta ainda aprendeu noções básicas de grego e do hebreu mishinico, que também se falava na Palestina de Cristo.

LOCAL NO ANO 30

(...) os especialistas do Projeto Cavalo de Tróia haviam avaliado que o Monte das Oliveiras era a zona apropriada para base do 'berço'. Sua proximidade da aldeia de Betânia e Jerusalém o havia convertido em lugar estratégico para o 'descenço'." (p. 75)

Comentário: não sei por que a palavra "descenço" aqui. Segundo o dicionário Aurélio "descenso" significa "descida", o que contemplaria a semântica da frase.

QUANDO NO ANO 30

A operação se daria no ano 30 entre os dias 30 de março e 9 de abril, onze dias.

O lançamento do módulo ou "berço" na viagem no tempo seria em 30 de janeiro de 1973.

TRIPULAÇÃO 

A nave ou "berço" ou ainda "módulo" será tripulada pelo Major e por seu companheiro, apelidado no Diário de "Eliseu", responsável por permanecer os onze dias dentro da nave no Monte das Oliveiras. 

O DISFARCE DO MAJOR ENTRE OS JUDEUS

"(...) Como estrangeiro (minha atuação e costumes haviam sido escolhidos pela Operação Cavalo de Tróia como os de um comerciante grego de vinhos e madeira), sabia perfeitamente quais eram minhas limitações neste sentido. Não obstante, na suposição de uma emergência, sempre existiria o recurso da minha volta ao módulo." (p. 84)

Terminei a leitura do dia com o lançamento da nave na viagem ao passado... agora é andar entre Jesus e seus discípulos. 

É isso!

William 


Diário e reflexões



Refeição Cultural 

Domingo, 8 de setembro de 2024.


AINDA A NECESSIDADE DE MUDANÇAS 

Meus engajamentos atuais são conscientes e politizados. Estou em agendas cotidianas politicamente corretas. 

Estou num esforço pessoal para contribuir de alguma forma com as campanhas eleitorais da companheira Luna Zarattini 13131 para vereadora de São Paulo e de Guilherme Boulos para a Prefeitura. Além de escrever a respeito na internet - blogs e Facebook -, peço voto nas ruas quando me sinto em condições.

Estou me esforçando para ler livros com periodicidade, e faço algum texto sobre as leituras para não perder a capacidade de escrever.

Cuido da família do jeito que posso. E sei que não tenho poder algum de influência sobre ninguém. Nem deveria ter. Isso é coisa de cabeça antiga num mundo onde quem influencia as pessoas são os donos dos meios de influência, do tipo: os donos das big techs, "youtubers" e donos de mídias, bilionários, mercadores da fé (e donos de ongs...). 

Entretanto, ainda assim, mesmo cumprindo meus contratos sociais, estou numa insatisfação muito incômoda. 

A insatisfação tem relação com a política, com os seres humanos, comigo mesmo.

Preciso mudar algo conscientemente. Como a mudança da natureza se impõe a mim, a todos nós, tenho que ter criatividade para mudar algo e superar o incômodo terrível que estou sentindo. 

O que fazer?

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DEIXAR A POLÍTICA (ALGO COMO NÃO ESTAR MAIS DISPONÍVEL À POLÍTICA)

Me desligar da política talvez seja uma das atitudes a fazer, atitude de difícil execução, porque não deixamos de ser o que somos de uma hora para outra. Não tenho mais aguentado como antes as decepções políticas. 

As contradições e as injustiças comuns na sociedade humana estão me dando ganas de sumir, de virar um misantropo, uma contradição em si, pois com a saúde se desmilinguindo eu precisarei cada dia mais da sociedade humana, das pessoas. 

Não é fácil tomar uma decisão e mudar no dia seguinte. Ou talvez eu seja incapaz de decidir caminhos sem contar com os acasos que me conduziram até aqui...

William 


O Hamas conta seu lado da história (1)



Refeição Cultural 

"Certamente é uma guerra, uma guerra entre um povo ocupado e os ocupantes. E esses ocupantes, infelizmente, quero dizer, estão todos armados, todos eles. O povo inteiro é um exército e tem um Estado. Ao contrário de todos os países do mundo, em que a norma é que o Estado tenha um exército, 'Israel' é um exército que tem um Estado e tem um sistema." (Dr. Musa Abu Marzuk, chanceler do Hamas, p. 38)


Ao participar ontem, 7 de setembro, do 30° Grito dos Excluídos e Excluídas, na Praça da Sé, conversei com diversas pessoas que panfletam e disponibilizam jornais e documentos de causas libertárias e de movimentos que lutam por um mundo alternativo ao qual nos encontramos. 

A causa palestina deve ser abraçada por todos nós que lutamos contra as injustiças e por direitos humanos. 

Adquiri este livro editado e publicado em julho deste ano pela editora do PCO e um dos objetivos do livro é dar voz aos palestinos e suas lideranças, pois o que temos disponível na mídia hegemonizada pelos capitalistas e imperialistas é a versão dos sionistas, grupo político que domina as questões políticas do povo judeu na atualidade.

Li duas entrevistas muito esclarecedoras: uma com o Dr. Musa Abu Marzuk, chanceler do Hamas, e outra com Basem Naim, do Birô Político do Hamas.

"Esta não é a nossa escolha. Se alguém puder nos ajudar a alcançar nossos objetivos de forma pacífica, por favor! Mas, se não, não podemos continuar a viver nessas condições desumanas. Portanto, quando Smotrich disse que os palestinos têm duas opções, sair ou serem mortos, nós respondemos. Também temos duas opções: viver aqui com liberdade e dignidade, ou morrer aqui de forma livre e digna. Não há outra escolha." (Basen Naim, p. 60)

Também li a declaração de Ismail Hanié, líder do Hamas, ao povo brasileiro. 

"O primeiro ponto é que o Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, na Palestina, é um movimento de libertação nacional palestino que limita sua resistência e luta dentro da Palestina ocupada, e não fora da Palestina, e contra a ocupação israelense. Não é hostil a ninguém, mesmo que discordemos, mas foca na sua causa, no seu povo, no seu direito firme e inerente, dentro da terra abençoada da Palestina." (Ismail Hanié, p. 27)

A declaração foi feita em um encontro com Rui Costa Pimenta e lideranças do PCO, meses antes do assassinato de Ismail Hanié no último dia 31 de julho, no Irã.

Enfim, sigamos lendo e estudando para compreendermos melhor o mundo e sabermos nos posicionar sobre as questões da sociedade humana. 

William Mendes 


Memorial de Aires - Machado de Assis (2)



Refeição Cultural 

"(...) Mas agora é tarde para transcrever o que ele disse, fica para depois, um dia, quando houver passado a impressão, e só me ficar de memória o que valer a pena guardar." (p. 14)


A cada página do derradeiro romance machadiano, mais me identifico com o personagem retirado da vida política, Conselheiro Aires. Tudo tem um tom melancólico e de despedida no cotidiano. 

Antes mesmo de pensar em memórias que valeriam a pena guardar, acabei escrevendo memórias que se impuseram sobre mim, boas ou ruins, algumas bem ruins, dolorosas, que me matam.

Me sinto um velho sem ser necessariamente um velho do ponto de vista biológico. 

Estou velhíssimo. Carrego no peito milhares de anos de vida. As dores e limitações da idade cronológica não deveriam ter vindo tão cedo, se valessem as estatísticas para o meu grupo social. 

Neste domingo até respirar fundo dói no peito. Fora o ombro, o quadril e a lombar. Ha ha ha, tô fodido! Tô pior aos 55 anos do século 21 que o Conselheiro Aires no seu século 19!

Aff...

William 

 

sábado, 7 de setembro de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Sábado, 7 de setembro de 2024.


Como planejado, acordei cedo neste sábado e fui para o 30º Grito dos Excluídos e Excluídas na Praça da Sé, em São Paulo. Dia de sol e calor intenso.

No trem e no metrô, observei o que já conheço há décadas. Nos finais de semana e feriados, os passageiros dos transportes públicos não são os mesmos que pegam o trenzão de segunda a sexta. Tem muito mais crianças e famílias. Até os marreteiros do "shopping trem" apresentam produtos diferentes.

Como estava sem celular, não tinha como ser capturado pelas big techs. Meu passatempo foi observar o movimento.

Além de todos os atrativos culturais da grande São Paulo nos finais de semana, três eventos relativos à data atrairiam pessoas neste sábado. O Desfile do 7 de setembro, no Anhembi, o Grito dos Excluídos na Sé e a manifestação golpista convocada pelos bolsonaristas para a Avenida Paulista.

Fossem outros tempos, uma pessoa politizada e progressista não ficaria triste ao ver no trem algumas pessoas claramente das classes exploradas pelas elites vestidas com trajes verdes e amarelos e com bandeirinha do Brasil. Fiquei triste porque parte daquela gente trabalhadora do trenzão provavelmente iria para a Paulista, ouvir as merdas dos extremistas de direita, que manipulam o povo para benefício da casa-grande.

Chegando à Praça da Sé, a primeira coisa que vi foram as filas das pessoas em situação de rua para pegarem lanches de café da manhã fornecidos pela coordenação do Grito dos Excluídos. Dai comida a quem tem fome!

O lema do Grito dos Excluídos neste ano foi "Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?". Segundo matéria na página de nossa central sindical (CUT), o Grito nasceu no Brasil a partir da atuação das pastorais sociais ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e se firmou como um espaço de denúncia das desigualdades sociais.


A manifestação durou cerca de três horas. Encontrei pouquíssima gente conhecida. Me parece que a cada ano diminui a participação de dirigentes sindicais da categoria à qual militei a vida toda. Os pronunciamentos das lideranças foram legais, algumas falas foram potentes. Conversei bastante sobre política e sobre o movimento sindical bancário com os companheiros que encontrei.

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À tarde, já em casa, fiquei aliviado ao descobrir que a participação golpista da Avenida Paulista foi pequena em termos de volume de pessoas. O bolsonarismo não conseguiu colocar muita gente na manifestação. Melhor assim.

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MINISTRO DO GOVERNO DEMITIDO POR ACUSAÇÕES DE ASSÉDIO SEXUAL

Ontem foi um dia muito triste para nós que militamos nos movimentos de esquerda e que lutam por um mundo melhor, mais justo e igualitário. 

Denúncias de assédio sexual vieram a público contra um dos ministros do governo Lula, Silvio Almeida, e o presidente o demitiu, afirmando apoio e solidariedade às vítimas de qualquer tipo de assédio e tomando o cuidado de dizer que a presunção de inocência deve prevalecer durante os processos de investigação. Uma das pessoas apontadas como vítima é também ministra do governo, Anielle Franco. Nossa solidariedade às vítimas de assédio.

Quaisquer que sejam as conclusões das investigações, os danos estão feitos. É tudo muito triste, muito decepcionante. Imagino que boa parte das pessoas de esquerda, progressistas e que militam nas causas que lutamos acordaram bem tristes hoje.

Enfim, temos que seguir. Os seres humanos são únicos na natureza por sua característica contraditória. Mas somos seres históricos e fazemos a história todos os dias.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS


Estamos no período eleitoral e o papel de cada um de nós é conscientizar a classe trabalhadora e exercermos a democracia da forma que as condições materiais atuais nos permitem, mesmo sendo aqui uma plutocracia.

Eu apoio e peço voto para as amigas e amigos (e)leitores de São Paulo em Guilherme Boulos para prefeito e em Luna Zarattini 13131 para vereadora. 

Em Osasco, apoio e peço voto a Emídio para prefeito e ao coletivo JuntOz 13713 para a Câmara de vereadores.

Temos muitas candidatas e candidatos progressistas, inclusive de nossa categoria bancária, para melhorarmos a vida nas cidades do Brasil. Participem e conquistem votos para nossas candidaturas progressistas e humanistas.

William Mendes


Os miseráveis - Victor Hugo (16)



Refeição Cultural 

Osasco, 7 de setembro de 2024. Sábado.


INTRODUÇÃO 

Os últimos capítulos do Livro V - "A decadência" - foram emocionantes. 

A podre Fantine é presa injustamente por Javert, que a condena a seis meses de prisão. No momento da condenação, aparece na delegacia o prefeito Madeleine. 

Javert e Madeleine, cada um com sua autoridade, vão decidir a respeito da vida de Fantine e, consequentemente, sobre o futuro da pequena Cosette.

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PRIMEIRA PARTE - FANTINE 

LIVRO V - A DECADÊNCIA 

XI. Christus nos liberavit

Neste curto capítulo, o narrador põe a nu o capitalismo, ao explicar o benefício para os burgueses de situações como a de Fantine, colocada sob miséria absoluta pelo sistema vigente.

"O que é essa história de Fantine? É a sociedade comprando uma escrava. 

De quem? Da miséria. 

Da fome, do frio, do isolamento, do abandono, da privação. Dolorosa negociação. Uma alma por um pedaço de pão. A miséria oferece, a sociedade aceita." (p. 229)

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XII. A ociosidade do senhor Bamatabois

O senhor em questão é um burguês inútil que ficou humilhando a pobre Fantine até ela reagir às provocações do fdp.

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XIII. Solução de algumas questões de polícia municipal 

"O senhor Madeleine enxugou o rosto e disse:

- Inspetor Javert, ponha essa mulher em liberdade. 

Javert sentiu-se a um passo de enlouquecer. Naquele instante, experimentava, uma após a outra, e quase todas misturadas, as emoções mais violentas que já havia sentido na vida. Ver uma mulher de rua cuspir no rosto de um prefeito era uma coisa tão monstruosa que, em suas suposições mais medonhas, teria considerado um sacrilégio só imaginar essa possibilidade. Por outro lado, no fundo de seu pensamento, fazia confusamente uma aproximação pavorosa entre o que era aquela mulher e o que podia ser aquele prefeito, e entrevia então com horror algo de muito simples naquele prodigioso atentado. Quando viu, porém, aquele prefeito, aquele magistrado, limpar o rosto tranquilamente e dizer: ponha essa mulher em liberdade, teve uma espécie de vertigem de espanto; falharam-lhe igualmente o pensamento e as palavras; tinha ultrapassado os limites do espanto possível. Ficou mudo." (p. 235)

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COMENTÁRIO FINAL 

O desfecho do embate de autoridades entre Javert e Madeleine é empolgante. 

Fantine é salva. A cena é tocante. Vale a leitura!

William 


Post Scriptum: o comentário anterior sobre a leitura pode ser lido aqui.


A Comédia Humana - Honoré de Balzac (2)



Refeição Cultural 

"(...) Surgiam novos poderes: o capital, a imprensa, a publicidade. Patenteava-se a ascensão prodigiosa do dinheiro, que reivindicaria um papel cada vez maior em todos os domínios. Estavam, pois, aparecendo e desenvolvendo-se as forças que passariam a moldar todo o período da história europeia até a Primeira Guerra Mundial. Esboçavam-se, desde então, os tipos humanos que as novas possibilidades não deixariam de produzir. A comédia humana de Balzac contém uma imagem fiel e pormenorizada de toda essa fermentação, de seus resultados visíveis e de suas consequências conjeturáveis; embora concluída em 1850, é um espelho de todo o século XIX. (p. 14/15)


Lendo a biografia do escritor francês Honoré de Balzac, vemos o quanto é válido o esforço e a transpiração, pois de pessoa sem grandes talentos na infância e adolescência, Balzac se tornou um grande escritor dos romances de costumes.

TRATADO DA VONTADE 

"(...) Com uma vontade de ferro realizaria de fato um milagre sem analogias na história das literaturas: de autor péssimo, abaixo de medíocre, que seria até quase os trinta anos, de repente se tornaria um escritor grandioso, criador do gênero mais importante da literatura moderna, o romance de costumes." (p. 23)

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Paulo Rónai nos conta que cada experiência do jovem Balzac serviria anos depois de referência para os romances que desenvolveria. 

E a literatura se firmava junto ao público do século XIX com aquilo que chamaríamos de romance moderno.

"Lembremos que agora o romance não constitui para nós apenas uma diversão. É um importante instrumento de conhecimento indireto, abre ambientes e perspectivas que nunca teríamos oportunidade de conhecer, fornece uma visão prática e real do mundo..." (p. 25)

Seguimos conhecendo um pouco de Honoré de Balzac. 

William 


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Natais - 1979



Refeição Cultural

Osasco, 5 de setembro de 2024. (60 anos depois...)


Hoje poderia ser um dia de festas, de comemorações, de confraternização. Meus pais estão vivos, fizeram aniversário nesta semana, e a vida deles é muito importante para mim. Meu pai completou 82 anos de idade. Minha mãe completou 78 anos de idade. Hoje faz 60 anos que eles se casaram em 5 de setembro de 1964.

Eu parabenizo minha mãe e meu pai pela data, por mais que não tenha surgido clima para comemorar a data, pois as relações humanas têm sido muito difíceis, e não só para eles, para todo mundo... repito: para todo mundo!

Fiquei vendo algumas fotos antigas, daquelas dos anos sessenta, setenta, oitenta. Uma família brasileira. Uma família brasileira a nossa. Uma família como milhões de famílias dessa comunidade humana tão contraditória, uma sociedade humana cuja origem é terrível, violenta, uma comunidade na qual a exploração de alguns homens sobre o conjunto das pessoas foi a marca de séculos de relações humanas. O Brasil.

Uma sociedade humana cuja história das relações entre homens e mulheres, entre pessoas de raças e origens tão diversas - brancos europeus, afrodescendentes, indígenas - nos primeiros séculos de constituição do povo brasileiro, eu sintetizaria com a leitura e reflexão de um conto do nosso maior escritor, Machado de Assis: "Pai contra Mãe", publicado pelo Mestre do Cosme Velho já em seus últimos anos de vida. Nós somos ainda hoje, um século depois, aquilo do conto no que diz respeito às relações humanas. 

Tenho refletido sobre a minha família nos últimos anos. Tenho me esforçado para olhar de forma fraterna para as mulheres e homens que compõem dezenas de anos daquilo que chamamos de família. Faz alguns anos que tenho me esforçado para pacificar meu coração de maneira que possa fazer a minha parte na tentativa de reaproximação com as pessoas que de uma forma ou outra, estamos unidos por laços sanguíneos e pelo passado comum. 

Eu sei que para além das futricagens seculares comuns às famílias e relações de convivência, nós todos fomos vítimas de experimentos com manipulação humana por parte dos donos dos meios produtivos, os donos do capital, as plataformas das big techs desgraçaram as relações humanas de forma proposital. Para nos dominar, nos dividiram. Eu estudo e reflito sobre isso já faz alguns anos. E como ser pensante, tento usar essa compreensão para me reaproximar das pessoas.

Já escrevi muito aqui no blog sobre essas conclusões que tenho tido após muita leitura e muita observação da realidade. As pessoas estão modificadas, estão diferentes, mas não porque ficaram mais velhas, porque a vida seguiu seu caminho, estão diferentes porque foram modificadas. Ninguém se escuta, ninguém se tolera, ninguém aguenta uma discordância. Não há família ou relação de amor e amizade que resista a esse sistema de modificação do comportamento humano. Não há!

Some-se a isso que descrevi acima, outras crises: a relação de altos e baixos entre pessoas que conviveram juntas uma vida toda, ou a metade da vida no tempo cronológico, ou ainda um pequeno tempo cronológico, mas com consequências para toda uma vida. As relações humanas nessa quadra da história da sociedade humana neste mundo em séria crise econômica, social, política, ambiental e existencial são desafios dos mais importantes para seguirmos a caminhada de nossa espécie sobre a superfície da Terra.

Enfim, com os olhos marejados, aqui em Osasco, centenas de quilômetros de distância da casa de meus pais, que completaram hoje 60 anos de convivência em comum, eu os parabenizo, eu os agradeço, pois eu só existo por causa dessa união. Eu só sobrevivi às fases mais duras da minha vida, quando nem viver queria, por causa deles também. Nosso pacto, mesmo sem ser expresso, sempre foi sobrevivermos uns pelos outros.

Parabéns e obrigado por vocês resistirem ao que o mundo vem fazendo com a gente. Somos vítimas, acreditem um pouco no que digo. Somos vítimas do sistema capitalista, dos meios concentrados na mão de poucos humanos que decidiram foder com tudo em prejuízo de nós todos e gozo de uns poucos fdp.

Como nesta série reflito sobre nossos natais, ainda não sei o que faremos no Natal deste ano. Não sei!

William, filho do casal que hoje completa "Bodas de Diamante" num mundo feito para que nada dure mais que algum tempo de meses ou poucos anos...

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NATAL DE 1979

Como terá sido o nosso Natal desse ano? Era o meu 11º Natal como criança. 

No colégio Adolfino, eu tinha feito o 4º ano primário: tirei 3 conceitos "A" naquelas matérias que citei do ano anterior (ler texto aqui). Já sabia ler e escrever; e já tinha tido contato com Estudos Sociais e Ciências. 

Me lembro que lia muito gibi nessa época, Turma da Mônica, Tio Patinhas, Pateta, Pato Donald etc. Eu desenhava também. Tenho alguns desenhos guardados dessa época, desenhei até uns 11 ou 12 anos. 

É impressionante imaginar que eu fiz aqueles desenhos sendo tão novo! Eu fazia cópia de super-heróis e personagens apenas olhando o desenho. 

No Brasil, assumiu a "Presidência" o ditador Figueiredo, aquele que não gostava de gente e preferia seus cavalos a humanos. O ditador assina a Lei da Anistia (6.683). O Mato Grosso do Sul passa a ser Estado nesse ano também. 

No Reino Unido, a senhora "Dama de Ferro" Margaret Thatcher se torna Primeira-ministra. A mulher seria grande inimiga da classe trabalhadora inglesa. 

Saddam Hussein assume a Presidência do Iraque. 

Em minhas guerrinhas infantis, pelas ruas e campinhos do bairro Rio Pequeno, me lembro de ter levado naquele período pedrada, latada e dentada na cabeça (3 cicatrizes), brincando com os amigos e guerreando com os "inimigos" do Morro Branco, o território do outro lado do córrego do Rio Pequeno (rsrs). 

Vale registrar que a banda inglesa Pink Floyd lançou o álbum "The Wall" no ano de 1979.

William Mendes

Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis (4)



Refeição Cultural 

"Como o senhor sabe, sempre procurei defender uma coexistência pacífica entre Egito e Israel. Eu não posso aceitar como razoável a manutenção deste estado permanente de beligerância entre os dois países. Não faz o menor sentido, política ou economicamente. Comuniquei este ponto de forma explícita para o governo israelense por canais indiretos. Eles conhecem a história da minha família muito bem, afinal, meu pai, Oman Cicurel, foi responsável por criar a primeira bandeira de Israel a tremular em Jerusalém em 1917..." (p. 55/56)


Interessante a organização do romance ficcional de Miguel Nicolelis. A estória é distribuída em diferentes tempos narrativos, datas no futuro, no passado e no presente. É uma técnica exigente para a atenção dos leitores.

O presente do tempo narrativo se passa em 2036. Ou seja, o tempo presente na narrativa ficcional se passa no futuro do tempo aqui fora do romance. 

No capítulo 3, que li hoje, os eventos e personagens estão no ano de 1956, no Egito de Gamal Abnel Nasser. O personagem do capítulo é Giacomo Cicurel, um egípcio de origem judaica.

Enfim, não esperaria outra coisa a respeito da técnica narrativa do professor Nicolelis, um neurocientista que escreve bem pacas!

Durante a leitura do capítulo, acabei sentindo a necessidade de ler alguma coisa sobre a vida de Gamal Nasser, presidente do Egito, que faleceu de infarto aos 52 anos em 1970.

Lembrem-se que ler é um ato revolucionário! Leiam!

William 


Post Scriptum: clique aqui para ler o comentário seguinte da leitura do livro.


Operação Cavalo de Tróia (7) - J. J. Benítez



Refeição Cultural 

Benítez está lendo o Diário do Major da aeronáutica dos Estados Unidos. São diversas explicações científicas sobre descobertas que permitiriam a "Operação Cavalo de Tróia" viajar no tempo. 

Cito abaixo as três opções de datas e locais de viagem no tempo que o projeto teria avaliado fazer no início dos anos setenta (10 de março de 1971, segundo o autor).

"Os três objetivos em questão foram os seguintes:

1° - Março-abril do ano de 30 de nossa era. Justamente os últimos dias da paixão e morte de Jesus de Nazaré. 

2° - O ano de 1478. Local: Ilha da Madeira. Objetivo: averiguar se Cristóvão Colombo pôde receber alguma informação confidencial, da parte de algum pré-descobridor da América, sobre a existência de novas terras, assim como sobre a rota a seguir para alcançá-las.

3° - Março de 1861. Local: os Estados Unidos da América do Norte, propriamente. Objetivo: conhecer com exatidão os antecedentes da Guerra de Secessão e o pensamento do recém-eleito presidente Abraham Lincoln." (p. 69)

E aí?

Pensem que legal seria qualquer das três opções de investigação histórica...

Já sabemos que escolheram a primeira opção e vamos saber de Jesus Cristo e seus últimos dias na Terra.

Ler é uma das melhores coisas do mundo, na minha opinião de leitor. 

William 


quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Mãe, parabéns pelo seu aniversário!



Quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Hoje minha mãezinha completa 78 anos de idade. Liguei para ela logo cedo. Parabéns e muitas felicidades, mamis!

Recentemente, entreguei para minha mãe o livro coletivo "Querida Mãe!, que fizemos em homenagem às mães. Tive a oportunidade de ser um dos autores do livro. Os textos dos filhos e filhas para as mães são textos muito legais. Livro lindo e cheio de amor e vida!

Parabéns à Cleusa Slaviero que organizou o livro para nós! Obrigado!

Disponibilizo nesta postagem o texto que fiz para a minha mãe.

William

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Mãe

Ao pensar o que poderia escrever sobre a minha mãe, busquei na memória fragmentos de lembranças que significassem momentos marcantes na nossa vida, na dela e na minha, lembranças de nós dois: uma cumplicidade, uma felicidade, um segredo, uma tristeza só nossa.

As primeiras lembranças que me vieram à memória foram a da mãe que aceitou a partida do filho antes dos 18 anos e a cumplicidade ao me ouvir falar, anos depois, as coisas mais tristes que uma mãe poderia ouvir de um filho e silenciar respeitando a decisão que eu viesse a tomar naquele momento de fúria e depressão. Aquele silêncio de só ficar ao lado da pessoa querida.

É impossível saber a dor que causei à minha mãe ao dizer a ela que não queria mais viver aos vinte e poucos anos... o silêncio de minha mãe naquele momento talvez tenha sido a única coisa a fazer. E pensar que ter filhos era o sonho de meus pais. Minha mãe tinha “útero infantil” diziam a ela, e meus pais perderam alguns filhos em abortos espontâneos. Imaginem a dor. A única gravidez que “vingou” foi a que me colocou no mundo, e isso depois de adotarem a minha irmã.

As histórias das mães neste duro mundo humano hegemonizado pela força e pela violência dos homens são sempre histórias únicas. Fiquei pensando em algumas mães que conheci ao longo deste meio século de existência... São histórias incríveis. A história da mãe de meu filho é uma dessas histórias duras e de superações... Como as mães são guerreiras poderosas neste mundo! Seres de potências muito mais complexas que as do universo masculino.

Eu passei boa parte de minha vida adulta procurando respostas para perguntas que sequer conseguia formular direito. Fui caminhando entre tristezas e fúrias da adolescência até quase 30 anos de idade. Aqueles momentos de cumplicidade de minha mãe, de só ficar ao lado, aguentando as minhas dores em silêncio (imaginem as dores dela!) devem ter me tocado para sempre de alguma forma. Superei aquela fase e nunca mais pensei absurdos que magoassem as pessoas que me amavam.

Além da própria vida que ganhei mais de uma vez de minha mãe, que poderia contar sobre ela que tenha de alguma forma contribuído para eu chegar até aqui? A fé inabalável dela, a honestidade, a vontade de viver por saber que nós precisamos dela conosco neste mundo. Há décadas temos esse compromisso velado de nos mantermos vivos porque uns precisam dos outros.

Já concluí muitas vezes em meus registros de memórias que devo ter sobrevivido à adolescência em lugar miserável e violento porque a educação católica de minha mãe deve ter contribuído para eu não fazer as mesmas bobagens que as pessoas faziam ao meu redor. E a honestidade de não querer pegar uma agulha que não fosse minha também vem dela. O chocolate que peguei e saí sem pagar num supermercado quando criança nunca saiu de minha cabeça. Aquilo bastou para entender o que minha mãe nos ensinava.

Enfim, como somos natureza, estamos todos envelhecendo, ela e eu e todos nós. A gente segue com aquela natureza aguerrida de não se deixar morrer de jeito nenhum porque precisamos uns dos outros.

O que eu torço é para que ainda dure muito essa nossa possibilidade do existir, porque aprendi, ao sobreviver aos tempos de fúria, que a vida é uma oportunidade, que viver é bom, ainda mais quando se ama e quando se é amado. Eu trato sempre de estar amando para manter meu vínculo com a existência. Tenho me esforçado para ser uma pessoa melhor a cada dia e, talvez assim, ser amado também.

Te amo, mãe!

William Mendes

Do Blog Refeitório Cultural